ESG

Mulheres com deficiência não se sentem representadas por marcas, aponta pesquisa

Pesquisa conduzida pela Agência Bistrô na plataforma de pesquisa MindMiners para a marca de moda Dakota mostra como mulheres com deficiência não se enxergam em publicidade e os desafios nas compras presenciais e online; população PCD movimenta R$ 22 bilhões no Brasil

Pesquisa aponta consumo de moda de mulheres com deficiência (Klaus Vedfelt/Getty Images)

Pesquisa aponta consumo de moda de mulheres com deficiência (Klaus Vedfelt/Getty Images)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 6 de outubro de 2022 às 11h06.

Última atualização em 6 de outubro de 2022 às 11h18.

O Brasil tem 17,3 milhões de pessoas com alguma deficiência, de acordo com o censo do IBGE realizado em 2019. E, apesar de movimentar R$ 22 bilhões, as pessoas com deficiência ainda são pouco visadas pelas marcas e campanhas publicitárias. Pensando nisto, a marca de moda Dakota lança uma pesquisa para entender as demandas e potências desse mercado.

Na pesquisa conduzida pela Agência Bistrô na plataforma de pesquisa MindMiners, foram ouvidas 200 mulheres maiores de 18 anos, de todas as classes sociais do país. "Estamos falando de um universo de 17,3 milhões de pessoas com deficiência, sendo que 59% das mulheres não se sentem representadas pelas marcas. Ver empresas como a Dakota agindo e puxando um movimento que deveria estar mais presente no mercado, é maravilhoso", diz Bárbara Carrion, diretora de planejamento e conexões da Agência Bistrô.

A pesquisa revela ainda que 61% das respondentes acreditam que as marcas não oferecem produtos para mulheres com deficiência de uma forma eficaz. Outro dado chama a atenção: 48% das respondentes já deixaram de comprar em uma loja física por conta da falta de acessibilidade e, 17,82% disseram sentir falta de etiquetas ou sinalização em braile nas lojas físicas.

“As pessoas não ligam muito para as deficiências, nunca vi em lojas cartazes em braile. Ajudaria muito se tivesse em lojas”, disse uma das participantes com deficiência auditiva. Para elas, um bom atendimento é essencial tanto que, segundo a pesquisa, 75,5% das respondentes acham que os vendedores não possuem um treinamento para atender pessoas com deficiência.

Quando o assunto é compra online, os números também são alarmantes. Segundo os dados divulgados pelo Movimento Web para Todos e pela BigDataCorp, apenas 0,89% dos sites brasileiros são acessíveis. Na prática, 28,5% das respondentes já deixaram de comprar em uma loja online por conta da falta de acessibilidade.

Ainda segundo os dados obtidos, 42% das respondentes não encontram peças bonitas e estilosas específicas para suas necessidades. O que indica como as empresas devem criar produtos adaptados para corpos considerados fora do padrão, além de oferecer um treinamento adequado aos funcionários e acessibilidade nas lojas físicas e online.

Para divulgar os dados da pesquisa e incentivar a mudança do mercado, as empresas participantes do estudo estão lançando um e-book exclusivo.

Pessoas com deficiência na Dakota

A marca de moda afirma cumprir a cota legal de pessoas com deficiência ao ter 345 funcionários PCD. "Desde 2012, a Dakota formalizou o Programa Amigos Águia, com o objetivo de acolher, respeitar necessidades, integrar e profissionalizar pessoas com deficiência, de modo que possam contar com uma empresa que lhes oportuniza capacitação e espaço para desenvolvimento de carreira", afirma Marcelo Henrique Lehnen, diretor presidente da Dakota.

De acordo com o executivo, a empresa busca dar oportunidade para que os seus profissionais sejam autênticos e respeitados, cada um à sua forma." Ao longo dos anos, lideranças foram sendo capacitadas para que pudessem trabalhar com um modelo de gestão a fim de promover e ser referência no acolhimento, contratação e profissionalização de pessoas com deficiência. Ações constantes também com instituições de saúde, com familiares e com a própria equipe reciclam e atualizam todos para que esse trabalho seja cuidadosamente mantido".

 

 

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