Future of Money

Criador da Dogecoin diz que vendeu todas suas criptomoedas e não ficou rico

Para o engenheiro, a Dogecoin pode ser um bom termômetro "de quão longe as coisas podem se distanciar da realidade”

 (Yuriko Nakao/Getty Images)

(Yuriko Nakao/Getty Images)

B

Bloomberg

Publicado em 14 de fevereiro de 2021 às 15h52.

Imagine que você é o fundador de uma empresa multibilionária. Tem uma casa enorme? Passa férias em uma ilha caribenha exclusiva? Possui carros de corrida? Sem dúvida, precisa ter tudo isso.

Que tal um Honda Civic usado?

Fuja de golpes: aprenda como funciona o mundo das criptomoedas no Future of Money 

Isso é o que Billy Markus, o engenheiro de software que criou a Dogecoin, a criptomoeda inspirada no meme de um sorridente cachorro da raça shiba inu, comprou quando trocou suas moedas em 2015, depois de se cansar do assédio de fanáticos da comunidade de moedas digitais. Ao contrário do Bitcoin, não há limite para a quantidade de Dogecoins que pode ser criada na chamada mineração da moeda.

Agora que a Dogecoin atingiu capitalização de mercado de US$ 9,1 bilhões - tanto quanto Dropbox ou Under Armour - na esteira de um rali impressionante de 1.400% no acumulado do ano impulsionado pelo Reddit (de meio centavo para sete centavos de dólar), Markus quer que as pessoas percebam que ele não faz mais parte do projeto e não pode limitar a oferta da moeda para ajudar que fiquem ricos.

Markus foi ao fórum subreddit da Dogecoin na segunda-feira para esclarecer seu envolvimento, ou a falta dele, no projeto.

“Não faço mais parte do projeto da Dogecoin, saí por volta de 2015 quando a comunidade iniciou uma forte transição de uma com a qual eu me sentia confortável”, escreveu Markus em carta aberta. “Atualmente, não possuo nenhuma Dogecoin, exceto o que me foi dado recentemente. Eu doei e/ou vendi toda as criptomoedas que tinha em 2015 depois de ser demitido e preocupado com minhas economias cada vez menores na época, o suficiente para comprar um Honda Civic usado.”

Markus, de 38 anos, que agora trabalha como engenheiro de software para uma empresa de educação na área da Baía de São Francisco, disse à Bloomberg na quarta-feira que a Dogecoin e a onda gerada são surreais, considerando que ele e o cofundador Jackson Palmer criaram o token como uma piada.

“Eu vejo essas bobagens na Internet dizendo que tenho todo esse dinheiro. Bacana, mas onde está?”, disse Markus. “Sou uma pessoa normal que trabalha. Não estou com problemas nem nada, mas não sou rico.”

O fato de ele não ter participado da mania que dominou seu invento deixou Markus em uma posição única para avaliar o que está acontecendo. O que não quer dizer que ele também possa explicar.

“Estou meio distante, mas é estranho que algo que criei em algumas horas agora faça parte da cultura da Internet”, disse Markus. “É divertido ver Elon Musk falar sobre isso.”

Musk tuitou repetidamente seu apoio - talvez em tom de brincadeira, talvez parte do cultivo de uma imagem de vilão de James Bond da vida real - à Dogecoin. O CEO da Tesla tuitou na quarta-feira que havia comprado algumas moedas para seu filho pequeno.

Como e por que a criptomoeda se valorizou tão rápido, é um mistério até mesmo para Markus. A euforia, os tuítes, o apoio da pessoa mais rica do mundo, nada disso faz sentido para o criador da Dogecoin.

“Talvez seja porque a Dogecoin pode ser um bom termômetro de quão longe as coisas podem se distanciar da realidade”, disse Markus.

Acompanhe tudo sobre:CriptomoedasElon Musk

Mais de Future of Money

Mercado de criptomoedas tem R$ 6 bilhões em liquidações com Fed e entrave no orçamento dos EUA

Powell descarta compras de bitcoin pelo Federal Reserve: "Não temos permissão"

El Salvador vai limitar adoção de bitcoin em acordo com FMI por empréstimo

Cripto é “macrotendência de décadas” que não vai acabar em 6 meses, diz sócio do BTG