Conheça a tecnologia por trás da Hyperledger Besu, rede escolhida pelo BC para abrigar o Drex
Através da Hyperledger Besu, a moeda digital brasileira que está sendo desenvolvida pelo Banco Central fornecerá programabilidade e segurança para usuários e instituições financeiras
Repórter do Future of Money
Publicado em 6 de novembro de 2023 às 09h30.
O Banco Central está desenvolvendo o Drex, a nova moeda digital brasileira. Sem representação física, o Drex será completamente digital e para abrigar a moeda, a autarquia escolheu a rede DLT Hyperledger Besu.
A Hyperledger Besu utiliza princípios similares às redes blockchain. Trata-se de um código aberto que usa a tecnologia baseada na rede Ethereum, da segunda maior criptomoeda do mundo. É possível dizer que a Hyperledger Besu é um cliente da rede Ethereum, ou seja, parte dos nós da rede Ethereum são sustentados pela Hyperledger Besu.
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A Hyperledger Besu faz parte da Fundação Hyperledger, um consórcio com cerca de 80 empresas. A Brasileira GoLedger é uma delas, especialista em Hyperledger Besu e Hyperledger Fabric. Prestes a completar seis anos em dezembro, a GoLedger ajuda empresas a entrarem no mundo Web3, a nova fase da internet que engloba blockchain, criptoativos, NFTs, entre outros.
Em entrevista exclusiva à EXAME, Marcos Sarres, CEO da GoLedger, explicou que o segmento financeiro poderá ser muito beneficiado do uso de tecnologias como essa, principalmente depois da escolha do Banco Central pela Hyperledger Besu.
Vantagens da tecnologia
“O segmento financeiro está sendo muito beneficiado, porque o blockchain tem confiabilidade e programabilidade. Consegue guardar não apenas dados mas também processos, como é o caso do Drex que usa um processo derivado da rede Ethereum, um conceito técnico extremamente avançado (Ethereum Virtual Machine) que traz programabilidade de forma a concatenar eventos para que todas as partes estejam em uma mesma fotografia independente do nó que vc esteja”, disse ele.
“Isso torna o blockchain uma solução extremamente interessante e poderosa pra processos e foi isso que o Banco Central viu”, acrescentou.
Em redes como a Hyperledger Besu e outros blockchains, os dados registrados são imutáveis, ou seja, não é possível alterá-los. Isso traz uma nova camada de segurança para as transações financeiras.
“Você pode voltar no tempo e pegar cada informação com as características e diversas tecnologias utilizadas para você ter a imutabilidade do histórico. Mas se você tentar alterar uma informação do passado, a rede vai interpretar como um nó inconsistente”, explicou Marcos à EXAME.
Os contratos inteligentes são os responsáveis por trazer então a camada de programabilidade para as transações na rede. Isso quer dizer que tudo só é feito após determinadas condições serem cumpridas.
“Com o uso do blockchain, a etapa de conciliação está amarrada à tecnologia, os contratos só funcionam a partir da realização de etapas prévias. No final do dia isso diz o seguinte: se eu gerar uma informação aqui eu gero uma informação com regras do outro lado, por exemplo a baixa de um título de acordo com uma determinada entrega, e é esse tipo de transação que o Drex visa resolver”, explicou ele, citando as dificuldades atuais na liquidação de transações bancárias internacionais.
Por que o BC escolheu a Hyperledger Besu?
Marcos Sarres apontou que as características de finanças descentralizadas (DeFi) podem ter chamado a atenção do Banco Central na escolha da rede para o Drex, já que a Hyperledger Besu é um cliente da Ethereum, rede que se destaca na área. Atualmente, o segmento de DeFi cresce entre o setor cripto ao fornecer serviços e produtos conhecidos dos bancos, como empréstimos, de forma programável e digital.
“Essas características de DeFi que provavelmente levaram a equipe do BC a utilizar a tecnologia Hyperledger Besu. Existem outras clientes Ethereum no mercado, mas a Hyperledger Besu tem uma boa comunidade no mundo e no Brasil, da qual a GoLedger faz parte”, disse.
Diferenças entre a rede do BC e blockchains tradicionais
A rede do BC será permissionada, ou seja, ao invés de abertas como blockchains tradicionais, será necessária uma permissão do Banco Central para entrar. “Isso faz sentido porque o Drex não vai ser uma criptomoeda. [O BC] quer garantir programabilidade, então ele vai interligar o sistema financeiro para que se possa ter transações atômicas entre bancos”, disse Marcos Sarres, CEO da GoLedger, à EXAME.
“Hoje não é assim. O Pix é um pouquinho diferente, mas o resto não. Você vai realizar uma operação de um título e tem toda uma operação por trás. A ideia agora é que esse sistema bancário esteja interligado e você faça isso na velocidade da criação de um bloco [na rede], que é de alguns segundos”, acrescentou.
Quem irá interagir com o Banco Central na rede do Drex serão os bancos e instituições financeiras, que atualmente já fazem testes no projeto piloto do Real Digital.
“Cada banco vai ter um ou mais nós que ali dentro terão chaves autorizadas pelo BC. Eles não vão fazer a operação acessando o BC, e sim o seu nó, que conectado à rede, no momento que você tenta realizar a operação, toda a rede vai tentar entrar em um consenso”, explicou Sarres à EXAME.
“Na rede do Drex o consenso é um algoritmo chamado QBFT, que traz um grau de confiabilidade muito alto, porém se a necessidade de utilizar cripto. No conceito PoS, da rede principal da Ethereum, você tem uma rede em que precisa pagar pelas transações em ether para compensar quem está ali dentro”, acrescentou.
“Isso não vai acontecer com o BC. Você vai ter uma rede em que as transações não vão ter custo, porém ela vai ter características de confiabilidade. O BC não precisa autorizar, tendo o consenso já é o suficiente. Essa vai ser a grade mágica, cada transação uma vez que ela esteja nos conformes com a rede, isso vai ser o suficiente. O BC vai fazer parte desse ciclo nas regras, mas não vai intervir. O resultado, positivo ou negativo, sera gravado na rede”, concluiu Sarres.
Segundo ele, essa será a grande sacada para trazer benefícios em comparação à forma como as transações são processadas atualmente. “É uma operação dinâmica, porque você vai utilizar os conceitos do registro confiável, programado e transparente. No momento de registro você vai ter a certeza de que ele passou por um contrato inteligente que valida essas informações”.
Depois do Pix e do Open Finance, o Drex é mais uma etapa na agenda de inovação do Banco Central, que ainda tem espaço para crescer mais, segundo especialistas.
“Estamos bem felizes com a escolha da tecnologia blockchain e da Hyperledger Besu. Estamos ansiosos pelos resultados que vão vir porque a gente acredita que isso vai trazer mais uma vantagem para a população. Operações mais rápidas, confiáveis e transparentes, o que é um benefício tal qual tivemos com o Pix e o Open Finance, que o BC forneceu pra sociedade e tem dado grandes vantagens para a população como um todo”, concluiu Sarres.
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