Hackers inovam nos golpes envolvendo criptomoedas (xijian/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2022 às 11h03.
Testes de estresse são fundamentais para examinar se uma atividade tem potencial de sobrevivência no longo prazo. Para o mercado cripto, este ano de 2022 reservou uma maratona intensa dessas provas de fogo e não cruzamos nem a linha de chegada ainda.
O caso FTX veio como um teste “especial de Natal”. O castelo de cartas segue desmoronando e ainda é cedo para calcular o verdadeiro tamanho do rombo.
O que já dá para saber, no entanto, é que o episódio liderado por Sam Bankman-Fried & cia, somado ao colapso de LUNA, falência do fundo 3AC, da plataforma de empréstimo Celsius, entre tantos outras ocorrências, deve abalar seriamente a confiança dos investidores nos projetos de criptoativos em geral.
É natural se questionar: se até companhias bilionárias são capazes de agir de forma desleal, como proteger os nossos ativos daqui para frente? Em quem acreditar?
Eu diria: confie em você. E na sua capacidade de não dar bobeira com as suas criptomoedas. Infelizmente, não há como prever se outros players vão ter comportamentos irresponsáveis e dar novos prejuízos inestimáveis aos clientes.
Antes de tudo, é indispensável fazer a autocustódia das suas criptos. Depois, seja criterioso sobre onde e como usá-las caso decida movimentá-las.
Eu vou te ajudar. Abaixo, fiz uma lista de 10 golpes muito praticados atualmente, desde os mais tradicionais até os mais sofisticados. Vamos lá.
As redes sociais estão ficando extremamente perigosas para os investidores descuidados. Um golpe que está saltando em popularidade é o aplicado através de perfis falsos usando contas verificadas pelo Twitter.
Desta forma, os golpistas passam uma imagem falsa de autenticidade aos usuários e os convencem a acessar sites de phishing ou baixar arquivos maliciosos no computador.
Há também os hackers que invadem os perfis verificados de pessoas públicas para enganar as vítimas.
Aplicativos de relacionamento também podem servir para capturar os entusiastas da criptoesfera em armadilhas românticas. Quem aí ainda não ouviu falar da história do golpista do Tinder, que rendeu até série na Netflix?
Já existe a versão cripto para o esquema. Situações em que os criminosos fazem perfis falsos para se aproximar e manipular emocionalmente a vítima e conseguir acesso a chaves de carteiras digitais. Há quem use o truque para conseguir que os apaixonados participem de algum tipo de investimento fraudulento.
O Discord é um dos aplicativos favoritos da comunidade de ativos digitais e, por isso, se tornou uma fonte de rendimentos para cibercriminosos. Eles podem invadir os servidores e se passar por administradores para aplicar golpes, como conduzir a links maliciosos ou atrair usuários para plataformas fakes.
Um dos episódios recentes que gerou um baita prejuízo foi uma invasão ao servidor da famosa coleção de NFTs Bored Ape Yacht Club em 4 de junho deste ano. Como se tratava de um veículo oficial, as pessoas confiaram e acabaram entregando de bandeja seus ativos aos ladrões ao clicar em links falsos. Foram drenados, em valores da época, quase R$ 2 milhões em NFTs.
O Deep Fake é uma técnica da moda e pode fazer um grande estrago no mercado. A tecnologia usa recursos de inteligência artificial para criar vídeos falsos - com toda pinta de autênticos - ao simular a aparência, expressões e a voz de pessoas reais.
Um caso atual envolveu ninguém menos que Elon Musk. Em um vídeo forjado, o bilionário aparecia anunciando uma nova plataforma de investimentos chamada BitVex, que traria “uma oportunidade de negócio imperdível” para os usuários.
Este ano, foi detectado um esquema arrojado de roubo de frases secretas a partir de aplicativos Android e iOS trojanizados que se passavam por originais. O malware se disfarçava de carteiras populares como a MetaMask. Ainda que o problema tenha sido encontrado e combatido, a falsificação sempre pode se sofisticar.
É cada vez maior o número de esquemas envolvendo robôs de criptomoedas, que prometem investimentos automatizados com a geração de altos lucros sem o investidor despejar uma gota de suor. A suposta operação do sistema é paga pela vítima, que tem as suas moedas roubadas pelos criminosos.
Assim como são capazes de fazer cópias muito convincentes de carteiras digitais, também existem grupos mal intencionados que forjam plataformas de corretoras. Muitas vezes, os sites são tão bem construídos e atrativos que acabam tendo sucesso em capturar vítimas interessadas em negociar criptoativos. Porém, quando o usuário transfere dinheiro ou executa uma ação de compra e venda fatalmente passa de mão beijada suas moedas para os ladrões.
Muito comum também envolvendo exchanges são os ataques de phishing. Usuários recebem e-mails ou notificações com uma comunicação falsa da corretora muito semelhante à oficial com links que conduzem a sites e endereços maliciosos.
O ICO ou Oferta Inicial de Moedas é um método de financiamento comum entre desenvolvedores de projetos cripto para lançá-los no mercado. Os usuários se interessam em participar da oferta com o objetivo de conseguir bons retornos ao apostar cedo em um protocolo. O golpe acontece quando os desenvolvedores embolsam o dinheiro e não criam a criptomoeda prometida ou até criam, mas não investem energia em promovê-la, deixando a moeda sem valor.
O pump and dump é um golpe já bastante tradicional no mercado e não é exclusividade do mercado cripto.
O pump acontece quando um grupo mal-intencionado inflaciona uma moeda - em geral de baixa liquidez e market cap insignificante - de forma artificial, divulgando informações falsas ou através de uma estratégia de marketing agressiva, geralmente via redes sociais.
A propaganda acaba atraindo mais gente, o que faz a moeda se valorizar cada vez mais. Aí, é hora do dump, ou seja, no pico da valorização, os organizadores do esquema vendem os ativos no mercado com altos lucros, deixando os compradores com uma moeda sem valor nas mãos.
O rug pull, que significa “puxada de tapete”, acontece quando os desenvolvedores criam um projeto com o objetivo de abandoná-lo após arrecadar capital com a venda de tokens.
Esses protocolos que apoiam as fraudes são criados, muitas vezes, em cima de temas bastante populares, como foi o caso da criptomoeda inspirada na série “Round Six”. Em apenas seis dias, a cripto foi de frações de centavos de dólar a quase US$ 3 mil dólares. Com o rug pull, a queda de volta a zero foi mais rápida ainda, deixando os investidores em um prejuízo de mais de US$ 3 milhões. Os golpistas estão à solta por aí.
Recentemente, investidores de NFTs também foram surpreendidos com o golpe pela plataforma SudoRare, que ficou offline após a puxada de tapete dos desenvolvedores, apenas seis horas depois de seu lançamento. Foram roubados mais de R$ 4 milhões em ativos digitais.
Bom, fecho por aqui. Mesmo que você tenha me acompanhado até o fim, não dê o assunto como encerrado. Existem muitos outros esquemas rolando e novas armadilhas surgem a cada dia. Atualize-se sempre.
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