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Oitavas da Champions: Entenda por que a fase conta com menor presença de times espanhóis na história

Paris Saint-Germain, Bayern de Munique, Milan e Tottenham jogam nesta terça-feira

Champions: Uma ausência que causa estranheza, afinal, é o país com mais títulos e presenças em finais na história da competição (Eric Alonso/Getty Images)

Champions: Uma ausência que causa estranheza, afinal, é o país com mais títulos e presenças em finais na história da competição (Eric Alonso/Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 14 de fevereiro de 2023 às 12h38.

Dois jogos abrem nesta terça-feira as oitavas de final da ChampionsParis Saint-Germain contra Bayern de Munique e Milan contra Tottenham. Quatro times, nenhum espanhol. Quarta-feira, outro quarteto — Borussia Dortmund x Chelsea e Brugge x Benfica. Todos de outros países, incluindo um “intruso” clube belga. É a fase de mata-mata menos espanhola de todos os tempos, desde que a competição passou a ser disputada no formato atual, em 2003/2004. Uma ausência que causa estranheza, afinal, é o país com mais títulos e presenças em finais na história da competição. Mas que não chega a ser completamente surpreendente.

Atual campeão, o Real Madrid será o único representante da Espanha. O time merengue jogará contra o Liverpool no próximo dia 21. A ausência do detentor de nada menos que 14 títulos seria algo tão raro e inusitado quanto avistar a passagem de um cometa. Quanto aos outros espanhóis que jogaram a fase de grupos, de certa forma era possível imaginar que o pior poderia acontecer.

Barcelona e Sevilla deram azar no sorteio, caindo em grupos fortes. O primeiro não foi páreo para Bayern de Munique e Internazionale; o segundo não fez frente a Manchester City e Borussia Dortmund. Pesa contra o Sevilla o fato de viver temporada ruim — é apenas o 12º colocado no Espanhol.

O Atlético de Madrid completa o trio de derrotados precocemente. Foi o último colocado em um grupo com Porto, Brugge e Bayer Leverkusen. No Espanhol, está fora da briga pelo título, já a 18 pontos do líder Barcelona com pouco mais de um turno jogado. O trabalho de Diego Simeone começa a dar sinais de cansaço.

Tratam-se de motivos circunstanciais. Há algo mais estrutural acontecendo que explica o viés de baixa dos clubes espanhóis. O primeiro é a própria geração de jogadores formados no país. Na Copa do Mundo, Luis Enrique levou uma seleção renovada para o Catar. Depois do começo empolgante com goleada de 7 a 0 sobre a Costa Rica, o time empacou até a eliminação ainda nas oitavas de final, para o Marrocos. Os talentos existem, mas ainda não estão exatamente prontos. E a escola espanhola, de posse de bola, não é mais tão dominante quanto foi uma década atrás.

Mesmo o Barcelona, segundo clube mais rico do mundo, atrás apenas do Real Madrid, baseia boa parte de seu futebol nos jogadores espanhóis. Quando a safra não é tão boa ou demora demais para desabrochar, o time sente os efeitos disso.

O aspecto econômico também tem seu peso. Real e Barça seguem no topo, mas cada vez mais ameaçados pelos rivais, especialmente da Inglaterra. De acordo com o ranking anual divulgado pela revista Forbes, em 2015 o Real Madrid, no topo da lista, era quatro vezes mais rico que o décimo colocado Milan. Em 2022, o clube merengue vale “apenas” duas vezes mais que o Tottenham, clube que fechou o top 10 na lista mais recente.

Os gigantes espanhóis não conseguem crescer na mesma proporção que os ingleses. Enquanto Real e Barça engordaram 52% e 61%, respectivamente, entre 2015 e 2022, Liverpool e Manchester City tiveram saltos de 348% e 204%, respectivamente. É natural que tenham cada vez mais dificuldades para competir. Os menores espanhóis então, nem se fala.

PSG em crise

Obviamente, o dinheiro não explica todas as coisas no futebol. O Paris Saint-Germain, fora dos dez mais ricos da Forbes em 2015, há anos figura entre os mais poderosos financeiramente — foi o sétimo em 2022 — e nem por isso conseguiu ser campeão europeu. Sempre há alguma coisa no caminho: ou dá azar no sorteio do mata-mata, ou perde jogadores importantes por lesão na hora decisiva, ou atravessa má fase técnica justamente quando precisa enfrentar os adversários mais fortes.

Dessa vez, os franceses conseguiram a proeza de ter pela frente todos os obstáculos ao mesmo tempo. Enfrentarão o Bayern de Munique, sempre candidato a pelo menos uma semifinal de Champions. Correm o risco de não contar com Mbappé, que tenta se recuperar de lesão a tempo e, para completar, vivem crise no vestiário. Depois de duas derrotas seguidas, para Olympique, que ocasionou a eliminação na Copa da França, e para o Monaco, pelo Francês, o diretor esportivo Luís Campos discutiu asperamente com os brasileiros Marquinhos e Neymar, ao cobrar maior empenho dos jogadores. O próprio camisa 10 confirmou o episódio.

"Aconteceu uma discussão onde nós não concordamos com que o Luís estava falando, mas isso acontece. Não é uma briga onde vai romper tudo, eu discuto com meus amigos e mesmo assim eu amo todos eles. Acho que faz parte a discussão no futebol, futebol não é só amor, carinho e amizade", minimizou na coletiva antes da partida contra o Bayern.

Será nesse clima que o PSG jogará no Parque dos Príncipes, atrás de uma vitória que contrarie todo o favoritismo alemão, hexacampeão europeu. O outro duelo da Champions hoje é bem parecido nesse aspecto, de opor quem tem tradição e quem tem dinheiro. O Milan receberá o Tottenham no San Siro, partida que marca o retorno do peso pesado italiano ao mata-mata da competição europeia após nove temporadas. Um hiato grande demais para quem conquistou o título sete vezes. Do outro lado, terá os Spurs, entre os dez mais ricos no mundo, emergentes que foram vice-campeões em 2018/2019.

Em comum entre eles, o fato de que a essa altura da temporada, depositam todas as fichas na Champions. Ambos já não têm mais chances de título nas ligas nacionais. Outra semelhança: não importa quem passe, será surpresa caso sobreviva também às quartas de final.

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