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Planeta pode perder 50% do PIB por catástrofe climática até 2090

Aquecimento global ameaça provocar colapso planetário com mortalidade em massa e migração forçada de bilhões de pessoas, aponta relatório internacional

Relatório internacional alerta que atual política climática é insuficiente e pode levar economia global ao colapso nas próximas décadas. (Bedney Images/Freepik)

Relatório internacional alerta que atual política climática é insuficiente e pode levar economia global ao colapso nas próximas décadas. (Bedney Images/Freepik)

Lia Rizzo
Lia Rizzo

Editora ESG

Publicado em 18 de janeiro de 2025 às 16h00.

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O mundo caminha para um cenário de "Insolvência Planetária" caso não sejam implementadas ações políticas imediatas para enfrentar a crise climática. O alerta não é novo, mas foi reforçado nos últimos dias a partir do Global Risk Report 2025 que indica essa como a maior preocupação de longo prazo a ser debatida no Fórum Econômico Mundial de Davos, e com a divulgação de um relatório sobre impacto no PIB mundial.

O documento Planetary Solvency- finding our balance with nature , divulgado ontem (16) pelo Institute and Faculty of Actuaries (IFoA) do Reino Unido, projeta uma possível contração de 50% do PIB global entre 2070 e 2090 se medidas urgentes não forem adotadas. Produzido em colaboração com cientistas climáticos de diversos países, o estudo apresenta uma análise abrangente dos riscos sistêmicos que ameaçam a estabilidade global e propõe um conjunto de iniciativas que podem evitar o colapso.

"Não se pode ter uma economia sem uma sociedade, e uma sociedade precisa de um lugar para viver", afirma no documento, Sandy Trust, principal autor do relatório e membro do Conselho do IFoA . "A natureza é nossa fundação, fornecendo alimentos, água, ar e as matérias-primas e energia que impulsionam nossa economia. Ameaças à estabilidade dessa fundação são riscos para a prosperidade humana futura.", completa.

O preço da inação climática

O relatório define como impactos catastróficos uma série de eventos interligados que já começam a se manifestar globalmente. Entre os cenários mais graves, destaca-se a possibilidade de eventos de mortalidade em massa que podem resultar em mais de 2 bilhões de mortes, além de um aquecimento de 2°C ou mais, o que desencadearia um alto número de pontos de inflexão climática sem precedentes na história recente da humanidade.

Atualmente, muitas populações já enfrentam choques no sistema alimentar, insegurança hídrica e aumento de doenças infecciosas. O estudo aponta que, se não houver controle imediato, além da probabilidade de mortalidade em massa, deslocamentos populacionais forçados, derrocada econômica e conflitos aumentam significativamente.

A análise identificou também os riscos críticos como o colapso de serviços fundamentais, eventos de extinção em massa em múltiplas regiões geográficas e impacto severo na circulação oceânica, que podem desencadear uma reação em cadeia de consequências devastadoras.

Outro aspecto preocupante é a fragmentação sociopolítica prevista em diversas regiões, com perda de áreas costeiras devido ao aumento do nível do mar. O estresse hídrico e térmico pode provocar a migração em massa de bilhões de pessoas, criando uma crise humanitária sem precedentes. O relatório ainda prevê eventos de mortalidade causados pela combinação de doenças, desnutrição, sede e conflitos por recursos cada vez mais escassos.

O que pode ajudar a salvar o planeta? E o dinheiro.

Para enfrentar esses desafios, o documento propõe um conjunto abrangente de cinco recomendações principais. A primeira delas é a implementação de avaliações anuais de risco da sustentabilidade global,com base em princípios de resiliência e controle direto dos órgãos pertinentes na Organização das Nações Unidas (ONU).

Em segundo lugar, sugere a criação de uma função específica responsável pela condução das avaliações, vinculada a instituições internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A terceira recomendação envolve a criação de uma rede global de monitoramento e resposta, considerando o acompanhamento de riscos sistêmicos em níveis internacional, nacional e regional. A quarta proposta defende a implementação rápida de recomendações políticas para redução de riscos, incluindo Planos Nacionais de Transição e modelos econômicos alternativos que considerem os limites planetários.

Por fim, o relatório enfatiza a importância do desenvolvimento de sistemas de rastreamento apropriados para acompanhar a implementação de soluções para mitigação de riscos, incluindo supervisão do progresso e responsabilização clara dos atores envolvidos.

O documento condena as metodologias atuais de avaliação dos efeitos das mudanças climáticas na economia, considerando-as "profundamente falhas". Ao indicarem apenas impactos mínimos no PIB, estas análises induzem os formuladores de políticas a subestimarem os graves riscos das estratégias em curso.

Mercado falha em tentar frear catástrofe sozinho

Este relatório é a quarta produção conjunta do IFoA com cientistas climáticos e estabelece uma estrutura nova e promissora para gestão global de riscos. O painel de controle de sustentabilidade mundial proposto pelo documento pode apoiar substancialmente os formuladores de políticas para manter as atividades humanas dentro dos limites do planeta.

"Este é um problema de segurança nacional, pois escassez de alimentos, água e ondas de calor afetarão em algum nível, todas as populações", alerta o documento, que evidencia que as atuais estratégias de mercado têm falhado na mitigação dos riscos climáticos e ambientais.

Neste momento decisivo para a ação climática global, o estudo traz um recado direto: sem mudanças drásticas e imediatas nas políticas climáticas globais, logo alcançaremos um ponto irreversível.

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