Ódio na internet: Australiana do breaking enfrenta críticas após Olimpíada
Participação de "Raygun" nos Jogos de Paris provoca polêmica sobre seleção e novos esportes.
Redator na Exame
Publicado em 16 de agosto de 2024 às 13h52.
O desempenho de Rachael "Raygun" Gunn, representante australiana na estreia do breaking nas Olimpíadas de Paris, provocou um intenso debate público e levantou questões sobre os critérios de seleção de atletas para os Jogos.Gunn, que também é professora universitária em Sydney, executou uma rotina que incluiu movimentos como saltos de canguru e imitação de um aspersor, mas não conseguiu conquistar votos dos juízes, o que gerou uma enxurrada de críticas nas redes sociais. As informações são do Financial Times.
A repercussão negativa não se limitou ao público. Uma petição online, que rapidamente reuniu mais de 50 mil assinaturas, questionou a seleção de Gunn e também criticou Anna Meares, chefe da delegação australiana em Paris.Em resposta, o Comitê Olímpico Australiano (AOC) classificou as alegações como "injustas e enganosas", e afirmou que Gunn foi escolhida após vencer uma competição na Oceania em 2023, que seguiu rigorosamente o sistema de qualificação estabelecido pelo Comitê Olímpico Internacional.
Apesar da reação adversa, Gunn afirmou que sua performance foi séria e expressou tristeza com o volume de ataques que recebeu nas plataformas digitais. Em um vídeo publicado no Instagram, a atleta reforçou seu compromisso com o esporte, rebatendo as acusações de que teria ridicularizado a modalidade.
Celebração e polêmica
A polêmica envolvendo "Raygun" ocorre em um momento em que aAustrália celebra um desempenho recorde nas Olimpíadas de Paris, conquistando 18 medalhas de ouro, incluindo em esportes recentemente incorporados ao programa olímpico, como o BMX e o skate. No entanto, a controvérsia sobre a seleção de Gunn revela as dificuldades enfrentadas pelos novos esportes ao entrarem no cenário olímpico.
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, saiu em defesa de Gunn, elogiando sua participação como um exemplo do espírito esportivo e da cultura australiana. Anna Meares, por sua vez, condenou os ataques à atleta como um reflexo dos desafios que as mulheres continuam a enfrentar no mundo dos esportes.
Em um contexto mais amplo, a trajetória de Gunn pode marcar um ponto de inflexão na forma como o público e os gestores esportivos percebem os novos esportes olímpicos. Christopher Luxon, primeiro-ministro da Nova Zelândia, destacou a relevância cultural da atleta em um discurso recente, comparando sua contribuição à de figuras icônicas australianas.
Para Tim Harcourt, economista do Centro de Esportes, Negócios e Sociedade da Universidade de Tecnologia de Sydney, a atenção gerada por Gunn pode trazer impactos inesperados e positivos para sua carreira acadêmica, transformando-a em uma figura reconhecida internacionalmente. Harcourt também comparou sua ascensão à fama à trajetória de outros atletas que, contra todas as probabilidades, deixaram sua marca na história dos Jogos Olímpicos.