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9 lições de Camila Farani e outras grandes mulheres sobre empreendedorismo e inovação

No dia da mulher, aprenda tudo sobre empreendedorismo, inovação e novas tecnologias com grandes nomes do setor

Camila Farani participou de 6 temporadas do Shark Tank (Divulgação/Divulgação)

Camila Farani participou de 6 temporadas do Shark Tank (Divulgação/Divulgação)

Mariana Maria Silva
Mariana Maria Silva

Repórter do Future of Money

Publicado em 8 de março de 2023 às 17h57.

Neste dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, fica ainda mais evidente a importância do envolvimento feminino em questões como empreendedorismo, inovação e tecnologia. Ainda em transformação, estes setores foram impactados por uma grande onda de interesse por parte de mulheres em busca de independência financeira, social, entre outros.

Algumas delas já conquistaram seu lugar ao sol. Camila Farani é investidora e empreendedora há mais de 20 anos. Durante esse tempo, se tornou uma grande influência para homens e mulheres sobre capital de risco, principalmente nas seis temporadas em que esteve no programa Shark Tank Brasil. Camila, que começou jovem e com poucos recursos, também fundou a comunidade Ela Vence, para apoiar outras mulheres na trajetória do empreendedorismo e inovação.

Revisitando sua história no mercado financeiro, Camila compartilhou com o Future of Money, da EXAME, quatro lições para outras mulheres sobre empreendedorismo e inovação:

1. Constância, insistência e resistência

“Empreendedorismo é sobre constância, insistência e resistência. Não se preocupe se vai dar certo ou não. Busque a solução para dar certo. Os ‘nãos’ te ensinam mais que os ‘sims’. O primeiro negócio que eu abri, do zero, depois de trabalhar com a minha mãe na tabacaria dela e transformá-la em uma rede, foi um restaurante de comidas saudáveis.

Eu pensava que tinha achado a mina de ouro. Investi todo dinheiro que eu tinha, mas no primeiro mês de funcionamento não vendi quase nada. No segundo, também foi pouco. As pessoas entravam no meu estabelecimento perguntando se eu vendia sorvete. Foi então que eu entendi porque os clientes estavam dizendo “não” para o meu restaurante. A arquitetura, as cores, estavam completamente erradas.

Aprendi, mudei e, no quarto mês de operação, começamos a ter fila na porta. O caminho do sucesso não é óbvio e nem uma linha reta. Trabalhe o seu mental para resistir aos momentos difíceis, aprender e voltar mais forte”.

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2. Melhor feito do que perfeito

“É melhor feito, do que perfeito. Mais arriscado do que empreender é ficar parada sonhando com o que poderia ter acontecido. Não adianta ter ideias incríveis se você não colocá-las no papel. Portanto, comece.

Se você lançou um produto perfeito no mercado é porque você demorou tempo demais para lançar. Estude o mercado no qual quer entrar, entenda sobre os negócios, seus concorrentes, seu diferencial. Uma vez escolhido esse caminho, converse com pessoas que são bem-sucedidas nos seus negócios, pesquise, estude e se atualize constantemente.

Teste seu público. Faça com que o seu medo se transforme em combustível para avançar.

Muitas mulheres, inclusive eu, sofrem ou já sofreram com a síndrome da impostora, que nos faz duvidar das nossas próprias capacidades e colocar empecilhos nas ideias e projetos. Então não busque a perfeição para tirar um negócio do papel. Trabalhe a sua autoconfiança. Capacite-se. Ouse. E depois vá aprimorando”.

3. Aprenda a negociar

“As principais dores das mulheres ao empreender estão sobretudo em capacitação, referências femininas, redes de apoio e fortalecimento dos argumentos para negociação. Portanto, aprenda a negociar. Pelo menos 80% da nossa vida é negociação.

Negociação é a forma como você argumenta, é a forma como você se posiciona, é a forma como você consegue falar o mesmo tipo de linguagem da pessoa. Se você não aprender as técnicas, vai passar a vida sendo manipulada.

Na sua vida, você precisará negociar salário e cargo, vai ter que negociar com clientes, fornecedores, colaboradores. Prepare-se para isso. E, lembre-se: a primeira negociação que você deve fazer é com você mesma”.

4. Elimine os vieses

“O primeiro pitch que eu avaliei como investidora anjo, há cerca de 12 anos, foi de uma empreendedora. Ela tinha um produto que fazia parte do universo feminino, e me pediram para conhecer e avaliar o quão interessante ele seria.

Foi nesse momento que eu tive certeza que queria fazer parte do mundo do investimento de risco. As mulheres fundadoras de startups recebem menos de 3% de todos os investimentos em capital de risco do mundo.

Um dos caminhos para ampliar as chances delas receberem mais aportes, é termos mais investidores mulheres. Mas não é só isso, pois o viés pode alcançar essas mulheres mais adiante, quando elas precisarem de uma segunda rodada de investimento.

Precisamos, todos, eliminar os vieses e garantir que métricas de negócios orientem as decisões de financiamento. Até porque, é fundamental termos uma ampla pluralidade no mercado - a minha visão, como investidora, é que isso afeta positivamente a capacidade de uma empresa ter sucesso e não ficar obsoleta”.

Fernanda Ribeiro, CCO e cofundadora da Conta Black, comunidade financeira que pretende democratizar o acesso à serviços bancários através de uma conta digital, é diretamente engajada com o objetivo de colocar mulheres negras em posições de liderança.

Segundo uma pesquisa do Instituto Ethos, nas 500 maiores empresas do Brasil, incluindo bancos e outras instituições, mulheres negras ocupam apenas 0,04% das cadeiras de liderança e recebem menos da metade dos salários dos homens brancos.

Fernanda também é presidente da Associação AfroBUsiness, conselheira administrativa no Instituto C&A., líder de diversidade da Associação Brasileira de Fintechs e Embaixadora da Rede Ibero-Americana de Mulheres em Fintech. Ela ainda venceu o Prêmio Empregueafro Talento da Diversidade e Prêmio CITI Jovens Empreendedores na categoria Organização Social Mais Transformadora.

À EXAME, Fernanda destacou a importância de ampliar sua rede de contatos e estudar:

5. Amplie sua rede

“Ingressar em mercados em que somos minoria, nos exige estratégia. Logo, se não temos uma rede, no sentido mais amplo: relacionamento/networking, apoio/afinidade, esse processo será mais complicado. Sempre digo que não existe lugar “que não é para nós”, é necessário hackear o sistema e segurar a porta para que outras possam vir junto”.

(Mynt/Divulgação)

6. Estude

“Parafraseando Oprah Winfrey, que diz que ‘sorte é estar pronto quando a oportunidade vem’, é preciso investir em conhecimento. Exatamente para estarmos preparadas para quaisquer situações”.

Carolina Mello aposta em novas tecnologias para se posicionar no mercado. Ela é diretora de marketing na Nodle, empresa responsável pela criação de uma rede descentralizada alimentada por smartphones.

Ela acredita na tecnologia blockchain como uma ferramenta de transformação social e atua para democratizar o acesso às novas tecnologias. Formada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), ela destacou a importância das mulheres aprenderem a se reinventar e tirar lições de seus próprios erros:

7. Se reinvente

“Nós temos que olhar a nossa vida com discernimento para ver se estamos indo no caminho que nos traz felicidade. Se não estivermos gostando do caminho, precisamos nos planejar para mudar o curso das coisas em direção ao objetivo em mente. Não agir de acordo com o que acontece, mas agir para o que nos queremos que aconteça.

Entrar no mercado de negócios em blockchain e web3 por meio de uma startup não era algo que eu estava planejando para minha carreira quando saí do Brasil buscando uma experiência de trabalho nos Estados Unidos. Ao longo da minha jornada profissional, eu precisei recalcular a rota algumas vezes, me adaptando a uma nova cultura, sempre me reinventando.

Para empreender na indústria blockchain – um mercado em desenvolvimento, que muda do dia para noite, eu tive e, ainda tenho, que estar sempre disposta a aprender e recomeçar do zero quantas vezes for necessário para me manter atualizada na tecnologia. Todos os dias surgem mudanças, novos projetos inovadores e é preciso estar disposta a se reinventar para acompanhar e contribuir com o desenvolvimento do mercado e de soluções de alto impacto.”

8. Aprenda com os erros

“Os erros também fazem parte do processo quando estamos trilhando algum caminho no empreendedorismo e, principalmente, quando estamos desenvolvendo soluções inovadoras em uma indústria que é majoritariamente masculina, como é o caso da indústria tecnológica. É um clichê, mas é real.

Nós só evoluímos nas empresas e na vida quando nos desafiamos a fazer a mesma coisa de um jeito diferente ou quando nos comprometemos a de fato fazer algo que ninguém fez, nos desafiando a pensar fora da caixa e a errar quantas vezes for preciso para acertar.

Para nós mulheres empreendedoras essa é uma soft skill difícil de desenvolver porque precisamos lidar com a Síndrome da Impostora e com o medo de errar, além de termos que nos provar o tempo inteiro para sermos respeitadas, mas essa é uma lição que vale a pena ser aprendida para desenvolver autoconfiança e coragem para enfrentar os desafios da vida e do empreendedorismo feminino, que são muitos. Não imagino nem um outro caminho que construa uma base tão profunda para autoconhecimento. É preciso deixarmos o medo de lado para avançarmos com confiança”.

Gracy Chen também é envolvida com o universo das criptomoedas e novas tecnologias. Atual diretora administrativa da corretora cripto BitGet, Chen já trabalhou com tecnologia de realidade virtual (VR) e foi produtora do canal de tecnologia e finanças de um dos maiores conglomerados de mídia da China.

De um ponto de vista globalizado, Chen acredita na importância de que mulheres demonstrem profissionalismo, responsabilidade e trabalho duro ao se envolver com empreendedorismo, inovação e novas tecnologias:

9. Profissionalismo, responsabilidade e trabalho duro

“Profissionalismo, responsabilidade e trabalho duro são especialmente valorizados no mercado de blockchain e criptomoedas. Além disso, não foque nos problemas, mas procure oportunidades. Estude, trabalhe e não tenha medo de assumir responsabilidades, e isso o recompensará com sucesso e reconhecimento”.

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