O que é adaptação climática e o fundo de perdas e danos?
Entenda a importância da adaptação climática e do fundo de perdas e danos para proteger as populações mais vulneráveis dos impactos crescentes das mudanças climáticas.
Assistente de SEO
Publicado em 15 de novembro de 2024 às 17h00.
Última atualização em 16 de novembro de 2024 às 16h31.
Com o aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, a adaptação climática surge como uma resposta vital para reduzir a vulnerabilidade de indivíduos e comunidades. Além disso, a criação de um fundo de perdas e danos busca apoiar financeiramente os países mais afetados pelas mudanças climáticas, especialmente aqueles com menor capacidade de resposta. De 11 a 22 de novembro, líderes mundiais se reúnem em Baku, no Azerbaijão, para a COP29, onde discutirão avanços e novos compromissos relacionados a esses mecanismos de adaptação e financiamento.
A adaptação climática, segundo o Global Center on Adaptation, consiste em ações para se preparar e ajustar aos impactos atuais e projetados das mudanças climáticas. Com ondas de calor, secas e inundações cada vez mais frequentes, as comunidades podem reduzir sua vulnerabilidade e aumentar sua resiliência ao implementar medidas de adaptação. Essas medidas vão desde a construção de defesas contra enchentes até o desenvolvimento de sistemas de alerta precoce para ciclones e a adoção de culturas resistentes à seca.
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) enfatiza que a adaptação não se limita a ações locais; ela exige coordenação e engajamento multissetorial e multinível. De acordo com a UNFCCC, as ações de adaptação variam conforme o contexto local e precisam envolver governos, setor privado, sociedade civil e comunidades locais. Esse esforço é essencial para proteger ecossistemas, meios de subsistência e garantir que adaptações sejam financeiramente acessíveis. “A adaptação é um desafio global com dimensões locais e internacionais, e todos devem estar envolvidos nesse esforço”.
Com o aquecimento global estimado em 1,1°C acima dos níveis pré-industriais, os eventos climáticos extremos se tornarão ainda mais intensos, aponta o Climate Promise, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Mesmo com esforços para reduzir as emissões, os impactos das mudanças climáticas são inevitáveis e continuarão nas próximas décadas. Por isso, a adaptação é essencial para salvaguardar pessoas e ecossistemas. O PNUD destaca ainda que os países em desenvolvimento são os mais vulneráveis, pois enfrentam desafios de infraestrutura e financiamento, limitando sua capacidade de resposta.
Fundo de Perdas e Danos
O fundo de perdas e danos surge como uma resposta internacional aos impactos irreversíveis das mudanças climáticas, especialmente em países vulneráveis que enfrentam desastres além de sua capacidade de adaptação. Segundo o UNFCCC, as mudanças climáticas induzidas pelo homem têm intensificado tanto eventos extremos quanto processos lentos, como a elevação do nível do mar, a acidificação dos oceanos e a desertificação, provocando danos além das variações naturais. Esses impactos, que incluem perdas econômicas e não econômicas, afetam ecossistemas, meios de subsistência e comunidades, exigindo respostas que vão além das medidas tradicionais de adaptação.
Reconhecendo que algumas dessas perdas não podem ser evitadas apenas com adaptação, a COP 19 criou o Mecanismo Internacional de Varsóvia para Perdas e Danos, um marco na busca por conhecimento, ação e apoio para minimizar e enfrentar os danos climáticos. O Artigo 8 do Acordo de Paris reforça a importância de evitar e reduzir essas perdas, propondo iniciativas como sistemas de alerta precoce e preparo para emergências, além de fortalecer a resiliência das comunidades. Mesmo com esforços globais para limitar o aquecimento a 1,5°C, as perdas e danos são inevitáveis, e o fundo de perdas e danos busca garantir recursos e assistência para proteger as comunidades e ecossistemas mais afetados, promovendo um desenvolvimento sustentável.
Desafios e Urgência de Implementação
Entre os principais obstáculos para adaptação está a lacuna de financiamento e de conhecimento em países em desenvolvimento, onde a falta de dados climáticos locais dificulta o planejamento e a implementação eficaz, segundo o Climate Promise. Sem acesso a fundos específicos e informações adequadas, essas nações têm menos recursos para investir em infraestrutura resiliente e em sistemas de monitoramento e avaliação. Além disso, a UNFCCC observa que a falta de coordenação entre setores governamentais e níveis administrativos também impede uma adaptação eficaz.
A criação do Global Goal on Adaptation (Objetivo Global de Adaptação), inserido no Acordo de Paris, reflete a importância da adaptação ao lado dos esforços de mitigação. Em 2023, líderes mundiais avançaram nessa agenda com a definição da UAE Framework for Global Climate Resilience durante a COP28, estabelecendo metas globais específicas para áreas como saneamento, segurança alimentar e erradicação da pobreza.
Soluções Locais e Natureza como Aliada
Muitos países estão liderando exemplos de adaptação com abordagens inovadoras. Tuvalu, por exemplo, recorreu a ciência e recursos naturais para criar uma f aixa de terra protegida contra a elevação do nível do mar, enquanto Cuba e Colômbia estão restaurando ecossistemas naturais como manguezais e áreas úmidas, que ajudam a mitigar enchentes e secas.
Em resumo, a adaptação climática e o fundo de perdas e danos representam respostas cruciais para enfrentar as ameaças crescentes das mudanças climáticas, especialmente para as nações e comunidades mais vulneráveis.