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BlackRock: "bitcoin aumenta mais o retorno que os riscos em portfólios de investidores"

Jay Jacobs, head de Thematics and Active ETFs da BlackRock, falou sobre papel da criptomoeda como diversificador de investimentos

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 3 de outubro de 2024 às 15h24.

Última atualização em 7 de outubro de 2024 às 13h47.

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O bitcoin é capaz de aumentar mais o retorno que o risco de portfólios de investidores. É o que aponta um estudo da BlackRock divulgado nesta quinta-feira, 3, durante a Digital Assets Conference 2024, promovida pelo Mercado Bitcoin. O ativo foi tema de uma palestra de Jay Jacobs, head de Thematics and Active ETFs da BlackRock.

Segundo Jacobs, a adoção e crescimento da criptomoeda estão ligadas principalmente a uma desconfiança crescente ao redor do mundo com relação a bancos centrais e governos, levando à demanda por uma alternativa de investimento que tem sido cada vez mais atendida pelo ativo digital.

"Quanto mais as pessoas usarem o bitcoin como uma potencial reserva de valor e um hedge da geopolítica global, mais a volatilidade tende a cair, mas ele vai continuar sendo esse hedge. É o caso do ouro", compara. Para ele, essa trajetória só seria interrompida se houvesse uma recuperação da confiança nessas instituições, mas esse não parece ser o caso. Por isso, o bitcoin seria um "diversificador único" de portfólios.

O levantamento da BlackRock apontou que as maiores vantagens da criptomoeda em portfólios foram observadas quando a alocação fica restrita a até 5% do portfólio total do investidor. Nesses casos, o ativo "aumenta os retornos do portfólio, e os riscos também. Mas ele consegue aumentar mais os retornos que os riscos".

Quando a alocação em bitcoin supera os 5% "o bitcoin vira o portfólio, e aí você perde a vantagem". Além disso, a gestora observou que, independentemente do período de compra analisado, o comportamento da criptomoeda foi "consistente" e positivo.

"No caso dos investidores brasileiros tem ainda mais vantagens na diversificação com bitcoin. Em pouca quantidade ele chega até a reduzir a volatilidade, mas conforme aumenta você vê mais volatilidade. O ideal é uma alocação abaixo de 5%, e retornos maiores foram observados em uma alocação abaixo de 3%", disse Jacobs.

O ideal, segundo o executivo da BlackRock, é trabalhar com uma "alocação de longo prazo", com retornos positivos sendo observados principalmente em períodos superiores a três anos. "A chance de ter uma contribuição positiva no portfólio aumenta quanto maior for o período em que você 'segura' o ativo", destaca.

Em geral, o levantamento da gestora aponta um impacto semelhante em portfólios na adoção do bitcoin ou do ether. Entretanto, Jacobs acredita que o ether tem potencial para ocupar uma parte do espaço ocupado por ações de tecnologia, enquanto o bitcoin teria espaço como alternativa a títulos.

ETFs e adoção

Jacobs avalia que o lançamento dos ETFs de bitcoin e ether pela BlackRock e outras gestoras neste ano representou o "início de uma jornada para muitos investidores. Os ETFs são uma nova forma de investir e ter exposição a cripto. Existia toda a uma ampla gama de investidores que não tinha exposição a bitcoin e ether e agora pode considerar ter".

"Cada vez mais as pessoas estão entendendo o que cripto significa e os benefícios no portfólio, especialmente com relação aos ativos tradicionais, ações e títulos. O cliente do futuro vai questionar as empresas sobre ativos digitais, e as empresas precisam saber responder a essas perguntas e saber como ajudar os clientes a investir", ressalta, pontuando porém que a gestora não recomenda necessariamente investimento em qualquer ativo.

Na visão de Jacobs, "a maior adoção de ativos digitais surgiu pela demanda por uma alternativa líquida. Os clientes querem um tipo diferente de ativo nos seus portfólios, diferente de ações e títulos. A correlação entre ações e títulos têm aumentado, em especial em momentos de altas taxas de juros, então a demanda por uma alternativa tem crescido".

"Não sabemos se o bitcoin vai disparar, mas sabemos que ele se comporta de forma diferente que outros ativos, e isso por si só já é vantajoso para o portfólio", ressalta. Ao mesmo tempo, ele lembra que "o que medimos nos últimos 10 anos pode ser diferente do que vai acontecer nos próximos. Podemos ter mais volatilidade, novas correlações".

O executivo da BlackRock pontua que "não temos um preço-alvo para o bitcoin, mas acreditamos que é nosso dever dar acesso a ele para os investidores. Agora que temos os ETFs, o próximo passo é sobre educação, ajudar as pessoas entender qual papel os criptoativos devem ter em seus portfólios".

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