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Mesmo sem Vítor Pereira, técnicos portugueses já representam quase metade do Campeonato Brasileiro

Futebol nacional nunca foi tão dominado pelos profissionais lusitanos; são sete comandantes, ou 35% da elite, e número pode chegar a 40% caso Jorge Jesus acerte seu retorno

Vítor Pereira: caso o rubro-negro traga de volta Jorge Jesus, 40% dos técnicos da Série A serão portugueses (Franklin Jacome/Getty Images)

Vítor Pereira: caso o rubro-negro traga de volta Jorge Jesus, 40% dos técnicos da Série A serão portugueses (Franklin Jacome/Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 11 de abril de 2023 às 17h24.

Última atualização em 18 de abril de 2023 às 09h42.

O domínio português no futebol brasileiro já vem de algumas temporadas, mas o mercado jamais esteve tão repleto de lusitanos como agora. Eles já representam 77,7% dos estrangeiros atuando na primeira divisão nacional e 35% entre todos os profissionais da elite em nosso futebol.

Mesmo com a queda de Vítor Pereira no Flamengo, nove treinadores dos 20 clubes que compõem o Brasileirão vêm de fora. Portugal, no entanto, conta com um número recorde de sete na competição. Caso o rubro-negro traga de volta Jorge Jesus, 40% dos técnicos da Série A serão portugueses.

“Além de agregarem com os conhecimentos de futebol obtidos nos outros países, esses treinadores podem ser excelentes pontes para que as equipes trabalhem suas marcas fora do Brasil. Ativações digitais pensadas e direcionadas para essas regiões, por exemplo, são iniciativas que possuem relativamente um custo baixo e que, no médio e no longo prazo, com muito estudo e uma estratégia bem alinhada, podem trazer excelentes resultados de exposição para os clubes”, destaca Renê Salviano, CEO da Heatmap, especialista em marketing esportivo.

Abel Ferreira, o trabalho de maior sucesso, já está no Palmeiras desde 2020. Luís Castro vai para a sua segunda temporada no Botafogo. António Oliveira, no Coritiba, e Ivo Vieira, no Cuiabá, chegaram no decorrer do último campeonato. Renato Paiva e Pedro Caixinha foram contratados em janeiro por Bahia e Red Bull Bragantino, respectivamente. Pepa é o mais novo membro do clube, recém-chegado ao Cruzeiro.

Os outros dois estrangeiros que completam a lista são argentinos. Eduardo Coudet, no Atlético-MG, e Juan Pablo Vojvoda, que até foi desejado por diversos clubes da Série A, incluindo o Corinthians, mas optou por renovar com o Fortaleza, clube que está à frente desde 2021.

“Cria também um desenvolvimento de marca em nível internacional. Quando você traz um treinador argentino, como é o nosso caso com o Vojvoda, as pessoas na Argentina passam a conhecer mais o Fortaleza. Quando o clube traz um técnico português, as pessoas em Portugal passam a conhecer mais aquele clube. O futebol brasileiro é atrativo, tem grandes atletas, então os treinadores gostam de vir trabalhar aqui, viver essa experiência, querem prosperar no Brasil. O mercado de jogadores internacionais cresceu muito também e vai crescer mais com o novo limite de sete estrangeiros. Temos de ver com naturalidade, assim como achamos legal quando o Felipão esteve no Chelsea, o Luxemburgo no Real Madrid, o Abel Braga na França. Os clubes têm livre escolha, contratam quem acham que têm de contratar, o melhor daquele momento para seu projeto esportivo”, aponta Marcelo Paz, presidente do Fortaleza.

Febre portuguesa

Principal campeonato nacional do planeta, a Premier League, da Inglaterra, também já viveu a sua febre portuguesa. Se aqui quem iniciou a onda foi Jorge Jesus, com o Flamengo, em 2019, por lá foi José Mourinho, multivencedor com o Chelsea. André Villas-Boas, Carlos Carvalhal, Bruno Lage e Nuno Espírito Santo seguiram seus passos. Porém, hoje a liga conta com somente um português, Marco Silva, treinador do Fulham.

Apesar de vir de cinco derrotas seguidas, o trabalho de Silva está bem cotado entre os ingleses. Segundo a Odds&Scouts, uma das principais empresas de geração de dados para plataformas de apostas esportivas em todo o mundo, o comandante do time londrino é apenas o 12º da lista entre os mais propícios a perder o emprego, aposta bastante popular entre os torcedores por lá, com odds de R$ 51 para cada R$ 1 do palpite vencedor. O primeiro desta amarga classificação é o galês Steve Cooper, do Nottingham Forest, com odds de R$ 1,57. Vale lembrar que quanto menos se paga, maior a probabilidade de o evento ocorrer. Marco Silva está atrás até de Jurgen Klopp, comandante do Liverpool, terceiro da lista de mais cotados para demissão.

“Os técnicos estrangeiros proporcionam visibilidade do Campeonato Brasileiro no exterior. Por serem nomes representativos, como Abel Ferreira, isso gera atenção e muitos curiosos como eles vão desempenhar no brasileiro. Isso é bom para o campeonato. Ele passa a ser negociado também para um número maior de países”, comenta Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports, agência de marketing esportivo.

Há mais tempo no Brasil, Abel Ferreira já cria laços e raízes por aqui. O treinador, vencedor de oito troféus com o Palmeiras, frequenta toda semana o restaurante Braza, da Gourmet Sports Hospitality (GSH), localizado em um dos camarotes do Allianz Parque. Seu prato preferido é o Tomahawk Black Angus, um corte de costela que acompanha cogumelos, tomates e conta com um toque de cachaça, azeite de alho e cebolinha japonesa. O prato está custando R$ 378.

O vínculo com o país é tão forte que Abel pode ser tornar o primeiro treinador estrangeiro da história da seleção brasileira. O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, admitiu a possibilidade de abrir o cargo para um profissional de fora e o nome do comandante alviverde é um dos mais cotados, ao lado do italiano Carlo Ancelotti e do compatriota Jorge Jesus. Muricy Ramalho, tricampeão brasileiro com o São Paulo, foi uma das figuras de peso que já expôs publicamente o desejo de ver Abel à frente da equipe verde e amarela.

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