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Marfrig: empresa recebeu financiamento no valor de US$ 30 milhões para reduzir desmatamento na Amazônia e Cerrado (Germano Lüders/Exame)
A Marfrig anunciou hoje que receberá um financiamento no valor de 30 milhões de dólares do fundo de impacto holandês &Green Fund para impulsionar sua meta de se tornar livre de desmatamento. O valor servirá para aprimorar as tecnologias de rastreamento e monitoramento do gado e para auxílio tecnológico a produtores rurais e pecuaristas na região da Amazônia e no Cerrado.
O financiamento do &Green vem para dar escala ao programa Verde+, iniciativa lançada em julho pela Marfrig em parceria com a ONG holandesa IDH (Iniciativa para o Comércio Sustentável) e que tem como propósito central combater o desmatamento na cadeia produtiva da frigorífica. À época, a empresa anunciou o investimento de 500 milhões de reais em ações sustentáveis até 2030, com objetivo de tornar toda a cadeia livre de riscos ambientais também até o final da década.
“Esse plano é uma maneira de garantirmos ao mercado que toda a nossa cadeia de suprimentos não está atrelada a qualquer tipo de problema ambiental. O que nos antecipa em um mercado tão crítico como o da pecuária brasileira”, diz Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade da Marfrig.
Nesse contexto, o financiamento do &Green, que investe em projetos de agricultura e produção sustentável de commodities e concede os chamados “empréstimos verdes” de longo prazo, permite que o programa saia do papel e se torne um plano de ação, expandindo o atual sistema que olha apenas fornecedores diretos também para os fornecedores indiretos. No caso do financiamento para a Marfrig, o prazo é de 10 anos.
“O &Green está apoiando a Marfrig neste desafio, com um mecanismo de financiamento inovador que pode servir como um modelo para os investidores ajudarem grandes empresas a transformarem suas cadeias de fornecimento de forma sustentável e contribuírem para os esforços globais de proteção florestal”, disse Nanno Kleiterp, Presidente do Conselho de Administração do &Green.
Hoje o sistema de monitoramento por satélite da empresa analisa mais de 30 milhões de hectares na Amazônia Legal, região que inclui cerca de 9 estados brasileiros. O monitoramento de toda a cadeia de produtores na Amazônia, porém, é um trabalho extremamente complexo. Segundo a empresa, a estimativa é de que para cada um dos mais de 16.000 de fornecedores diretos localizados na região existam outros dez indiretos.
Promover a inclusão social de pequenos produtores rurais e investir na melhoria na acessibilidade de tecnologias e mecanismos financeiros também faz parte da estratégia verde da Marfrig, que será acelerada com o novo subsídio. O objetivo é oferecer a assistência técnica para que pequenos pecuaristas possam atender às políticas de compra da empresa. Para isso, o plano também prevê ajuda no sistema de produção, auxiliando os produtores na gestão do pasto, melhoria genética dos animais e com irregularidades ambientais e fundiárias, por exemplo.
“Entedemos que, do nosso lado, é muito mais fácil - e barato - dar o apoio para que o produtor possa crescer e mantê-lo em nossa cadeia do que simplesmente excluí-lo”, diz Pianez.
A injeção financeira vem em um momento de maior exigência do mercado por melhores práticas de rastreabilidade do processo produtivo de commodities. Ainda em 2020, a Marfrig lançou a plataforma de gestão para as ações de sustentabilidade, que divide a atuação da empresa em seis eixos: bem-estar animal, uso de recursos naturais, redução nas emissões de gases do efeito estufa, responsabilidade social, controle de origem e gestão e tratamento de efluentes e resíduos.
Também no último ano, as ações resultantes da plataforma colocaram a Marfrig na 16ª carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3, um indicador que mede as boas práticas de sustentabilidade e reúne ações das principais companhias públicas brasileiras. Pela primeira vez, a empresa também passou a integrar o índice carbono eficiente (ICO2), também da B3, e que conta com empresas que apresentam, de maneira transparente, seus inventários de emissões de gases poluentes.
A presença no índice de carbono deixa claro o comprometimento da Marfrig em se tornar cada vez mais responsável ambientalmente e transparente em relação aos impactos de suas emissões, segundo Pianez. O compromisso da empresa é reduzir, até 2035, 78% das emissões, de escopos 1 a 3. “Queremos nos descolar do segmento e mostrar que de fato, é possível ter uma pecuária no Brasil que seja sustentável, de baixo carbono e livre de desmatamento”, diz Pianez.
No final do ano, a Marfrig também lançou, em parceria com a consultoria Agroícone, uma ferramenta para o monitoramento de fornecedores indiretos que funciona como uma espécie de radar que cruza áreas de cria e recria de gado e regiões de proteção ambiental. Com o valor financiado pelo fundo holandês, a Marfrig pretende expandir o mapa também para a região do Cerrado e adaptar até 2022, todos os seus sistemas para controle da cadeia e mitigação de riscos.
Em 2019, a Marfrig emitiu 500 milhões de dólares em títulos sustentáveis, os chamados sustainable bonds, para o mercado internacional. A emissão foi coordenada pelo banco Santander e o valor direcionado à compra de gado proveniente da Amazônia, mais especificamente nos estados do Mato Grosso, Pará e Rondônia. No ano seguinte, a empresa repetiu o feito ao emitir o primeira Cédula de produção rural (CPR) verde no mercado brasileiro.