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Seleção brasileira inicia ciclo que pode ser marcado por passagem de bastão

Jogadores se apresentam hoje, em Tânger, sem Neymar e com um Vini Jr. que já não sente o peso de ser protagonista

Neymar: a falta do principal nome da equipe nos últimos anos joga os holofotes para Vinícius Junior. De uma forma bastante simbólica (Visionhaus/Getty Images)

Neymar: a falta do principal nome da equipe nos últimos anos joga os holofotes para Vinícius Junior. De uma forma bastante simbólica (Visionhaus/Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 20 de março de 2023 às 10h55.

Última atualização em 20 de março de 2023 às 11h35.

Os 23 convocados pelo técnico Ramon Menezes se apresentam hoje, em Tânger, no Marrocos, para iniciar os preparativos para o amistoso contra a seleção local, no próximo sábado. Os destaques ficam para os rostos novos (foram dez chamados pela primeira vez) e, claro, para a ausência de Neymar, que se recupera de uma cirurgia no tornozelo direito e não joga mais até o meio de 2023.

A falta do principal nome da equipe nos últimos anos joga os holofotes para Vinícius Junior. De uma forma bastante simbólica, inclusive. No primeiro compromisso do ciclo da Copa de 2026, o atacante do Real Madrid assume o papel de líder num momento em que se mostra pronto para herdar do camisa 10 o protagonismo com a Amarelinha.

Vini Jr. nunca assumiu o protagonismo durante a Era Tite. Primeiro porque Neymar era a liderança técnica incontestável. Além disso, pelo fato de que o próprio ex-jogador do Flamengo não estava pronto. Vale lembrar que seu começo no Real Madrid foi de muita oscilação e que, na própria seleção, ele só assumiu a titularidade na ponta esquerda no ano passado. Mas sua ascensão no clube espanhol indica que o momento chegou.

Os números do brasileiro mostram como ele já não sente mais o peso de ser um dos líderes (ao lado de Benzema e de Modric) do Real. Ele está cada vez mais decisivo na Liga dos Campeões e nos demais jogos de mata-mata, que possuem um componente emocional maior. Em sua primeira temporada (2018-19), ainda visto como um garoto, registrou dois gols e oito assistências em 13 partidas (11 como titular) de Champions, Copa do Rei e Mundial de Clubes.

A partir da segunda, entretanto, sentiu o peso da expectativa maior sobre ele. Na temporada 2019-20, foram só dois gols e duas assistências em nove partidas decisivas (cinco como titular). Na seguinte (2020-21), apenas três gols e uma assistência em 14 jogos deste tipo (em nove ele começou jogando).

O desabrochar veio na temporada passada (2021-22), quando Vini marcou cinco vezes e deu seis assistências em 17 confrontos (todos como titular). A coroação foi o gol sobre o Liverpool, na grande final da Liga dos Campeões, que deu o título para sua equipe.

Na atual temporada, ele confirma o amadurecimento sendo mais uma vez um dos jogadores mais decisivos de sua equipe. Até o momento, são 11 gols e seis assistências para o Real em 16 jogos por Champions, Mundial de Clubes (no qual foi eleito o craque da competição), Supercopas europeia e espanhola, além da Copa do Rei.

Uma contagem que tende a crescer, tendo em vista que os merengues seguem vivos na principal competição do continente. No último compromisso pelo torneio, deu um passe já caído no chão para Benzema fazer o gol da vitória sobre o Liverpool e empolgou o técnico Carlo Ancelotti:

"Para mim, é o melhor do mundo. Vinícius não marcou, mas sempre é determinante. Deu assistência e cada vez que tentou, criou perigo", disse o italiano, cotado para ser seu treinador também na própria seleção brasileira.

A título de comparação, os números de Vini nas duas últimas temporadas se aproximam dos de Neymar nestes mesmos tipos de jogos em seu auge no Barcelona. Em 2014-15, ele marcou 17 vezes (sem assistências) em 18 partidas. Em 2015-16, foram sete bolas na rede e oito passes para gol em 15 confrontos. Já na seguinte (2016-17), marcou sete e assistiu aos companheiros dez vezes em 15 duelos.

Mas, enquanto Vini ascende, Neymar está em queda. Nas duas últimas temporadas, a capacidade de decidir jogos importantes já não tem sido a mesma para o camisa 10 do Paris Saint-Germain. Em 2021-22, ele só participou de seis jogos de Liga dos Campeões. Não marcou nenhum gol e só deu duas assistências.

Já na atual, Neymar ensaiou uma reação. Marcou cinco gols e deu cinco assistências em seis compromissos do PSG pela Champions, dois pela Copa da França e mais um pela Supercopa. Mas a grave lesão no tornozelo direito acabou com sua temporada.

O momento dos dois foi refletido na Copa do Catar. O atacante do Real Madrid fez um gol, deu duas assistências e participou da jogada de outros dois. Já Neymar, que ficou fora de duas das cinco partidas por lesão, não deu passe para gols. Mas marcou duas vezes, uma delas de pênalti.

Estes movimentos opostos nas carreiras de Vini e de Neymar mostram um cenário preparado para a mudança. Depois de três ciclos tendo Neymar como protagonista, o atual pode ser marcado pela passagem de bastão. O que não quer dizer que ela será abrupta. Afinal, a expectativa é que Neymar retorne no segundo semestre, provavelmente durante as Eliminatórias, onde seguirá importante. Mas deve encontrar um Vini ainda mais autoconfiante e, principalmente, decisivo.

Após cortes, Yuri Alberto e Bremer são chamados à seleção brasileira

O zagueiro Bremer, da Juventus (Itália), e o atacante Yuri Alberto, do Corinthians, foram convocados à seleção brasileira masculina que enfrenta Marrocos em amistoso no próximo sábado (25), às 19h (horário de Brasília), no Estádio Ibn Batouta, na cidade marroquina de Tânger. Eles substituem Marquinhos, do Paris Saint-Germain (França), e Richarlison, do Tottenham (Inglaterra), ambos lesionados.

Presente na última Copa do Mundo, Bremer esteve em duas partidas no Catar: a derrota por 1 a 0 para Camarões (titular) e a goleada por 4 a 0 sobre a Coreia do Sul (entrou na etapa final). O zagueiro de 25 anos defendeu o Brasil em três ocasiões. Yuri Alberto, por sua vez, recebeu a primeira oportunidade na seleção principal. Ele já havia sido chamado às equipes sub-20 e pré-olímpica. O atacante fez 22 anos no sábado (18), justamente quando foi informado da convocação.

Marquinhos sofreu uma lesão abdominal no último dia 8 de março, na derrota do PSG para o Bayern, por 2 a 0, na Allianz Arena, em Munique (Alemanha), pelas oitavas de final da Liga dos Campeões da Europa. Segundo o time francês, o zagueiro ainda está em recuperação e treinando separadamente do elenco.

Richarlison, por sua vez, saiu de campo chorando, logo aos 5 minutos do primeiro tempo, no empate do Tottenham com o Southampton, por 3 a 3, no St. Mary's Stadium, na casa do adversário, pela 28ª rodada do Campeonato Inglês. O clube do atacante não divulgou qual a lesão, mas informou ao médico da seleção brasileira, Rodrigo Lasmar, que o atleta não teria condições de atuar no sábado.

O duelo contra Marrocos será o primeiro compromisso do Brasil desde o Mundial do Catar. Ainda sem técnico após a saída de Tite, a equipe será comandada por Ramon Menezes, treinador da seleção sub-20, que foi campeã sul-americana da categoria.

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