ESG

Apoio:

logo_unipar_500x313
logo_espro_500x313
Logo Lwart

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Toxina e 'maré vermelha': por que mais de 70 baleias morreram na Argentina?

Especialistas associam o fenômeno ao aumento das temperaturas marítimas e ao ciclo da primavera na região da Península Valdés

Especialistas investigam as causas das mortes de baleias na Península Valdés, na Argentina, e atribuem o fenômeno à “maré vermelha” e ao aumento das temperaturas marítimas. (Administração da Área Natural Protegida Península Valdés/Reprodução)

Especialistas investigam as causas das mortes de baleias na Península Valdés, na Argentina, e atribuem o fenômeno à “maré vermelha” e ao aumento das temperaturas marítimas. (Administração da Área Natural Protegida Península Valdés/Reprodução)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 8 de novembro de 2024 às 12h31.

Mais de 70 baleias-francas-austrais foram encontradas mortas nas costas da Península Valdés, em Chubut, Argentina, nos últimos dias, causando alarme entre ambientalistas e autoridades locais. Esse aumento no número de mortes — que já supera os registros de anos anteriores, com 13 casos em 2022 e 30 em 2023 — está gerando uma mobilização entre cientistas para compreender as causas e mitigar o impacto na região. As informações são do La Nación.

De acordo com Gabriela Bellazzi, presidente do Conselho Deliberativo de Puerto Pirámides e integrante da rede de encalhes, o fenômeno pode estar relacionado à “maré vermelha”, um surto de algas tóxicas que ocorre sazonalmente e se intensifica com o aumento das temperaturas marítimas na primavera. Essa toxina natural, produzida por algas, é absorvida pelos organismos marinhos que compõem a dieta das baleias-francas. Ao filtrarem esses organismos, as baleias acabam ingerindo níveis letais da substância, o que pode levar à morte.

O acúmulo de cadáveres na costa não apenas representa uma tragédia ambiental, mas também coloca desafios logísticos e sanitários para as autoridades locais. A decomposição dos corpos gera gases que, ao se acumularem, podem provocar explosões dos corpos dos animais, representando um risco à segurança e ao turismo. Para evitar o impacto nas áreas turísticas, o Ministério do Turismo da província, em conjunto com outras organizações, está realizando operações para remover os cadáveres das praias e preservar as áreas de visitação, conhecidas por seus passeios de observação de baleias.

'Maré vermelha'

A “maré vermelha” é um fenômeno comum em várias partes do mundo e é resultado da proliferação excessiva de microalgas tóxicas, muitas vezes estimulada por condições ambientais específicas, como o aumento da temperatura e nutrientes na água. Embora ocorra naturalmente, sua intensificação pode estar relacionada às mudanças climáticas, que afetam o comportamento das correntes marítimas e a composição química dos oceanos. O aumento de casos de mortes de baleias e outras espécies marinhas por intoxicação está despertando atenção global, pois indica possíveis impactos das mudanças ambientais sobre os ecossistemas.

A morte dessas baleias francas é um reflexo de um ecossistema em desequilíbrio, com o fenômeno da “maré vermelha” atuando como um catalisador fatal. Para os especialistas, essa situação reforça a necessidade de monitoramento contínuo das águas e uma resposta rápida para evitar que o fenômeno atinja níveis ainda mais devastadores para a vida marinha e para as comunidades que dependem do turismo ecológico na Península Valdés.

Bellazzi ressalta que a preservação das baleias é essencial não só para a biodiversidade da região, mas também para a economia local. “É uma perda muito grande, não apenas ambiental, mas também cultural e econômica, pois as baleias são um dos principais atrativos turísticos”, afirmou em entrevista para o La Nación.

Acompanhe tudo sobre:ArgentinaDesastres naturaisAnimaisAmbientalistas

Mais de ESG

Proteína de algas marinhas pode potencializar antibióticos e reduzir dose em 95%, aponta estudo

Como distritos de Mariana foram reconstruídos para serem autossustentáveis

'Rodovia elétrica' entre Etiópia e Quênia reduz apagões e impulsiona energia renovável na África

Ascensão de pessoas com deficiência na carreira ainda é desafio, diz estudo