Repórter do Future of Money
Publicado em 20 de dezembro de 2024 às 15h03.
O governo de El Salvador anunciou que realizou uma compra de US$ 1 milhão em unidades de bitcoin na última quinta-feira, 19, que foram então transferidas para sua "reserva estratégica do ativo". A aquisição ocorreu em meio a críticas sobre mudanças na adoção da criptomoeda.
El Salvador é considerado um país pioneiro na adoção da criptomoeda, com uma lei aprovada em 2021 que transformou o ativo em moeda de curso legal, obrigou a aceitação em comércios do ativo como forma de pagamento e permitiu pagamentos de impostos com a moeda digital.
Além disso, o governo do presidente Nayib Bukele também tomou a decisão de comprar 1 unidade de bitcoin por dia para criar uma reserva do ativo. No momento, o país soma 5,9 mil unidades, equivalentes a cerca de US$ 580 milhões, considerando a cotação atual da criptomoeda.
Mas, nesta semana, El Salvador anunciou que iria mudar parte dessa lei devido a um acordo de empréstimo firmado com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Entre as mudanças, estabelecimentos comerciais não serão mais obrigados a aceitar o ativo como forma de pagamento.
Além disso, El Salvador se comprometeu a "limitar" a participação do setor público em "atividades ligadas ao bitcoin", incluindo transações com a criptomoeda e aquisições do ativo pelo governo. E essa informação gerou uma série de questionamentos e críticas sobre um possível retrocesso no compromisso do governo com o ativo.
A aquisição de 11 novas unidades da criptomoeda além das compras diárias parece ter sido um esforço simbólico de negar esse retrocesso. A diretora do "Escritório de Bitcoin" de El Salvador afirmou horas depois que o país "continuaria sendo o país do bitcoin".
"Nós vamos manter a nossa estratégia de acumular mais bitcoin", disse ainda Stacy Herbert. Ela também ressaltou que o ativo continuará sendo uma moeda de curso legal em El Salvador e que o ritmo de aquisições da criptomoeda pode ficar mais "acelerado".
"Um mercado de capitais de bitcoin continuará sendo construído", garantiu ainda Herbert. Ao mesmo tempo, ela reconheceu que a Chivo, uma carteira digital estatal do governo, será "vendida ou encerrada" como parte do acordo com o FMI. "Temos muitas coisas preparadas para 2025", prometeu.