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Richard Branson: promover inovações como o SAF é uma forma de colaboração das empresas para o combate às mudanças climáticas (Rodrigo Caetano/Exame)
Editor ESG
Publicado em 24 de maio de 2024 às 21h47.
Última atualização em 24 de maio de 2024 às 22h13.
Fundador do grupo Virgin, conglomerado empresarial com atuação em setores diversos, de telecomunicações a transportes aéreo, ferroviário e turismo espacial, o bilionário britânico Richard Branson é o tipo de empreendedor que garante o emprego dos escritores de livros de negócios. Seus projetos costumam vir acompanhados de grandes lições, devidamente explicadas por frases de efeito. “O mundo sempre assumirá que algo não pode ser feito, até que alguém faça”, disse Branson em novembro, após cruzar o Atlântico, de Londres a Nova York, em um avião abastecido apenas com combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês).
É um feito e tanto, considerando que o avião em questão, um Boeing 787 com motor Rolls-Royce, não recebeu adaptações significativas: a ideia do projeto é provar a viabilidade de substituir o fóssil diesel de aviação pelo SAF sem grandes esforços.
Além de inspirar uma boa frase motivacional, o feito do bilionário ensina um caminho para a descarbonização do setor de transportes aéreos, como Branson explicou para uma plateia de jornalistas, cientistas e ativistas climáticos nesta sexta-feira, 24, em São Paulo. “Sabemos que o SAF funciona, agora precisamos produzir o combustível em escala”, simplificou o empresário, que está no Brasil em função de sua participação no grupo Guardiões Planetários, um coletivo de líderes engajados na defesa do meio ambiente e no combate às mudanças climáticas.
Sua visita tem como pano de fundo a inclusão do cientista brasileiro Carlos Nobre nas fileiras do Guardiões, oficializada em um evento realizado no Aya Hub, centro empresarial voltado para iniciativas ambientais instalado no complexo do ultraluxuoso Hotel Rosewood, na capital paulista. A costa-riquenha Christiana Figueres, ex-secretária executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), também foi anunciada como guardiã.Para Branson, promover inovações como o SAF, um combustível semelhante ao diesel de aviação, mas produzido a partir de matérias-primas orgânicas, como cana-de-açúcar, e não petróleo, é a maneira que encontrou de fazer jus a sua atuação como defensor do meio ambiente. “Eu tenho uma companhia aérea, então preciso encontrar maneiras de reduzir o seu impacto”, afirmou. O bilionário é membro do conselho consultivo do Guardiões Planetários e um dos seus principais apoiadores.
A promoção do SAF como solução para a descarbonização aérea é uma boa notícia para o Brasil, que tem enorme potencial de produção do combustível – as maiores empresas de energia do país, Petrobras e Cosan, investem no produto. Mas sua viabilidade, como Branson coloca muito bem, depende mais do mercado do que da viabilidade técnica. É nesse aspecto que a lição do bilionário boa praça se mostra essencial não apenas para empreendedores, mas para ativistas climáticas.
No estilo “construa que eles virão”, o empresário se coloca como comprador incondicional do combustível sustentável, na esperança de que fornecedores aumentem a produção e, com isso, o preço caia. Se der certo, ele sai na frente e ganha mercado, forçando a concorrência a correr (ou voar) atrás.