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Drex deve reduzir "fricções" na compra e venda de imóveis e carros, diz BV

À EXAME, líder de inovação do banco falou sobre próxima fase do Drex e potenciais impactos do projeto na economia brasileira

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 17 de setembro de 2024 às 09h30.

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Para além do seu impacto no mercado financeiro, o Drex também deverá reduzir "fricções" que tornam a compra e venda de carros e imóveis atualmente um processo lento, caro e cansativo para a população. É o que avalia João Gianvecchio, gerente de estratégia e inovação do BV, em uma entrevista exclusiva à EXAME sobre o futuro do projeto.

"Hoje, o mercado de veículos e crédito de veículos é super relevante, está entre os maiores da economia e supera várias mercados. O BV, enquanto líder no mercado de veículos, já vinha olhando para isso [uso do Drex]. É uma jornada que ainda tem certas fricções, existem alguns dilemas, como quando vende o carro diretamente para a pessoa e aí nunca sabe se transfere o carro primeiro, paga primeiro ou faz tudo junto", diz.

No momento, "a jornada ainda é um pouco complexa, ruidosa", mas a expectativa é que a versão digital do real "traga mais segurança para o processo já que a jorna vai estar tokenizada". Como exemplo, ele explica que diversos processos - como a transferência da posse - ficariam automatizados e mais seguros, com um fluxo de dados permitindo que a transferência ocorra imediatamente após o pagamento.

Com o Drex, "a operação vai ser contínua, vai poder ter visibilidade de todo o processo e a programabilidade traz um fator de melhoria de ter a liquidação automática e a entrega no momento do pagamento, tudo programado", explica Gianvecchio.

Além disso, ele espera que os clientes também consigam ter acesso a linhas de crédito mais baratas e a um produto "com experiência mais fluída e mais simples". Ao mesmo tempo, o executivo do BV pontua que "os papéis dos participantes atuais desses processos ainda vão precisar ser definidos" no futuro mundo do Drex.

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Nova fase do Drex

Atualmente, o BV participa dos testes do piloto do Drex e teve um dos seus casos de uso propostos aprovados para testes na segunda fase do projeto. O caso proposto terá como foco exatamente as transações com automóveis, em parceria com a B3 e o Santander.

Gianvecchio avalia que a fusão dos 42 projetos inicialmente propostos para a segunda fase foi "super pertinente": "O BC pegou projetos com equivalência e relevância com os players para fazer essa junção de consórcios para trabalhar em conjunto. Na prática, como isso vai se dar, ainda não está claro. O cronograma e detalhamento devem sair nos próximos dias".

"A própria B3 tem um papel super relvante na área de registro de automóveis, garantias, a junção em algum momento já faria sentido pensando no que já vínhamos trabalhando nesse projeto há alguns meses. A ideia é facilitar o processo e ver os players mais relevantes para cada tema", diz.

O executivo também elogiou a entrada da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no piloto, supervisionando alguns testes. "Acho que é super pertinente a participação da CVM e isso vai contribuir demais para o amadurecimento e para o crescimento do projeto. O mercado de capitais é um ótimo ponto de partida para testar soluções de tokenização, tendo o Drex como camada de liquidação", avalia.

Futuro do projeto

Apesar dos avanços no piloto, o projeto ficou marcado por alguns adiamentos de prazo. No momento, também não há uma data concreta sobre possível lançamento da versão digital do real. Mesmo assim, Gianvecchio destaca que "
s coisas estão no tempo certo".

"Quando fala de criar uma camada nova no sistema financeiro que vai ser usada para fazer liquidação de bens, transacionar dinheiro, precisa ter um fator de segurança muito bem equacionado. O ponto de segurança e privacidade é o grande ponto de discussão ainda, e ele vem criando uma maturidade bastante grande", ressalta.

Para o executivo, "o Drex não está atrasado, está no momento certo. É um projeto sensível, com potencial de impactar a economia como um todo. Não tralhamos com prazos no momento, o foco está no modelo de negócios e como ele pode trazer a tecnologia para melhorar o produto para o cliente. E, quando o Drex chegar, vai ser uma camada a mais para melhorar experiência dos clientes".

Ele pontua, ainda, que a implementação de diversos casos de uso dependerão de uma evolução dos reguladores sobre o tema. Como o Banco Central, a CVM e a Anbima são os mais avançados nesse sentido, ele acredita que o sistema financeiro deverá ter contato com a iniciativa primeiro.

"As outras autarquias que vão eventualmente usar o Drex como camada de liquidação precisam caminhar para esse nível de maturidade, ou teremos um intermediário criando uma camada entre elas e o Drex. Um link entre o mundo dentro e fora de blockchain. É uma complexidade de como criar uma teia que não vai transacionar dentro do Drex, mas vai ter como câmara de liquidação", afirma.

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