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Clientes tiram mais de R$ 4 bilhões da Binance após processo de regulador dos EUA

Maior corretora de criptomoedas do mundo foi acusada de permitir ilegalmente que clientes norte-americanos negociassem derivativos

Corretora de criptomoedas Binance foi processada nos Estados Unidos (Reprodução/Reprodução)
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 28 de março de 2023 às 10h55.

A Binance, maior corretora de criptomoedas do mundo, sofreu uma retirada de US$ 852 milhões (R$ 4.411 bilhões, na cotação atual) por parte dos seus clientes entre as 7h de segunda-feira, 27, e as 7h desta terça-feira, 28. O movimento começou após um processo por um órgão regulador dos Estados Unidos contra a empresa.

De acordo com dados da empresa de inteligência de mercado Nansen, a exchange teve nesse período uma entrada de US$ 865 milhões em recursos de clientes e uma retirada de US$ 1,717 bilhões, levando ao saldo líquido. O braço da empresa nos EUA, a Binance.US, também teve um saldo negativo, com perda de US$ 3,992 milhões.

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Dados do CoinGlass apontam também que, em algumas horas, investidores sacaram cerca de 3,4 mil bitcoins (mais de US$ 90 milhões) da corretora, reduzindo o saldo da exchange. Corretoras rivais, como a Coinbase, Bitfinex e Gemini, registraram um aumento nos seus saldos da criptomoeda no mesmo período.

As retiradas por parte dos clientes ocorreram após o anúncio daComissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities dos Estados Unidos (CFTC, na sigla em inglês) sobre a abertura de um processo contra a corretora de criptomoedas e o seu CEO, Changpeng Zhao.

Zhao e a Binance são acusados de terem permitido que clientes norte-americanos operassem ilegalmente derivativos de criptoativos, violando as regras da CFTC sobre negociação de futuros de commodities.Atualmente, o regulador considera que o bitcoin, o ether e algumas stablecoins são commodities, ficando sob sua alçada.

"O programa de compliance da Binance foi ineficaz e, sob a direção de Zhao, a Binance instruiu seus funcionários e clientes a contornar os controles de conformidade para maximizar os lucros corporativos", acusa a CFTC.

A corretora de criptomoedas é acusada ainda de ter prometido restringir a negociação de derivativos por clientes nos Estados Unidos, mas posteriormente ter explicado para clientes "VIPs" como burlar essas restrições, usando aplicativos de mensagens fora do alcance de autoridades dos EUA.

A investida do regulador pode resultar em diferentes punições para a Binance, incluindo uma proibição permanente para negociações e registros pela corretora nos Estados Unidos, o que poderia inclusive obrigar a exchange a cessar as suas operações no país.

As ações da CFTC assustaram o mercado, puxando os preços das criptomoedas para baixo. Ao mesmo tempo, o temor em torno das punições levou à retirada de fundos. Entretanto, a Binance já enfrentou nos últimos meses retiradas maiores, mas sem problemas de liquidez como os que levaram à falência da rival FTX.

A Nansen lembrou que, em 13 de dezembro, a Binance processou um total de US$ 3 bilhões em retiradas de clientes em um único dia, conseguindo cobrir todos os movimentos. As retiradas recentes estivaram ligadas a outros temores de ações jurídicas nos EUA contra a corretora e preocupações sobre as reservas para garantir saques de clientes.

O que diz a Binance?

Rostin Behnam, presidente da CFTC, disse que "durante anos, a Binance sabia que estava violando as regras da CFTC, trabalhando ativamente para manter o fluxo de dinheiro e evitar a conformidade. Isso deve ser um aviso para qualquer pessoa no mundo dos ativos digitais de que a CFTC não tolerará a evasão intencional da lei dos EUA".

A EXAME entrou em contato com a Binance para solicitar um posicionamento sobre a denúncia da CFTC. Em nota, a empresa disse que "a reclamação apresentada pela CFTC é inesperada e decepcionante, pois trabalhamos em colaboração com a CFTC por mais de dois anos. No entanto, pretendemos continuar a colaborar com os reguladores nos EUA e em todo o mundo. O melhor caminho a seguir é proteger nossos usuários e colaborar com os reguladores para desenvolver um regime regulatório claro e criterioso".

"Fizemos investimentos significativos nos últimos dois anos para garantir que não tivéssemos usuários dos EUA ativos em nossa plataforma", observou a corretora de criptomoedas. A Binance informou ainda que realizou investimentos para ampliar sua equipe de compliance e os procedimentos para obter informações sobre clientes, com uma "abordagem robusta de 'três linhas de defesa' para risco e conformidade".

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