Future of Money

Patrocínio:

Design sem nome (2)
LOGO SENIOR_NEWS

Bitcoin: enquanto você teme, eles acumulam

Preço da moeda reflete o conflito de estratégias entre institucionais e varejo: entenda como isso redesenha o mercado cripto e como se posicionar

 (Reprodução/Reprodução)

(Reprodução/Reprodução)

FP
Felippe Percigo

Especialista em criptoativos

Publicado em 7 de dezembro de 2025 às 11h00.

Tudo sobreBitcoin
Saiba mais

O mercado cripto entrou numa fase de espera que coloca pressão no humor dos investidores. Durante a semana, o bitcoin chegou a alcançar os US$ 94 mil depois de uma queda que o derrubou aos US$ 80 mil, em 21 de novembro. Na tarde de sexta, 5 de dezembro, porém, a moeda voltou a corrigir, sendo negociada por volta dos US$ 88 mil. As altcoins acompanharam o movimento e operaram em baixa.

No centro dessa incerteza está o cenário macro. Todos os olhos estão voltados para a reunião do Fed no dia 10 de dezembro, já que qualquer sinal sobre juros ou estímulos pode acelerar movimentos de alta, ou baixa. Principalmente em um ambiente de liquidez ajustada e posições alavancadas.

  • INVISTA E GANHE R$ 50. Abra sua conta na Mynt, a plataforma crypto do BTG Pactual, invista R$ 150 em qualquer criptoativo até 20/12/2025 e ganhe R$ 50 de cashback em bitcoin. Confira o regulamento no site.

O Índice de Medo e Ganância segue na zona de medo, em 25 pontos de 100. Nessa fase, muitos investidores se sentem frustrados e chegam a considerar sair do mercado, após criarem expectativas com o bull market que sentem não terem se concretizado.

Mas precisamos olhar além do reflexo imediato e entender que a criptosfera está mais madura. Nesse contexto, é natural que os ciclos não se desenrolem como no passado.
Enquanto uma parte dos investidores espera por um sinal claro, outra turma, mais capitalizada e silenciosa, vem colocando seu plano em ação, ignorando os ruídos.

A entrada institucional alterou o jogo

A aprovação dos ETFs à vista de bitcoin em 2024 abriu uma porta estrutural. Esses produtos deram aos investidores institucionais um veículo regulado para exposição a cripto, seja como diversificação, seja como reserva de valor.

Em 2025, essa dinâmica se intensificou com a adesão de uma série de outros players tradicionais, inclusive muitos que haviam criticado o bitcoin no passado.

Um movimento recente mais robusto foi da Vanguard, a segunda maior gestora do mundo, que decidiu oferecer acesso a produtos de cripto (bitcoin, ether, Solana, XRP) a seus 50 milhões de clientes, algo que era impensável pouco tempo atrás.

A presença de uma gestora com mais de US$ 9 trilhões sob administração altera o nível de participação e traz fluxos que antes não existiam.

Logo após esse anúncio e outras confirmações de compras programadas, vimos o bitcoin se recuperando para a faixa dos US$ 94 mil.

Além disso, empresas como Strategy, BitWise e BitMine afirmaram ter aumentado exposição nas últimas semanas.

Ouvimos ainda Larry Fink, da BlackRock, comentar em evento que vários fundos soberanos estão acumulando bitcoin. Segundo ele, essas instituições definiram níveis específicos de preço para as compras, incluindo patamares como US$ 120 mil, US$ 100 mil e, agora, a faixa dos US$ 80 mil. Compras feitas "com um propósito claro", como colocou o CEO. Isso significa que o objetivo é a construção de uma reserva estratégica de longo prazo e não especulação.

Esse tipo de investidor não age por impulso. Eles definem a exposição desejada, fracionam a execução ao longo do tempo e tomam decisões visando minimizar o impacto no mercado. É um comportamento que cria um piso de demanda e influencia a dinâmica do preço.

A diferença entre reagir ao preço e seguir uma estratégia

Enquanto os investidores institucionais seguem um plano estruturado, os investidores de curto prazo costumam reagir às oscilações. Essa diferença ficou evidente nos últimos meses.

Segundo dados do CryptoQuant, a métrica de lucro/prejuízo dos compradores recentes (aqueles que entraram nos últimos 1 a 3 meses) passou de um ganho de +25% em maio para uma perda de −25% em dezembro. O que isso quer dizer? Muitos que entraram no movimento de alta estão agora no prejuízo.

Quando isso acontece, os ativos trocam de mãos. Quem comprou por último costuma ser o primeiro a vender na correção. O efeito combinado é que o preço fica mais sujeito a oscilações intensas: ele sobe rapidamente quando vendedores alavancados são forçados a recomprar posições e despenca com velocidade quando o pânico se espalha entre pequenos investidores.

No meio desse ruído, os institucionais tendem a se manter firmes às suas estratégias programadas.

O que isso significa para os próximos passos

A convivência entre players que agem com plano e aqueles que reagem ao preço cria um campo de disputa onde movimentos mais intensos em qualquer direção são possíveis.

A presença de grandes gestores e de investidores de longo prazo mostra que quedas no preço nem sempre indicam perda de interesse estrutural. Muitas vezes refletem a acumulação planejada por quem mira ganhos sustentáveis ao longo do tempo.

Já investidores que entraram recentemente e agora estão no prejuízo ampliam o potencial de volatilidade. Em períodos de estresse, vendas por necessidade ou emoção podem acelerar quedas. Em momentos de reversão rápida, o fechamento de posições vendidas pode impulsionar o preço para cima em um espaço curto de tempo.

Como agir nesse ambiente

Cenários assim exigem uma postura diferente. O ponto central é entender que a dinâmica atual não é sinal de desordem ou instabilidade estrutural, mas consequência de um mercado que amadureceu e passou a conviver com fluxos institucionais importantes.

Isso significa que quedas rápidas não anulam o ciclo e altas bruscas podem não ser “a última chance”. São efeitos naturais de um ambiente mais profundo, mais líquido e com participantes de mentalidades distintas influenciando o preço em direções diferentes.

Três atitudes principais nessa hora:

Evitar se emocionar com barulho de curto prazo

Boa parte dos movimentos extremos recentes vem de liquidações forçadas, não de mudanças estruturais. Ter em mente essa diferença ajuda a reduzir a ansiedade e a evitar decisões precipitadas.

Manter um plano de entrada

Assim como os institucionais fracionam suas compras, quem olha para o futuro tende a se beneficiar de uma estratégia que distribui aportes ao longo do tempo, sem aquela busca incessante por adivinhar fundo ou topo. Você reduz a dependência do “momento perfeito” e evita ser empurrado para fora por emoções.

Acompanhar os indicadores certos

Dados como os níveis de liquidação, o comportamento dos compradores recentes e os intervalos de preço que vêm sendo usados por grandes players para acumular ajudam a contextualizar o mercado. Eles não servem para prever o próximo movimento, mas para entender o ambiente em que ele acontece.

No fim, atravessar essa fase é menos sobre acertar o próximo alvo do bitcoin e mais sobre adotar uma postura coerente com o tipo de investidor que você quer ser.
Os ciclos não desapareceram, só parecem ter ficado mais sofisticados. E navegar essas nuances exige menos urgência e mais clareza.

Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | X | YouTube Telegram | Tik Tok  

Acompanhe tudo sobre:BitcoinCriptomoedasCriptoativos

Mais de Future of Money

CVM atualiza normas e impulsiona crédito para PMEs

Stablecoins, IOF e a volta da insegurança jurídica no Brasil

Bitcoin: a criptomoeda que nunca esteve em mercado de baixa

'Bolha das Treasury Companies' já estourou, diz gestora