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Felippe Percigo: 2023 vai ser sua primeira vez com cripto?

Então, os ETFs de ativos digitais podem ser uma boa opção para você. Não precisa aprender a custodiar criptos nem ser expert no mercado para ter rentabilidade e investir com segurança. Entenda como funciona e veja se encaixa com os seus objetivos

O investimento em criptomoedas pode ser feito de diversas formas (Getty/Getty Images)

O investimento em criptomoedas pode ser feito de diversas formas (Getty/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de janeiro de 2023 às 09h31.

Por Felippe Percigo*

Com a chegada de 2023, todos os dedos estão cruzados na esperança da volta de um movimento de alta nas criptomoedas. Mas não será assim tão fácil assim. A economia mundial continua sob alerta vermelho e a guerra não acabou. Nossa visão de horizonte continua nublada.

Sobre acontecimentos futuros não temos controle, mas podemos falar do que estamos testemunhando. Vemos que o mercado de baixa pode ter, de certa forma, assustado os investidores brasileiros, mas não foi o suficiente para afastá-los. Pelo contrário.

Segundo os dados mais recentes da Receita Federal, o número de investidores de ativos digitais quase dobrou no Brasil ao fim do terceiro trimestre deste ano. No final de setembro, 1.490.618 CPFs declararam adesão às criptomoedas, ante 794.981 no encerramento do segundo trimestre, em junho.

Houve uma alta em setembro de 14,03% na comparação com agosto e o resultado foi 3,5 vezes maior do que em setembro de 2021. Em um ano, a quantidade de CPFs que declaram investir em cripto cresceu mais de 1 milhão.

Nesse ritmo, no próximo ano, vamos assistir a uma enxurrada de novos entrantes no mercado. A coluna de hoje é dedicada a essa galera. A orientação é chegar bem devagar. Ninguém deve ir afoito a um primeiro encontro, certo?

Acredito que o melhor instrumento para os iniciantes na criptoesfera é o ETF. Investidores que vêm do mercado tradicional já estão bastante familiarizados com o acrônimo.

ETFs ou Exchanged Traded Funds são um tipo de fundo de investimento que pode ser negociado da mesma forma que uma ação, na bolsa de valores. Na versão cripto, herda muitas das características dos fundos convencionais, como os fundos de ações ou os fundos multimercados.

Tradicionalmente, as gestoras dos fundos reúnem os aportes dos investidores e fazem alocações conforme a tese de investimento desenhada para os objetivos do fundo.

Vamos pegar como exemplo o SPY, ETF da bolsa americana que tem como princípio replicar o índice S&P 500. O que a gestora faz? Pega essa cesta das 500 melhores empresas listadas e compra participações nelas, de acordo com a tese traçada. Só para se ter uma ideia, as companhias que compõem este índice respondem por cerca de 80% do valor global da bolsa norte-americana e representam 24 grupos setoriais diferentes.

Portanto, quando compramos um ETF, temos a opção de investir o nosso capital em um conjunto de empresas de segmentos diversos. Fazer essa alocação sozinho, para um investidor iniciante, seria um processo extremamente complicado e arriscado.

A própria gestora se encarrega de fazer a divisão. Por conta da popularidade, a demanda pela modalidade cresceu absurdamente e, por isso, uma infinidade de ETFs foi criada, mas obviamente nem todos são bons. Nem todos os fundos investem em bons ativos e nem todas as gestoras são dignas da sua confiança.

A recomendação é, antes de sair distribuindo dinheiro, estudar os diversos fundos, entender as teses de investimentos e analisar se suas composições têm realmente bons ativos. Caso contrário, eles não vão valer nada no mercado secundário, ou seja, quando você quiser se desfazer deles pode acabar amargando um prejuízo.

Os ETFs tradicionais vêm sendo negociados na bolsa brasileira desde o início dos anos 2000. Já o primeiro ETF cripto foi lançado em 2020 pela gestora brasileira Hashdex, que lidera a captação mundial em ETFs.

A principal diferença entre os ETFs cripto e os demais é que eles acompanham indicadores de Bitcoin ou de altcoins. O risco também é um fator importante a ser levado em consideração, pois estamos falando de criptomoedas, ativos sujeitos a uma maior volatilidade.

O produto mais popular entre os investidores de varejo é o HASH11, que replica uma carteira criada pela Hashdex em colaboração com a Nasdaq. O fundo se tornou um dos mais negociados na B3 e chegou a alcançar mais de R$ 2 bilhões em patrimônio em plena euforia, lá no final de 2021. Hoje, essa soma está em R$ 986 milhões.

Existem no mercado ETFs só de bitcoin, só de ether, que investem em finanças descentralizadas e até mesmo metaverso.

Vantagens de investir em ETFs

Praticidade: o investidor não terá de abrir conta em uma exchange de criptomoedas nem precisa estudar o mercado tão a fundo para se expor a criptos. Você pode abrir o home broker da sua corretora normal e fazer a aquisição. Além disso, também não precisará fazer a custódia dos ativos nem arriscar perder ou ter problemas com as chaves privadas.

Diversificação: ficamos expostos a uma cesta diversificada de ativos por meio de uma única cota.

Segurança: a regulamentação das criptomoedas acaba de ser sancionada no Brasil, mas os ETFs já desfrutavam de maior segurança jurídica. Toda a regulamentação do ETF passa pelo aval da CVM e da Anbima.

Custos mais baixos: o valor mínimo das cotas pode ter preços bastante acessíveis, muitos ficam abaixo dos R$ 100.

Compensação no IR: a regra da Receita Federal para os ETFs é a mesma para as ações. Os prejuízos acumulados na bolsa podem ser abatidos dos lucros dos meses posteriores.

Desvantagens

Terceirizar custódia: assim como abrir mão da custódia ficou listada lá em cima no item praticidade, há o outro lado dessa moeda. A movimentação das criptos só poderá ser feita pela gestora, limitando o seu acesso aos ativos. Além disso, confiar suas criptomoedas a terceiros nunca vai deixar de implicar em riscos, mas em geral os operadores de ETFs do mercado brasileiro são seguros.

Mesmo assim, sempre procure saber que empresas a sua gestora contrata para custodiar as suas moedas digitais. Veja se são de confiança e se têm solidez no mercado.

Taxas: existem tarifas associadas à compra e à venda dos ETFs, assim como acontece com as ações. Taxas de corretagem e custódia podem ser cobradas, mas há empresas que já zeraram esses encargos. Em adição, existem as taxas de negociação da bolsa de valores.

Os fundos de índice brasileiros cobram também taxas pela administração que, neste caso, costuma ser passiva. Sendo assim, pagamos taxas menores do que as dos fundos convencionais, variando em geral entre 0,20% e 0,80%. Mas isto não está escrito em pedra. Antes de aportar capital, certifique-se do valor da taxa que a sua gestora pratica. E fique ligado: taxas altas impactam no rendimento.

Tributos: quem possui ETFs precisa declarar no imposto de renda. É cobrada uma alíquota fixa de 15% sobre o ganho de capital, ou seja, sobre a diferença entre o valor da compra e o da venda da cota. O próprio investidor fica responsável por calcular o valor devido e fazer o pagamento.

Para pagar, é obrigatória a emissão do Documento de Arrecadação da Receita Federal (DARF) até o último dia útil do mês que segue a operação. Para isso, é necessário acessar o Sicalc (Programa para Cálculo e Emissão de DARF) e fazer por lá, usando o código 6015 “Ganhos líquidos em operações de bolsa”.

Agora, acredito que você se sinta pronto para comprar o seu primeiro ETF. Existem vantagens e também desvantagens, claro, como quase tudo na vida. A vigilância é que vai fazer a diferença no seu rendimento e na segurança do seu investimento. Confie desconfiando, não compre e largue os seus ETFs sem fazer o acompanhamento, evite aportar grande quantidade de capital, principalmente se está começando, e esteja atento sempre aos movimentos da sua gestora.

*Felippe Percigo é um investidor especializado na área de criptoativos, professor de MBA em Finanças Digitais e educa diariamente, por meio da sua plataforma e redes sociais, mais de 100.000 pessoas a investirem no universo cripto com segurança.

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