(Redes Sociais/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 7 de novembro de 2024 às 17h56.
O Brasil volta a ter um piloto na Fórmula 1 depois de sete anos: na manhã desta quarta-feira, 6, a Sauber anunciou que Gabriel Bortoleto vai fazer parte do grid da próxima temporada. A última vez que um piloto brasileiro representou o país como titular foi Felipe Massa, em 2017, quando anunciou a aposentadoria. Em 2020, Pietro Fittipaldi correu as duas últimas provas, mas em substituição a Romain Grosjean, que se aposentou após um grave acidente no Bahrein.
Bortoleto tem 20 anos e é natural de São Paulo. Começou a carreira no kart, ainda em 2020. Nos anos seguintes, depois de desempenhos modestos nas competições de Fórmula Regional, passou a disputar a Fórmula 3, em 2023, quando conquistou o título. A partir desta conquista, garantiu uma vaga na academia de formação de pilotos da McLaren. No ano passado, o brasileiro fez sua estreia na Fórmula 2, e logo no primeiro ano conquistou a primeira vitória, na etapa da Áustria, pela equipe Invicta.
Os rumores de que Bortoleto fosse anunciado como piloto principal da Sauber começaram em meados deste ano, e se intensificaram depois que o espanhol Fernando Alonso, sócio da empresa que administra a carreira do piloto, afirmou que essa possibilidade era real.
Bortoleto chega para a vaga de Valtteri Bottas e formará dupla com o alemão Nico Hulkenberg, que também estreará pela Sauber ao deixar a Haas nesta temporada - ele ocupará o lugar de Guanyu Zhou.
Bortoleto ainda tem chance de título neste ano, já que lidera a reta final da Fórmula 2, com 169.5 pontos, numa disputa acirrada com Isack Hadjar, da Campos Racing, que possui 165 pontos. Faltam duas corridas para o final da temporada.
Mas o que isso pode representar, na prática, para o mercado brasileiro, tanto para os patrocinadores, incluindo os do próprio piloto, e também para as marcas, com o retorno de um piloto brasileiro à F1? Especialistas opinam.
“Embora a Sauber não tenha um histórico de vitórias e não deva disputar as primeiras posições do grid imediatamente, a presença de Gabriel Bortoleto atrairá a atenção do público brasileiro. Ter um piloto nacional de volta à Fórmula 1, especialmente em uma equipe que se transformará com a entrada da Audi em 2026, inaugura um novo capítulo pro Brasil na categoria mais desejada do automobilismo. Essa presença pode reacender o interesse dos fãs e atrair novas marcas, que veem potencial em apoiar um talento nacional, criando uma conexão única com o público. Gabriel representa uma oportunidade de conexão e inspiração, independentemente da posição que a Sauber ocupa no grid", explica Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.
"Acredito que pode representar um divisor de águas para o país, tanto no despertar do público brasileiro, que gosta e consome F1, mas estava adormecido nesses últimos anos, apesar da alta demanda no GP do Brasil, quanto para as marcas e negócios, diretos e indiretos, que podem capitalizar em torno da presença de um brasileiro de volta à modalidade", afirma Joaquim Lo Prete, Country Manager da Absolut Sport, agência de marketing esportivo que comercializa pacotes para o GP de Fórmula 1 no Brasil.
“O povo brasileiro é fanático pela F1. Quantos domingos aguardamos para ver grandes ídolos nacionais como Senna, Piquet e Fittipaldi? Depois de nos acostumarmos a acompanhar os brasileiros na modalidade, ficamos sete longos anos sem um representante na categoria. Gabriel Bortoleto surge como um grande talento e renova a expectativa do povo brasileiro em relação à F1. O termômetro também pode ser sentido no mercado publicitário. A Globo tentou retomar os direitos de transmissão da modalidade, porém a Band exerceu o contrato vigente", explica Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo, e que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do esporte.
"Vale destacar que, mesmo sem pilotos brasileiros no grid, o Grande Prêmio de São Paulo em Interlagos continua a ser um sucesso de público. Em 2024, o evento registrou um recorde de 291.677 espectadores ao longo dos três dias de atividades, demonstrando a paixão inabalável dos brasileiros pela Fórmula 1. A presença de Bortoleto tem o potencial de amplificar ainda mais esse engajamento, fortalecendo a conexão entre o país e o esporte", complementa Ivan Martinho.