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É preciso estimular mais sustentabilidade na aviação, com uma mudança de rota na gestão (Chevanon/Freepik)
Publicado em 10 de dezembro de 2024 às 05h15.
*Por Viviane Ferreira do Nascimento Silva e Kenyth Alves de Freitas
Nos últimos anos, o setor da aviação tem enfrentado desafios significativos, especialmente em relação aos impactos ambientais e ao aumento da demanda por voos. Segundo o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), o Brasil registrou mais de 1,8 milhão de voos em 2023, um aumento de 7,4% em comparação com o ano anterior.
Diante do crescimento do tráfego aéreo, torna-se essencial controlar as emissões de gases de efeito estufa, causadoras do aquecimento global. Em resposta a essa preocupação, o setor de transporte aéreo tem trabalhado intensamente para reduzir os impactos ambientais, assumindo o compromisso de zerar as emissões de carbono até 2050.
Segundo o Relatório de Mudanças Climáticas 2023 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), o transporte aéreo é responsável por apenas 2% das emissões globais de CO2. Embora seja um índice relativamente pequeno, as suas emissões são especialmente prejudiciais, pois ocorrem diretamente em uma parte sensível da atmosfera (parte superior da troposfera e na baixa estratosfera).
No contexto das iniciativas globais voltadas para a redução do consumo de combustível e o controle das emissões de dióxido de carbono, o DECEA, por meio do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), implementou uma nova tecnologia, o Digital Airspace System Analysis (DASA), que mudará a gestão do espaço aéreo brasileiro.
Novas Rotas, Menos Emissões
Dentre outras funcionalidades, esta tecnologia é integrada a outros sistemas do DECEA, o que, além de facilitar o gerenciamento e a divulgação das Rotas Preferenciais (PREF), as quais têm caráter obrigatório, também facilita o planejamento dos voos, conciliando as Rotas Preferidas dos Usuários (UPR) com o Espaço Aéreo de Rotas Diretas, implementado em grande parte do espaço aéreo superior brasileiro.
“A utilização do DASA para solicitação de novas UPR permitirá uma gestão mais inteligente do tráfego aéreo no espaço aéreo brasileiro, melhorando significativamente a eficiência operacional, além de centralizar as suas informações e funcionalidades, beneficiando tanto os órgãos do DECEA quanto todos os usuários do espaço aéreo brasileiro, tornando-se referência na América do Sul”, explica o Chefe da Seção do Espaço Aéreo do CGNA, Primeiro-Tenente Especialista em Controle de Tráfego Aéreo Eduardo Henrique Verissimo dos Santos.
De acordo com a Primeiro-Sargento Especialista em Controle de Tráfego Aéreo Emanuela Chiacchio da Silva, a utilização da nova tecnologia permitirá a solicitação de rotas mais dinâmicas, as quais poderão ser ajustadas para melhor atender o fluxo de tráfego aéreo.
Essa flexibilidade proporciona maior eficiência operacional e pode resultar em uma experiência de voo mais rápida para os passageiros: “Utilizando as rotas UPR, será possível empregar trajetórias de voo otimizadas, permitindo que os pilotos reduzam o tempo de voo, o consumo de combustível e as emissões de gases de efeito estufa”.
Maior Sustentabilidade ao Setor da Aviação
A utilização dessas rotas irá promover o uso mais eficiente dos recursos energéticos, contribuindo para a sustentabilidade a longo prazo e apoiando iniciativas globais, como os objetivos do Acordo de Paris. O Chefe da Subdivisão Estratégica do CGNA, Major Aviador Alexandre Gonçalves de Carvalho, destacou os benefícios para as companhias aéreas: “A adoção das UPR pode gerar economias significativas em seus custos operacionais, maior eficiência no planejamento e na execução de voos”.
Iniciativas como esta representam um avanço significativo no setor da aviação, oferecendo benefícios concretos para a sociedade e o meio ambiente. A adoção das UPR não só melhora a experiência dos passageiros, mas também contribui para a sustentabilidade e a eficiência do setor. A ampla adoção dessas rotas é, portanto, um passo essencial para a evolução da indústria aérea rumo a um modelo mais sustentável e socialmente responsável.
*Viviane Ferreira do Nascimento Silva, Mestranda em Administração de Empresas pelo Ibmec Rio / Kenyth Alves de Freitas, Professor do Ibmec Rio.