Bitget: 2023 trará oportunidade de compra de criptomoedas antes de novo salto
Para especialista da corretora de criptoativos, setor ainda passará por dificuldades no próximo ano, mas com perspectiva positiva
João Pedro Malar
Publicado em 27 de dezembro de 2022 às 10h00.
A Bitget, uma das maiores exchanges do mercado de criptomoedas, acredita que o setor terá um "último grande mergulho" em 2023, com forte queda nos preços, antes de uma trajetória de recuperação. Ao mesmo tempo que isso traz desafios e riscos para investidores, também deve representar uma boa oportunidade de compra anterior ao movimento de alta.
Para Fernando Pereira, gerente de conteúdo Bitget, o setor teve alguns pontos positivos em 2022 mesmo em um ano que, no geral, foi ruim, com uma queda de mais de 70% na capitalização total de mercado com a chegada do chamado "inverno cripto", termo que se refere a um mercado de baixa nas cotações e investimentos.
"Um deles é o avanço das regulações, tanto no Brasil que é um dos locais prioritários, com a lei já aprovada, e um avanço também no resto do mundo. É interessante para o mercado porque traz mais segurança para o investidor, muitos não investem pela falta de regulação, segurança", observa Pereira.
Já outro aspecto positivo é que, mesmo com essa queda no mercado de criptomoedas, o número de carteiras digitais com ao menos um bitcoin continuou em alta, indicando que "as pessoas não estão perdendo interesse, cada vez mais entram mais".
Por isso, a expectativa da exchange é que, uma vez que o mercado tradicional se recupere, uma parte dos fluxos de capital naturalmente irá para os criptoativos. A visão da empresa é que o primeiro semestre de 2023 ainda trará um sofrimento para o setor, com espaço para a queda. A projeção para o bitcoin, por exemplo, é de uma cotação entre US$ 10 mil e US$ 13 mil, menos que os US$ 16 mil atuais.
"O motivo é o aumento de taxa de juros nos EUA, que ainda deve ocorrer em 2023. O Fed [banco central norte-americano] ainda vai subir juros pelo menos até o final do primeiro semestre, deve chegar a 5,5% até 6%, e isso consequentemente traz muita pressão vendedora para o mercado, que sofre bastante com essas pressões macroeconômicas", explica Pereira.
Mas a própria queda trazer uma "oportunidade para compra" de criptomoedas, marcando o "último mergulho antes da tendência de alta no segundo semestre, com uma inflação mais estabilizada nos EUA e o Fed afrouxando ou até abaixando taxas, o que pode trazer movimento de alta no segmento".
O gerente da Bitget lembra que "é comum ver que renda variável faça fundo antes do pior momento macroeconômico. O bitcoin pode, durante 2023, valorizar até 150%, chegar a US$ 45 mil". Para ele, o melhor cenário no setor seria um avanço rápido de regulamentações ao redor do mundo e uma queda da inflação nos EUA.
Por outro lado, se a inflação norte-americana não der sinais de queda, o Federal Reserve precisará ser ainda mais agressivo nas altas de juros, o que "seria um desastre" e afetaria o setor de criptomoedas de forma muito negativa.
De olho no Brasil
Pereira lembra ainda que o segmento de corretoras de criptomoedas mostrou em 2022 uma "fraqueza transparente", já que "de fato existia uma fragilidade e algo precisava ser feito, e acabou sendo positivo nesse sentido pois levou ao avanço da regulação, mas muita gente perdeu muito dinheiro".
Para ele, os colapsos do blockchain Terra e da exchange FTX representam um "um efeito dominó que talvez não tenha acabado. Existem muitas empresas que estavam expostas ao FTT e estão sofrendo bastante, e podem ficar insolventes. Mas acho difícil, pensando em longo prazo, com mais regulação e investidores mais espertos, acha difícil ter quebras de grandes corretoras, mas a queda pode resultar em outras quebras".
Ao mesmo tempo, ele aposta em uma valorização forte em 2023 de empresas e projetos associados à Web3, além da continuidade da forte expansão observada nos últimos anos na área de finanças descentralizadas ( DeFi, na sigla em inglês).
E a Bitget vê o Brasil como "um dos planos prioritários da empresa e a regulação é muito interessante pra gente". Ele lembra que o quadro macroeconômico brasileiro está diferente do resto do mundo, com um ciclo de alta de juros finalizado e inflação iniciando uma trajetória de queda, o que tende a beneficiar o investimento em criptomoedas.
"Hoje tem muito CPF somente em renda fixa por ser mais atrativa, há um medo das pessoas. Uma queda na taxa de juros aqui não impacta no preço do bitcoin, mas impacta na mentalidade do investidor, que sairia de renda fixa, voltaria para variável e aí tem mais chances de comprar cripto", explica.
Pereira também espera uma intensificação na adoção de criptoativos por empresas devido à segurança que uma regulamentação específica para o setor trará. Com isso, a expectativa é de que o Brasil possa ter uma adoção ao mercado cripto maior que em outros países: "vai ser um dos pioneiros nesse sentido".
Mesmo assim, ele alerta que "a situação atual [de mercado em baixa] deve perdurar mais um semestre e demanda cuidado em investir em criptomoedas pequenas, que são as que tendem a sofrer mais. Mesmo sendo um momento interessante para investir, é interessante para moedas grandes, com mais capitalização de mercados, seguras".
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