Telefônica reduz 80% das emissões diretas 8 anos antes do previsto e reforça plano sustentável
Maya Ormazabal, diretora global de Meio Ambiente e Direitos Humanos do grupo Telefônica e Renato Gasparetto, vice-presidente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Vivo detalharam plano de sustentabilidade com exclusividade à EXAME
Repórter de ESG
Publicado em 24 de novembro de 2023 às 11h23.
Última atualização em 24 de novembro de 2023 às 13h01.
Quando a companhia de telecomunicações Telefônica anunciou previsões de atingir uma redução de 80% das emissões de CO2 diretas (escopo 1 e 2) das operações globais , se comparadas a 2016, os executivos não imaginaram que isto seria alcançado já em 2022 -- isto é, oito anos antes do previsto. Considerando o resultado, a companhia acaba de rever a meta e buscar a redução de 90% das emissões para 2030, além de 56% em toda a sua cadeia de valor (escopo 3) e emissões líquidas zero até 2040.
A novidade foi apresentada no 14º Workshop Global de Energia e Mudanças Climáticas da Telefônica, que ocorre no Brasil entre quarta-feira, 22, e sexta-feira, 24. "A Telefônica trabalha o tema da sustentabilidade há mais de 20 anos. Atualmente, estamos focados na diminuição de impacto ambiental por meio, por exemplo, da redução das emissões de gases causadores do efeito estufa. A nova meta é possível pela força de trabalho em frentes como transição energética, digitalização, redução do consumo de gases refrigerantes, entre outros", dizMaya Ormazabal, diretora global de Meio Ambiente e Direitos Humanos do grupo Telefônica em entrevista exclusiva à EXAME no escritório da Vivo em São Paulo.
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O Workshop, que acontece há 14 anos ininterruptos, é realizado no Brasil pela segunda vez, sendo o primeiro em Foz do Iguaçu, em 2017. Desta vez, o evento recebe cerca de 250 pessoas, entre funcionários e parceiros que conhecem os resultados e discutem soluções de sustentabilidade.
"Fazer o evento aqui neste momento é muito importante, visto que o Brasil é um dos maiores mercados da Telefônica, assim como Espanha e Alemanha. Além disto, estes países lideram as boas práticas socioambientais da companhia", diz. Exemplo disto é o uso de energia 100% renovável nos três países.
O Grupo Telefônica conseguiu reduzir, em 2022, o consumo de energia em 7,2% em comparação com 2015, mesmo com o tráfego gerenciado por suas redes aumentando 7,4 vezes. Para alcançar isso, foram determinantes a implementação de projetos de eficiência energética, geração distribuída, e 82% do consumo global de eletricidade proveniente de fontes renováveis.
Parceiros e fornecedores
O envolvimento de toda a cadeia é essencial para que a Vivo (empresa da Telefônica no Brasil) alcance o objetivo de reduzir, em 2040, 90% as emissões do escopo 3 quando comparado com 2016. Atualmente, a companhia registra redução de 31%. "Precisamos envolver os fabricantes de smartphones e dos demais insumos e aparelhos que utilizamos. Essas empresa, que vão de Apple aos pequenos fabricantes, precisam conhecer os dados de emissões e impacto para reduzi-los e, conjuntamente, atingirmos os resultados esperados", diz Maya.
No Brasil, uma prática adotada foi escolher os 125 fornecedores, entre cerca de 1200, com os maiores registros de emissões, para um acompanhamento próximo. "Muitos deles tiveram resistência em tratar o tema, mas ao final de 2021 fizemos um trabalho de sensbilização e inventário de emissões, e há dois anos compartilhamos boas práticas. O resultado é a percepção deles sobre o menor impacto ambiental e o maior ganho financeiro", diz Renato Gasparetto, vice-presidente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Vivo.
O executivo lembra ainda que, num setor no qual as metas são voluntárias, é preciso desenvolver um plano de ação também para as emissões residuais. "Investimentos em projetos de preservação e regeneração de florestas, sempre olhando para a qualidade do crédito de carbono, para sermos NetZero de modo responsável", diz.
Envolvimento do cliente
As reduções de emissões no escopo 3 são relativas também aos clientes. É por isto que a companhia investe, por exemplo, em iniciativas de economia circular com a retirada de aparelhos que não serão mais utilizados, o redesenho de aparelhos para o menor uso de matérias-primais, entre outros planos de ação climática.
"O mercado climático é transversal. Assim, temos objetivos assinados com empresas de eletrônicos e, inclusive com operadoras de telefonia concorrentes, como é o caso da Orange e Vodafone na Espanha, para incentivarmos a ampliação da economia circular, o que resulta em melhorias na bioversidade e no uso de recursos naturais", diz Maya.
No Brasil há programa Vivo Recicle, que recolhe resíduos pequenos, como aparelhos celulares, acessórios cabos, carregadores, fones, baterias e pilhas usadas de qualquer modelo, de qualquer operadora, por meio de lixeiras disponíveis em todas lojas no país. Em 2022, 11,3 toneladas de lixo eletrônico foram coletados. O programa como um todo já recolheu mais de 5,2 milhões de itens, dando a destinação adequada a mais de 139 toneladas de resíduos.
Outra ação é o Selo Eco Rating, iniciado aqui em 2016 ao oferecer aos clientes a opção por um consumo mais sustentável. A iniciativa mede o impacto ambiental dos telefones celulares ao longo de todo o ciclo de vida, através de uma metodologia que atribui uma pontuação (entre 1 e 100) para cada dispositivo, sendo que quanto maior a sua pontuação, mais sustentável é o aparelho. s. Em 2022, 71% do catálogo de celulares ofertado aos clientes já contam com este sistema.
Para Renato, o sucesso dos programas está na cultura da companhia. "Todo o plano de sustentabilidade é aprovado em um conselho global uma vez ao ano, assim como por meio das reuniões periódicas locais. É um modelo de governança que também atribiu metas de sustentabilidade aos bônus dos funcionários, de modo que toda a estratégia de negócios é pautada em ações verdes".
O executivo lembrou também que, em 2022, a Vivo emitiu R$3,5 bilhões em Sustainability–Linked Bonds (SLBs), debêntures vinculadas ao atingimento de metas ESG. Os compromissos, até 2027, preveem a redução de 40% das emissões diretas de gases de efeito estufa em relação a 2021. Além do atingimento de indicador maior ou igual a 30% de negros em cargos de liderança.
"É importante lembrar que quando tratamos clima, estamos tratando das pessoas. A Vivo olha de forma interseccional para os temas ambientais e de segurança, trabalho digno, saúde e tudo relacionado à qualidade de vida dos stakeholders", finaliza Maya.