ESG

Apoio:

logo_unipar_500x313
logo_espro_500x313
Logo Lwart

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Para a equidade de gênero é preciso mudança nas normas sociais e empresariais, diz chefe da UNICEF

Na ONU, em Nova York, Urmila Sakar, chefe de programas da iniciativa Generation Unlimited (GenU), do UNICEF Global, falou à EXAME

Urmila Sakar, vice-presidente de programas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) (Fabio Ura/99jobs/Reprodução)

Urmila Sakar, vice-presidente de programas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) (Fabio Ura/99jobs/Reprodução)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 15 de março de 2024 às 06h00.

De Nova York*

O desafio para a equidade de gênero no mercado de trabalho começa já na infância. De acordo com Urmila Sakar, chefe de programas da iniciativa Generation Unlimited (GenU), do UNICEF Global, as jovens meninas e mulheres têm cerca de metade das chances de receber educação adequada quando comparada aos homens.

"Globalmente, elas têm mais barreiras para a conectividade digital e acesso ao ensino online. Elas também acabam cuidando dos irmãos e não tendo algum retorno educacional ou financeiro por isto. Mudar este cenário ao fortalecer o acesso das meninas é fundamental para que elas ocupem diferentes espaços de liderança no futuro", disse em evento paralelo à 68ª Comissão da Situação da Mulher (CSW), promovido pelo Pacto Global da ONU - Rede Brasil, na sede da ONU.  Na ocasião, Sakar falou com execlusividade à EXAME.

Para ela, o desafio é agravado pelas multiplas crises políticas atuais. "Neste cenário de multiplas crises econômicas e sociais, as mulheres são atingidas desproporcionalmente. Em pandemias e desastres, por exemplo, vemos como elas ficam à frente do cuidado e deixam de lado momentos de aprimoramento educacional e profissional".

Qual o papel do Brasil no combate à inequidade de gênero entre meninas e mulheres?

Estamos fortalecendo uma geração de jovens mulheres a partir de programas estruturados para a educação e ocupação em posições de trabalho. Visitei o Brasil pela primeira vez em outubro e pude entender mais sobre como as meninas têm desafios distintos no país, como acesso à internet, mudanças climáticas, raça e pobreza. Lutar para a equidade é entender esses diferentes aspectos para o desenvolvimento de uma prática mais completa.

Um exemplo é a partir do 1MiO, uma aliança brasileira que mobiliza empresas, sociedade civil, governos e, especialmente, jovens para promover oportunidades de formação profissional, com o objetivo de atingir 1 milhão de pessoas. 

Já conseguimos alcançar mais de 100 empresas, 1.800 municípios e 200 mil pessoas no Brasil. Para isto, fazemos uma conexão para entender o que as empresas precisam para que as jovens tenham um aprendizado mais assertivo. Entendemos que trabalhar no encorajamento das companhias para a equidade é uma forma de mudarmos a situação atual. 

Quando falamos de equidade de gênero globalmente, os desafios são distintos para o Sul Global?

Sim, inclusive entre os países dessa região. Por exemplo, em Bangladesh e na Índia, além dos treinamentos precisamos educar as famílias e as comunidades para que as meninas tenham um espaço seguro para estudar e trabalhar. Em muitos países há ainda desafios como violência de gênero e casamento infantil. Assim, é preciso um trabalho complementar que considere o todo.

Um exemplo disto é o programa Girls Education Skills Partnership, com participação de empresas como Unilever, Microsoft e Accenture. O programa focado nesses países visa acelerar meninas em STEAM (sigla para Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática) e, além disto, promover mentoria e conexão com as comunidades e empresas para que elas tenham apoio no início de suas carreiras. Quando falamos de equidade de gênero estamos falando de mudança de normas sociais e empresariais. Por isto, é essenscial envolvermos todos e, inclusive, escutá-las para o encontro das melhores soluções.

Um dos temas da CSW é o empoderamento econômico, a partir de ferramentas como o salário igual entre homens e mulheres. Como a UNICEF participa de pautas como esta?

A lacuna salarial entre homens e mulheres na mesma função é de, em média, 20%. Superar essa diferença é uma forma de promover a economia e a melhoria na vida de todos. Para isto, é preciso combinar regulamentações, investimentos e ações das companhias. É importante lembrar que a equidade salarial, assim como a diversidade e inclusão, melhora os resultados de negócios a partir de mais engajamento e inovação. Nós, como UNICEF, temos um trabalho de engajar as empresas para a educação e profissionalização de jovens, considerando a equidade.

Acompanhe tudo sobre:MulheresMulheres executivasONUPacto Global da ONU no Brasil

Mais de ESG

Incêndios reduzem estoque de carbono na Amazônia e Cerrado em até 68%, diz estudo

Casca de sururu e cera de depilação deixam de ir para o lixo

Os efeitos perversos dos jabutis incluídos no PL das Eólicas Offshore

Vazamento de petróleo russo no Mar Negro polui 49 km de praias