Preço das principais criptomoedas voltou a cair imediatamente depois da divulgação de dados sobre a inflação nos EUA (SOPA Images/Getty Images)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 13 de julho de 2022 às 10h46.
Última atualização em 13 de julho de 2022 às 11h08.
O governo dos EUA divulgou na manhã desta quarta-feira, 13, mais uma atualização do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), o equivalente ao brasileiro IPCA, que mede a inflação no país. Com valor acima do esperado, os dados poderão ter forte impacto nas economias norte-americana e global - e, claro, também nas criptomoedas.
O CPI, que mede a variação de preços de bens e serviços nos últimos 12 meses, chegou a 9,1%, o maior valor dos últimos 40 anos. O dado ficou 0,3% acima do esperado pela Dow Jones, que previa o índice em 8,8%. Isso significa que a inflação nos EUA segue aumentando em ritmo acelerado.
Os dados mensais também comprovam o enfraquecimento da moeda e a perda do poder de compra dos norte-americanos. O CPI mensal mostra aumento de 1,3% nos preços, também acima do esperado, de 1,1%.
Logo após a divulgação dos dados sobre o CPI, o preço do bitcoin caiu consideravelmente. Cotado no momento a US$ 19.027, o criptoativo acumula 4,5% de queda nas últimas 24 horas, boa parte disso após a publicação do índice sobre a inflação nos EUA.
Criptomoeda da rede Ethereum, o ether também sofre queda acentuada, de quase 5%, negociado a US$ 1.018. O movimento se repete nas 30 maiores criptomoedas do mundo, todas operando "no vermelho", com quedas em torno de 5%. Os números são do CoinGecko.
Os dados sobre a inflação norte-americana têm efeito não apenas nas criptomoedas, mas em diversos setores da economia e, em especial, em mercados de risco. Isso acontece porque a resposta quase inevitável de bancos centrais ao aumento da inflação é elevar as taxas de juros.
Nos EUA, o Fed, banco central dos EUA, já provocou, recentemente, os maiores aumentos nas taxas de juros das últimas décadas. Com a continuidade do aumento da inflação, esta política deve ganhar ainda mais força. A expectativa é de que a próxima reunião do Fed aumente em mais 0,75% a taxa de juros nos EUA, como aconteceu em junho, naquele que foi o maior aumento da taxa em mais de 30 anos.
Com os juros mais altos, a rentabilidade de investimentos mais conservadores, como títulos públicos ou de renda fixa, se tornam mais atrativos, fazendo com que a relação risco-recompensa dos mercados de risco, por sua vez, não seja tão atrativa assim. Como consequência, a perspectiva é de novas quedas para mercados de ações, commodities e criptomoedas, entre outros.
No caso do mercado cripto, o pessimismo se baseia em fatores que vão além dos dados macroeconômicos como inflação e juros dos EUA. A desaceleração do crescimento do mercado, com demissões em massa nas maiores empresas do setor, somada à quebra de fundos, protocolos e empresas relacionadas às criptomoedas tem puxado os preços ainda mais para baixo.
A perspectiva de longo prazo, por outro lado, pode não ser tão pessimista. O bilionário apresentador do Shark Tank nos EUA, Kevin O'Leary, por exemplo, chegou a dizer que vê um lado positivo na queda e que tem aproveitado o momento para fazer novos aportes em cripto.
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