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Seis campeões em seis temporadas: as estratégias da NBA para manter o equilíbrio

Finais de 2024 têm sua largada nesta semana e trazem equipes que não ganham títulos desde o início da década passada

NBA: jogo da Dallas Mavericks contra Boston Celtics (	David Berding/Getty Images)

NBA: jogo da Dallas Mavericks contra Boston Celtics ( David Berding/Getty Images)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 5 de junho de 2024 às 17h52.

Última atualização em 5 de junho de 2024 às 17h53.

As Finais da NBA começam nesta quinta-feira, 6, e colocam frente a frente o Dallas Mavericks, campeão da Conferência Oeste, contra o Boston Celtics, vencedor da Conferência Leste. A decisão da temporada traz um fator que se mostra constante na NBA nos últimos anos, o equilíbrio nas equipes que brigam pelo Larry O’Brien, como é conhecido o troféu da liga. Pela sexta temporada consecutiva, a competição terá um campeão diferente.

Entre 2015 e 2018, a NBA viveu uma intensa dualidade: o Golden State Warriors, equipe de Stephen Curry, Klay Thompson e Draymond Green, e o Cleveland Cavaliers, time pelo qual atuava LeBron James, protagonizaram quatro finais seguidas, com a equipe da Califórnia vencendo três. No entanto, desde 2019, o que se vê é uma rotação de times competidores nos playoffs, com novas estrelas surgindo e confrontos equilibrados no mata-mata.

Entre os atuais finalistas, a franquia de Massachusetts levantou a sua última taça em 2008, com o trio composto por Kevin Garnett, Ray Allen e Paul Pierce, eleito o MVP na ocasião. Já o time do Texas conquistou seu único título da história em 2011, comandado por Dirk Nowitzki, em um dos maiores vexames da carreira de LeBron, que chegou a anotar somente oito pontos em uma das decisões.

A NBA conta com diversas estratégias para garantir a rotatividade e permitir com que todas as franquias tenham a oportunidade de montar boas equipes e competir na liga. A primeira delas é o processo de recrutamento de novos jogadores. Antes de cada temporada, os atletas que saem das universidades norte-americanas podem se declarar para o Draft da NBA, um evento que a partir deste ano será feito em duas rodadas e no qual os times selecionam esses jovens para integrar o elenco.

A ordem das 14 primeiras escolhas é sorteada, mas os times que tiveram as piores campanhas têm maior probabilidade de receber seleções mais altas. Isso faz com que as franquias com pior desempenho na temporada anterior tenham uma chance maior de conseguir recrutar as principais promessas universitárias. As 16 escolhas seguintes são destinadas às equipes classificadas à pós-temporada, e são distribuídas de maneira inversamente proporcional ao desempenho delas nos playoffs.

“A NBA, como uma liga fechada e independente, que não interage com outras oficialmente, algo comum no futebol, é capaz de montar um sistema que premia os últimos colocados. Há aspectos positivos e negativos. Obter as melhores escolhas visando o equilíbrio da liga é ótimo para todos, mexe com diferentes mercados, gera receitas e afeta positivamente também o âmbito esportivo. A parte ruim, presenciada todos os anos, é que alguns times forçam para estar entre os últimos e tentar alterar seus destinos através do Draft, movimento conhecido e denominado de 'tank', algo péssimo para a competitividade”, analisa Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports, agência de marketing esportivo.

Outro fator importante na manutenção do equilíbrio na liga são os termos financeiros. Um teto salarial estabelecido pela diretoria da liga impõe um limite que cada equipe pode gastar com a folha de pagamento de seus atletas. Dessa maneira, é impossível que a mesma equipe reúna diversas estrelas sem que elas tenham que aceitar um enorme corte nos próprios salários.

Além disso, as transferências de atletas entre clubes são feitas de uma maneira bem diferente do que, por exemplo, o futebol. Não é permitida a compra de jogadores; além do recrutamento universitário, as aquisições são feitas de duas maneiras: através de trocas, que podem envolver atletas ou escolhas do draft, ou por meio da free agency, período em que os atletas sem contrato podem assinar com qualquer franquia. Isso evita que as equipes mais ricas e com um nível mais alto de faturamento utilizem esses recursos para se distanciar ainda mais das equipes menos badaladas.

“Em décadas anteriores, observávamos que, mesmo com o teto salarial, os melhores jogadores optavam por grandes cidades e grandes centros, onde a possibilidade de alcançar contratos de patrocínios mais vantajosos era considerável. Hoje, com a mecânica vencedora do Draft e também um mundo mais globalizado, os atletas conseguem ótimos acordos mesmo em locais de médio porte, dando mais efetividade à regra do teto. E o resultado temos visto nas últimas finais, com uma rotatividade de participantes e maior equilíbrio”, destaca Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.

A análise do elenco dos dois finalistas desta temporada demonstra o sucesso da NBA nessa estratégia. A estrela do Boston Celtics, Jayson Tatum, foi selecionada pela equipe com a terceira escolha do Draft de 2017; mesmo terminando a temporada anterior na primeira posição da Conferência Leste, a equipe de Massachusetts detinha a escolha do Brooklyn Nets, graças a uma troca ocorrida em 2013. Além dele, Jaylen Brown, outro protagonista da equipe, foi selecionado pelos Celtics no Draft, e a dupla titular de armadores, Derrick White e Jrue Holiday, foi adquirida através de trocas com suas antigas equipes.

Já o Dallas Mavericks é um outro exemplo do bom funcionamento do mercado de atletas na liga. Em 2018, a equipe tinha a quinta escolha do Draft, mas em uma troca com o Atlanta Hawks, garantiu a terceira posição e escolheu Luka Doncic, uma das grandes sensações do basquete e promessa de um dos grandes jogadores da história da liga. Kyrie Irving, armador habilidoso, que já foi campeão com o Cleveland Cavaliers, chegou para reforçar o elenco no início do ano passado, por meio de uma troca com o Brooklyn Nets, e vem fazendo a diferença nos playoffs.

O equilíbrio afeta diretamente em outras áreas além das quatro linhas. Um confronto de final parelho, sem um claro favorito, como é o de 2024, atrai mais a atenção dos fãs em todo o mundo, gerando maior audiência, receitas, engajamento nas redes e maior procura pelos palpites nas plataformas de apostas esportivas.

“Em edições anteriores das finais da NBA, com alguns supertimes e um amplo favoritismo para um dos lados, o interesse dos fãs não era o mesmo comparado a um confronto imprevisível como agora. O evento já atrai muita atenção por si só, mas quando ainda há o fator de incertezas, somado aos astros de ambas as equipes, a receita de sucesso está formada. E isso se reflete também nas apostas, o fluxo aumenta drasticamente e aguardamos uma grande procura do público brasileiro para essas finais”, revela Rafael Borges, Country Manager da Reals.

Estrelas não faltam tanto nos Celtics quanto nos Mavericks, acirrando a importante corrida pelo prêmio Bill Russell, dado ao melhor jogador das finais, tradicionalmente vindo do time vencedor. O ex-camisa 6, ídolo do próprio time de Boston, foi campeão da NBA 11 vezes e recebeu a justa homenagem. De acordo com outras plataformas consultadas, como Esportes da Sorte, BETesporte, Onabet, Galerabet, Bet7k, Casa de Apostas e Odds&Scouts, Jayson Tatum é o principal candidato ao troféu, seguido de Luka Doncic, Jaylen Brown e Kyrie Irving, nesta ordem, indicando um leve favoritismo ao alviverde, que ao lado dos Lakers é o maior campeão da liga, com 17 títulos cada.

"Não existe uma equipe de basquete fora dos Estados Unidos que possa tomar de uma equipe da NBA um extraclasse, como por exemplo, o Real Madrid pode tomar de um clube da Premier League. Por isso, podemos assumir que o MVP das finais da NBA é alguém agraciado com algo similar ao Ballon D'or no futebol. As finais da NBA, no que diz respeito à valorização de um atleta, representa tanto quanto a Copa do Mundo no futebol, com o diferencial de que na NBA eles se enfrentam durante toda a temporada, e não somente durante um mês. É um mercado de concentração de talento muito maior", afirma Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports Brazil.

A própria estrutura da NBA favorece a paridade e o revezamento entre as equipes. Não há rebaixamento na liga, que é formada por 30 franquias que disputam a competição em todas as temporadas. Durante a história do torneio, já houve o surgimento de novas equipes e algumas realocações, mas sem a exclusão de times já participantes. Além disso, durante a temporada regular, cada equipe disputa 82 partidas, o que permite um maior desenvolvimento dos jogadores jovens e faz com que mesmo as equipes mais fracas obtenham vitórias ao longo do ano.

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