Rússia tem maior mina de ouro do mundo, mas só deve explorá-la em 2023
Os preços do ouro no mundo inteiro atingiram recorde em agosto com os estímulos na economia para aliviar os efeitos da pandemia de coronavírus
Leo Branco
Publicado em 26 de outubro de 2020 às 08h11.
Última atualização em 26 de outubro de 2020 às 09h08.
A Polyus, maior mineradora de ouro da Rússia, disse que seu depósito inexplorado Sukhoi Log, na Sibéria, contém as maiores reservas do mundo.
Uma auditoria mostrou que o Sukhoi Log tem 40 milhões de onças de reservas comprovadas, segundo os padrões internacionais JORC, com teor médio de ouro de 2,3 gramas por tonelada, disse o diretor-presidente da empresa, Pavel Grachev. Isso significa que o campo - que responde por mais de 25% das reservas de ouro da Rússia - é maior do que o KSM Project da Seabridge Gold, no Canadá, e que o Donlin Gold, no Alasca.
“A estimativa das reservas é um marco importante no desenvolvimento do campo”, disse Grachev em entrevista de Moscou.
O Sukhoi Log, localizado na região isolada de Irkutsk da Sibéria, foi descoberto por geólogos soviéticos em 1961 e estudado na década de 1970. O governo há muito tempo considerava explorar o depósito e, em 2017, vendeu o campo em um leilão para a Polyus e uma parceira estatal, cuja participação foi comprada posteriormente pela mineradora.
A Polyus disse no início deste ano que teria como foco projetos menores e reduziria seu índice de endividamento nos próximos anos antes de desenvolver o campo. A empresa planeja anunciar detalhes sobre a produção esperada e o investimento no Sukhoi Log assim que um estudo de pré-viabilidade estiver pronto até o fim do ano. A empresa havia dito anteriormente que os custos poderiam somar US$ 2,5 bilhões, com produção anual total de cerca de 1,6 milhão de onças.
Embora o desenvolvimento de depósitos gigantes seja normalmente um processo longo e caro, o campo pode permitir que a Polyus aumente a produção anual em pelo menos 70%. Os preços do ouro aumentaram cerca de 60% desde a compra do campo e atingiram recorde em agosto, quando grandes quantidades de estímulo foram injetadas nas economias para aliviar os estragos da pandemia de coronavírus .
“Queremos mostrar que um projeto dessa qualidade e escala pode e deve ser realizado levando-se em consideração os melhores padrões ambientais, apesar do local de difícil acesso”, disse Grachev.
A auditoria mostra que, além das reservas economicamente lavráveis, a jazida conta com 67 milhões de onças de recursos totais frente a 63 milhões de onças estimadas anteriormente. Esse número pode aumentar após mais perfurações e estudos.
O principal investimento está previsto para começar em 2023. A Polyus já começou a gastar em infraestrutura para o projeto. Há também um plano de coinvestimento com o governo na reconstrução de um aeroporto local.