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A COP30, em Belém, projetou o Brasil no centro das atenções globais, reforçando sua imagem como destino estratégico para o turismo de natureza (Leandro Fonseca /Exame)
Redação Exame
Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 10h00.
Última atualização em 23 de dezembro de 2025 às 10h17.
*Por Thais Scharfenberg e Victor Del Vecchio
O turismo brasileiro vive um momento sem precedentes. Em 2025, o país alcançou um novo patamar no fluxo de visitantes internacionais, ultrapassando a marca de nove milhões de turistas estrangeiros ao longo do ano, segundo o Ministério do Turismo - um salto expressivo em relação aos 6,7 milhões registrados em 2024, até então o melhor resultado da série histórica.
O desempenho coloca o Brasil entre os destinos de crescimento mais acelerado do mundo e reforça uma trajetória consistente de expansão, com expectativa de atingir 10 milhões de visitantes internacionais no curto prazo.
Segundo dados da ONU Turismo, entre janeiro e setembro de 2025 o Brasil liderou o crescimento global do turismo internacional, com alta de 45% nas chegadas em comparação com o mesmo período de 2024.
O impacto econômico acompanha esse movimento. Apenas entre janeiro e novembro, os visitantes estrangeiros movimentaram US$ 7,17 bilhões na economia brasileira, consolidando 2025 como o ano de maior volume de receitas do turismo internacional já registrado no país.
Esse avanço supera, com antecedência, as metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Turismo para 2027, que previa a chegada de 8,1 milhões de visitantes internacionais até aquele ano.
O resultado reflete uma combinação de fatores: políticas públicas voltadas à internacionalização, fortalecimento da promoção externa e uma estratégia deliberada de posicionar o turismo como setor-chave para o desenvolvimento econômico.
O cenário internacional também contribuiu para esse reposicionamento.
A realização da COP30, em Belém, projetou o Brasil no centro das atenções globais, reforçando sua imagem como destino estratégico para o turismo sustentável e de natureza, segmentos nos quais o país reúne vantagens competitivas únicas, ao combinar biodiversidade, riqueza cultural, hospitalidade e atuação de comunidades tradicionais.
Em paralelo ao crescimento do fluxo turístico, 2025 marcou uma mudança estrutural no comportamento de consumidores e empresas do setor.
Dados do Ministério do Turismo indicam aumento na demanda por meios de transporte com menor pegada de carbono, meios de hospedagem com práticas ambientais estruturadas e experiências turísticas conectadas à preservação de ecossistemas e à valorização cultural local.
Essa tendência reflete um movimento global de maior conscientização ambiental e responde a pressões econômicas e regulatórias cada vez mais concretas. Empresas do setor turístico já lidam com riscos climáticos mais evidentes, custos operacionais associados a eventos extremos e uma demanda crescente de investidores e consumidores por transparência e responsabilidade ambiental.
Foi nesse cenário que a COP30 consolidou o turismo como tema estratégico da agenda climática, com dois Dias Temáticos dedicados ao setor, liderados pela UN Tourism em parceria com o Ministério do Turismo, reunindo governos, empresas e organismos multilaterais para avançar na integração entre adaptação climática, resiliência territorial e planejamento turístico de longo prazo.
A mensagem foi clara: destinos que não incorporarem dados de risco climático, soluções baseadas na natureza e estratégias de adaptação nos seus planos de desenvolvimento tendem a perder competitividade.
Sustentabilidade deixou de ser diferencial reputacional e passou a ser condição de viabilidade econômica.
Além da adaptação, a COP30 trouxe avanços concretos na agenda de financiamento, inovação e governança do turismo.
Foram debatidas soluções para ampliar o uso de combustíveis alternativos, escalar projetos de reflorestamento, restaurar recifes de corais, desenvolver iniciativas de carbono azul e estruturar mecanismos de finanças mistas capazes de atrair capital privado para projetos turísticos de baixo carbono e alta resiliência.
Um marco relevante foi a inclusão de um Plano de Soluções Aceleradas para o Turismo no âmbito dos UNFCCC High-Level Climate Champions.
O plano propõe uma abordagem integrada para mensuração de emissões, mitigação e adaptação climáticas, com foco na proteção de florestas, oceanos e biodiversidade, ativos centrais para o futuro do setor.
No Brasil, esse movimento foi reforçado por uma estratégia ativa de promoção internacional. O lançamento do Plano de Marketing Turístico Internacional – Plano Brasis ampliou a presença do país nos principais mercados emissores, reforçando a imagem de um destino continental.
Para empresas, investidores e gestores públicos, o recado é claro: o turismo sustentável deixou de ser discurso e passou a gerar vantagem competitiva, acesso a financiamento e redução de riscos.
Com resultados históricos e uma estratégia de posicionamento internacional, o Brasil avança para consolidar o turismo como motor de desenvolvimento, alinhado à agenda ESG e às prioridades globais de clima e biodiversidade.
*Thais Scharfenberg é internacionalista e especialista em adaptação climática, consultora de ESG e ODS e Victor Del Vecchio é advogado e mestre pela USP, consultor em ESG e Sustentabilidade.