Criptoativo ofereceu ganhos mensais acima de 8% (Francesco Carta Fotografo/Getty Images)
Cointelegraph Brasil
Publicado em 4 de março de 2022 às 09h00.
Após um início de ano acidentado, em que operou em baixa em forte correlação com o mercado de ações, o bitcoin voltou a se descolar de todas as outras classes de ativos nos últimos dias de fevereiro logo após a invasão da Rússia à Ucrânia, registrando ganhos mensais em reais acima de 8%, e tornou-se o investimento de maior rentabilidade mensal para o investidor brasileiro.
A maior criptomoeda do mercado interrompeu uma série de três fechamentos mensais no vermelho e terminou fevereiro cotada a R$ 222.638, de acordo com dados do CoinGecko. Mesmo com a valorização do real frente ao dólar verificada no mesmo período, o bitcoin voltou a ser a melhor opção de investimento para o investidor brasileiro quando comparado a outras classes de ativos.
O ouro, com quem o bitcoin disputa o posto de principal ativo de proteção e de reserva de valor, ficou na segunda posição, com uma valorização de 1,5%. Supostamente, ambos teriam se beneficiado da turbulência geopolítica global motivada pela invasão da Rússia à Ucrânia.
No entanto, em um primeiro momento, o bitcoin amargou perdas severas enquanto o ouro atingia sua maior cotação desde junho do ano passado. A relação se inverteu à medida que as potências ocidentais anunciaram sanções econômicas severas à Rússia e as criptomoedas passaram a ser amplamente utilizadas para fortalecer a resistência do exército e do povo ucraniano .
À medida que a utilidade de uma moeda descentralizada e à prova de censura se tornava evidente para parte da população global, o bitcoin e as criptomoedas voltaram a se descolar do mercado de ações, alcançando uma valorização imprevista pela maioria dos analistas. Muitos entendiam que os desdobramentos macroeconômicos do conflito tenderiam a ser prejudiciais ao bitcoin.
Enquanto a disputa continua no campo de batalha que se tornou o território ucraniano, a guerra de narrativas segue em jogo no campo midiático, mas por enquanto o bitcoin mostra-se bastante resiliente. Resta ver como ele vai responder ao iminente aumento da taxa de juros pelo Banco Central dos EUA (Fed), e ao cerco regulatório que ganhou um novo impulso momentâneo motivado pelos temores das potências ocidentais de que a Rússia possa contornar as sanções impostas pelo Ocidente se valendo das criptomoedas.
Em oposição, o dólar registou uma queda de 4,06%, cotado a R$ 5,14 de acordo com a taxa PTAX, que é calculada a partir da média das cotações apuradas pelo Banco Central ao longo do mês. Já no mercado à vista, a cotação ficou em R$ 5,16, 2,83% abaixo do fechamento de janeiro.
A queda do dólar no mês passado se deu pelo influxo positivo da moeda norte-americana na economia brasileira país. Investidores estrangeiros estão recorrendo à bolsa brasileira como refúgio da instabilidade dos principais mercados financeiros globais em função da guerra.
Além disso, muitas ações de empresas brasileiras apresentam preços atrativos neste momento. A alta exposição ao mercado de commodities também configura-se como um atrativo para os investidores estrangeiros, uma vez que o preço do petróleo e de matérias-primas básicas do setor alimentício tendem a se valorizar com os desequilíbrios que a guerra deve impor especialmente ao setor energético europeu, até então excessivamente dependente da Rússia.
Com isso, embora o Ibovespa tenha ficado bem abaixo do bitcoin em fevereiro, fechou o mês com alta de 0,89%. Desde o início do ano o índice da bolsa brasileira acumula ganhos de 11,26%. Um desempenho superior, inclusive, ao do Bitcoin, que desde o começo do ano desvalorizou-se em aproximadamente 7,5%.
Outro fator que tem atraído o capital estrangeiro ao país é a taxa Selic elevada, beneficiando a captação de instrumentos de renda fixa. Os títulos prefixados tiveram desempenho positivo no mês, abaixo apenas do Bitcoin e do ouro.
Enquanto isso, o Banco Central anunciou novas medidas e parcerias com vistas à implementação do Real Digital. A exchange Mercado Bitcoin, o protocolo DeFi Aave e a Consensys, empresa vinculada à Ethereum Foundation, vão atuar em conjunto com a instituição para desenvolver a CBDC (moeda digital de banco central) brasileira, cujos testes preliminares devem ocorrer ainda este ano.
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