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Para atingir a meta do Acordo de Paris, Brasil terá de cortar mais carbono

Observatório do Clima divulga os números mais recentes sobre as emissões do país. Desmatamento deve impactar negativamente os resultados

O Pantanal registra, neste ano, o maior número de focos de queimada desde 1998 (Mayke Toscano/Secom-MT/Divulgação)
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Rodrigo Caetano

Publicado em 6 de novembro de 2020 às 06h00.

O Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), iniciativa criada pela ONG Observatório do Clima que calcula as emissões de gases do efeito estufa no país, divulga novos dados nesta sexta-feira, 6. As informações servem de base para monitorar as metas estabelecidas da Política Nacional sobre Mudança do Clima e estimar o quanto falta para atingir os objetivos do Acordo de Paris.

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A expectativa é de uma piora nos indicadores, puxada pela alta no desmatamento. Este ano, dois dos biomas mais importantes do Brasil registram recordes de queimadas. No Pantanal, este já é o pior ano desde 1998, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou a registrar os focos ativos de fogo. Na Amazônia, o número de ocorrências entre janeiro e outubro já supera o total de 2019.

Para piorar, um estudo conduzido pelo Inpe mostra que os países amazônicos podem estar subestimando as emissões da floresta em 37%. O trabalho, publicado na revista Science Advances mostra que, entre 2001 e 2015, o desmatamento emitiu 9,3 bilhões de toneladas de CO2 (622 milhões de toneladas por ano). As bordas das florestas remanescentes emitiram 3,4 bilhões de toneladas (227 milhões de toneladas por ano).

O Brasil teve emissões médias de 500 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano devido ao desmatamento e de 151 milhões de toneladas por ano (30% do que foi emitido por desmate) pelo chamado “efeito de borda”.  O número é 50% maior do que as emissões de todo o transporte de passageiros no país em 2018, que foram de 100 milhões de toneladas de CO2.

A divulgação dos dados coincide com as eleições americanas, que podem provocar uma aceleração dos esforços de redução das emissões no mundo, caso Joe Biden seja eleito. Com o democrata na Casa Branca, a expectativa é de uma guinada completa na política ambiental dos Estados Unidos, que ficará mais parecido com a Europa de hoje do que com o país nos tempos da Guerra Fria, passado vangloriado por Donald Trump em seu saudosismo populista.

O velho continente é o bloco que vem puxando a agenda da nova economia. Lançado durante a pandemia, o programa Green Deal prevê mais de 600 bilhões de euros em investimentos na economia de baixo carbono. A Europa também pressiona para regulamentar o artigo 6 do Acordo de Paris, que trata da criação de um mercado de carbono global.

Biden já afirmou que, se eleito, colocará os EUA de volta no acordo. A desistência dos americanos, imposta por Trump, passou a valer, oficialmente, no dia seguinte à votação. O democrata terá de iniciar o processo de retorno quando assumir. Mesmo com um hiato de presença, a maior economia do mundo voltará a tempo de participar da próxima Conferência do Clima da ONU (COP), marcada para dezembro de 2021, em Glasgow, na Escócia.

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