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Com a grande variação da geração renovável ao longo do dia, as baterias são uma das soluções para que as oscilações não afetem a estabilidade da rede. (Witthaya Prasongsin/Getty Images)
Colunista
Publicado em 29 de julho de 2024 às 11h38.
Um artigo recente publicado neste espaço explicou como a “curva do pato” tem criado oportunidades para viabilizar o armazenamento de energia, aproveitando a dinâmica entre oferta e demanda provocada pelo aumento da participação de usinas renováveis na matriz elétrica, especialmente a solar.
As fontes renováveis, como a solar e a eólica, dependem intrinsecamente de condições climáticas. Portanto, a energia que elas injetam no sistema não tem um fluxo constante, apresentando, inclusive, interrupções. Dessa forma, sua integração com unidades de armazenamento traria mais equilíbrio e segurança para o sistema.
Durante o período de 2016 a 2022, houve um significativo aumento na instalação de baterias em escala mundial, com cerca de 80% dessa capacidade sendo adicionada entre 2020 e 2022. Os Estados Unidos e a China destacam-se nesse cenário, representando, juntos, aproximadamente 67% da capacidade global instalada.
Fonte: International Energy Agency - IEA
Com a grande variação da geração renovável ao longo do dia, as baterias são uma das soluções para que as oscilações não afetem a estabilidade da rede, já que podem armazenar a energia excedente em períodos de baixa demanda ou alta produção e liberá-la em períodos de alta demanda ou baixa produção.
O tempo de acionamento de uma bateria é extremamente baixo. Isto lhes permite auxiliar, em serviços como a regulação da frequência da rede, garantindo que esta permaneça na faixa adequada para operação.
É importante ressaltar que a legislação deve proporcionar suporte regulatório para implementação e utilização das unidades de armazenamento. Por tratar-se de um novo tipo de ativo, os arcabouços regulatórios pelo mundo muitas vezes não possuem ainda regras que definam diretrizes para utilização e remuneração de baterias.
Além do aspecto regulatório, os mercados de energia também devem ser capazes de remunerar estes investimentos, proporcionando oportunidades para o seu desenvolvimento. As baterias podem oferecer uma nova gama de produtos voltados, por exemplo, para o atendimento de requisitos de flexibilidade.
Embora a participação de baterias no próximo leilão de reserva de capacidade, previsto para ocorrer no final deste ano, tenha sido objeto de discussão, o Brasil ainda não possui uma regulamentação bem definida para este tipo de ativo. Contudo, historicamente, o país sempre teve suas “baterias naturais”, que são as usinas hidrelétricas com grandes reservatórios.
Com isso, conseguimos armazenar energia em forma de água para suprir os serviços de que o Sistema Interligado Nacional (SIN) necessita. No entanto, o crescimento da demanda por esses serviços, juntamente com as restrições à construção de novos reservatórios hidrelétricos de grande porte, torna necessário buscar novas formas de atender as necessidades do sistema.