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Os impactos do curtailment e da curva do pato para contratos de energia solar

Confira os desafios de produção e financeiros na crescente adoção da energia fotovoltaica

Além do risco financeiro, o corte de geração renovável representa outra preocupação significativa.

Além do risco financeiro, o corte de geração renovável representa outra preocupação significativa.

Rodrigo Gelli
Rodrigo Gelli

Colunista

Publicado em 31 de outubro de 2024 às 15h30.

O crescimento das energias renováveis, especialmente a energia solar fotovoltaica, é um elemento vital para a transição energética e a luta contra as mudanças climáticas. A expansão da capacidade de geração de eletricidade limpa atrai investimentos e inovações em diversas regiões do mundo.

No entanto, um dos principais desafios para os geradores solares é a discrepância entre o perfil de produção da energia solar e as exigências dos off-takers (compradores ou consumidores), que geralmente demandam um fornecimento de energia com perfil diferente, muitas vezes uniforme ao longo do dia. Essa diferença de perfil é crucial, pois a produção solar é intermitente e sujeita à variabilidade da irradiação solar. Isso expõe os geradores a riscos significativos, tanto financeiros quanto de produção.

O risco financeiro ocorre porque a energia solar atinge seu pico de geração durante as horas de maior irradiação, geralmente entre 10h e 16h, enquanto a demanda dos off-takers pode ser uniforme ou até concentrada em horários de pico. Esse descompasso pode forçar o gerador solar a comprar energia no mercado spot para atender à demanda em momentos críticos, o que eleva os custos e pressiona a viabilidade financeira do projeto.

Além do risco financeiro, o curtailment (corte de geração renovável) representa outra preocupação significativa. Esse fenômeno ocorre quando a geração solar é intencionalmente reduzida, seja por segurança do sistema ou por excesso de oferta. À medida que a capacidade de energia renovável cresce, o curtailment tende a se tornar mais frequente, impactando diretamente a capacidade do gerador de entregar energia conforme acordado. Empresas devem, portanto, considerar esses cortes ao estabelecer contratos, ajustando expectativas de receita e retorno sobre investimento.

A chamada “curva do pato”, que ilustra a variação dos preços da energia ao longo do dia, adiciona ainda mais complexidade ao cenário. Em períodos de alta geração solar, os preços caem, enquanto nas horas de máxima demanda líquida os preços disparam. Isso pode criar um descompasso financeiro ainda maior para os geradores solares que precisam adquirir energia para atender à demanda de seus contratos.

Com o aumento do curtailment e o acentuamento da curva do pato, espera-se que os preços dos contratos para esses geradores incorporem essa nova realidade, refletindo os riscos de produção e a necessidade de compras no mercado spot. Investidores e operadores devem estar atentos a esses desafios ao planejarem suas estratégias e avaliarem a viabilidade econômica de projetos de energia solar.

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