Após queda no mercado, golpes com criptomoedas caem 65%, mas roubos atingem US$ 1,9 bilhão em 2022
Cotação dos principais criptoativos em 2022 não despertou o interesse de golpistas; hackers da Coréia do Norte lideram ataques que roubaram US$ 1,9 bilhão nos primeiros meses do ano
Mariana Maria Silva
Publicado em 16 de agosto de 2022 às 18h14.
Com a expansão do mercado de criptomoedas, golpes e roubos se tornaram uma prática comum no universo das finanças digitais, tanto quanto nas finanças tradicionais. Um relatório da Chainalysis revelou que apenas em 2022, o valor roubado por hackers aumentou 60%, atingindo a marca de US$ 1,9 bilhão. No entanto, o movimento de queda das principais criptomoedas tornou os golpes menos interessantes para os criminosos.
Apenas no último mês, dois casos de ataques hackers chamaram a atenção do mundo para o problema. A ponte entre blockchains Nomad perdeu US$ 192 milhões, enquanto US$ 200 milhões foram roubados de 8 mil carteiras digitais do blockchain Solana.
De acordo com a Chainalysis, a razão para o grande número de ataques e o valor expressivo roubado está nos protocolos de finanças descentralizadas (DeFi). Tratam-se de programas que oferecem os mais variados tipos de serviços financeiros sem a necessidade de um intermediário, como os bancos, por exemplo.
No entanto, eles podem tornar seus usuários vulneráveis a hackers, por conta de seu código aberto que pode ser estudado por ladrões antes de executar um assalto, segundo o relatório.
A maior parte do dinheiro roubado estaria nas mãos de hackers norte-coreanos. Segundo as autoridades dos Estados Unidos, cerca de US$ 1 bilhão teria sido lavado via Tornado Cash, um “mixer” de criptomoedas que foi sancionado pelo governo norte-americano recentemente. O Tornado Cash opera de modo a facilitar de modo deliberado transações anônimas, ofuscando sua origem, seu destino e as partes envolvidas.
A empresa de análise em blockchain ainda revelou uma posição pessimista quanto aos roubos. Depois de terem subido 60% em 2022, representando a perda de US$ 700 milhões a mais que no último ano, a Chainalysis acredita que o problema pode persistir e seguir aumentando no futuro.
"Nenhum tipo de crime baseado em criptomoeda está contrariando a tendência de 2022 de queda de receita, da forma como fundos roubados [estão fazendo]", afirmou uma publicação da empresa.
Isso porque, enquanto os roubos de criptomoedas dispararam em 2022, outros setores de crimes cibernéticos envolvendo as criptomoedas reduziram significativamente.
Um exemplo são os golpes com criptomoedas, prática comum onde criminosos tentam ludibriar suas vítimas a divulgarem seus dados pessoais de carteiras digitais. Este tipo de crime, segundo o relatório, caiu 65% nos primeiros meses de 2022.
De acordo com a empresa, isso se deve ao fato de a maioria das criptomoedas operar em forte queda nos últimos meses. Em 2022, moedas digitais como o bitcoin e o ether caíram 50%, enquanto outras chegam a apresentar queda de mais de 75%, como a Solana, a partir de dados do CoinMarketCap.
“Ninguém gosta de um mercado cripto em baixa, mas o lado positivo é que a atividade ilícita de criptomoeda caiu junto com a atividade legítima … Ainda assim, com enormes aumentos nos fundos roubados, não podemos descansar sobre os louros”, alertou a empresa de análise.
A solução, segundo a Chainalysis, será uma regulação apropriada para as criptomoedas, movimento que já ganha força em vários países, incluindo os Estados Unidos e o Brasil. Tramita atualmente na Câmara dos Deputados um projeto de lei que pretende regulamentar as criptomoedas no país, e caso aprovado, seguirá para sanção presidencial.
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