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Como o blockchain auxilia o empoderamento feminino no Oriente Médio

O blockchain oferece um caminho para que mulheres se envolvam em um ecossistema no qual as leis para o controle de suas vidas financeiras ainda não foram definidas

Imagem meramente ilustrativa: jovem coberta com véu. (Znapshot.Photography/Getty Images)

Coindesk

Publicado em 18 de agosto de 2021 às 13h02.

Última atualização em 18 de agosto de 2021 às 13h13.

Por todo o mundo mulheres são deixadas de lado quando se trata de tecnologia e finanças, e o Oriente Médio não é uma exceção à regra. Por sorte, esse cenário está mudando, e a internet está proporcionando novas oportunidades de aprendizagem e inclusão.

O blockchain é uma página em branco no Oriente Médio: um novo ecossistema no qual as leis ainda não foram plenamente determinadas, que possibilita que as mulheres possam se envolver e assumir o protagonismo quando tiverem as ferramentas certas.

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Não é segredo que em algumas áreas do Oriente Médio as mulheres tem bem menos autonomia que os homens. Uma pesquisa da McKinsey sobre mulheres no ambiente de trabalho realizada no Oriente Médio concluiu que a desigualdade persiste de forma mais notável nas áreas de proteção jurídica e inclusão financeira. Um grande número de mulheres da região ainda não tem conta em banco.

No dinamismo contemporâneo, a distribuição de conhecimento é mais igualitária e qualquer pessoa que tem acesso à internet pode aprender a programar ou negociar. As finanças descentralizadas (DeFi) podem ajudar a equilibrar o jogo quando se trata das vida financeira das mulheres, removendo a necessidade de intermediários e da confiança em instituições centralizadas que geralmente falham em proteger seu dinheiro.

Iniciativas brilhantes como a All Girls Code estão modificando totalmente o status quo na região ao encorajar mulheres a programar e estudar ciência, tecnologia, engenharia e matemática na universidade. Já a Arab Women In Code se destaca quando o desafio é proporcionar mais habilidades às mulheres. No Líbano, essa instituição estava envolvida na realização do primeiro hackathon 100% femininoem 2015, e eventos do gênero ganharam dinamismo desde então.

Nos lugares em que é permitido, mulheres do Oriente Médio continuam se beneficiando desproporcionalmente do acesso às criptomoedas. A natureza descentralizada e anônima das transações de criptoativos proporciona um ambiente no qual elas não serão discriminadas por conta de seu gênero e podem tomar o controle de seu próprio dinheiro sem o envolvimento de intermediários.

As moedas digitais estão ganhando mais adesão no Oriente Médio. Dubai terá sua primeira listagem de criptoativos ainda esse ano, e o Banco de Israel já está testando a versão digital do shekel, moeda oficial do país. Em mercados emergentes, os criptoativos oferecem à população uma forma de controlar seu próprio dinheiro sem ter que depender das dificuldades ou da prosperidade de sua economia nacional.

Em muitas áreas, mulheres sofrem com a desigualdade, tanto aos olhos da sociedade, quanto da lei, que são combinadas com o preconceito explícito presente no dia a dia. Pesquisas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) mostram que as mulheres são maioria entre os trabalhadores da área da saúde e setores de serviço social no Oriente Médio, e muitas vezes também são donas de casa e cuidadoras.

A pandemia de covid-19, principalmente em mercados emergentes, se uniu a uma desigualdade de gênero que já existia nesses locais, e as mulheres tendem a sofrer com as consequências econômicas da crise por conta de seus status econômicos e profissões. São desequilíbrios como estes que refletem a necessidade de fontes de renda alternativas e caminhos educacionais para as mulheres.

Em áreas de guerra como o Líbano, existe uma grande diáspora entre os homens e mulheres, a medida que a população busca fugir da crise econômica e do risco de morte por inanição. Para os que ficaram, as criptomoedas se tornaram uma forma de driblar um sistema financeiro praticamente extinto, em que o valor da moeda local despencou mais de 80% durante uma crise que atingiu o seu ápice em 2020.

“Criptomoedas oferecem meios para que as mulheres do Oriente Médio tomem o controle de sua vida financeira”

A população está aderindo cada vez mais ao sistema dos criptoativos para transferir seu dinheiro, enquanto utilizam conversas criptografadas no Telegram para dinamizar as transações. Aqui, nós vemos um exemplo de liberdade que as criptomoedas proporcionam em tempos difíceis, provendo uma forma segura e anônima para que as pessoas tomem o controle de sua vida financeira quando as instituições do Estado falham nesta âmbito. Mulheres que são marginalizadas no Oriente Médio devem notar tais liberdades e aproveitar o poder das moedas digitais quando for possível e vantajoso.

Também é importante notar que o blockchain é muito mais que DeFi, pois possui a habilidade de remodelar cadeias de fornecimento e redefinir a forma com que países fazem negócios, assim como também é uma força em prol do bem social. O trabalho que a Cardano faz na Etiópia para ajudar o governo a acompanhar a performance acadêmica nas escolas locais é apenas um dos muitos exemplos das formas incríveis em que as capacidades de armazenamento de dados e rastreamento do blockchain podem ser utilizadas para o bem social.

A partir desses exemplos, mulheres no Oriente Médio poderiam tomar conhecimento de todas as indústrias que podem beneficiá-las com a tecnologia blockchain e como elas podem fazer a diferença.

Governos mais fracos e o êxodo da população causado pela guerra e instabilidade geralmente encorajam uma adoção mais ampla de tecnologias emergentes como o blockchain e as criptomoedas, já que os habitantes buscam formas de gerenciar seu próprio dinheiro e outros assuntos além das que são proporcionadas pelo Estado.

Na mesma linha, moedas digitais oferecem um meio para que mulheres em todo o Oriente Médio tomem o controle de suas finanças em tempos difíceis. Em uma visão de longo prazo, mulheres da região poderiam tomar conhecimento das oportunidades que a esfera emergente do blockchain possui. No mundo todo, há uma grande demanda por mulheres desenvolvedoras especializadas na blockchain.

Economias que não se baseiam em commodities e possuem fortes taxas de educação superior, como Jordânia, Líbano e Tunísia, oferecem boas oportunidades para mulheres escolarizadas penetrarem neste setor fascinante. Quando armadas de uma boa escolaridade e recursos, as mulheres do Oriente Médio podem se beneficiar do blockchain e contribuir com seu desenvolvimento, o que por sua vez, ajuda a elevar sua liberdade econômica e social.

Texto traduzido e republicado com autorização daCoindesk
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