Mudanças climáticas: degelo piora a navegação comercial entre Europa e Ásia
Ao contrário do que se imaginava, a travessia pela Passagem do Noroeste, apesar de reduzir o trajeto, aumentaria o risco por causa das características do gelo, que é mais espesso, e os gargalos
Agência de notícias
Publicado em 11 de julho de 2024 às 19h18.
Última atualização em 11 de julho de 2024 às 19h27.
A Passagem do Noroeste, intransitável há um século, desperta interesse porque reduziria o percurso em cerca de 7.000 km devido à redução da camada de gelo . "Descobrimos que, na verdade, acontece quase o contrário", explicou à AFP Alison Cook, especialista da Associação Escocesa para as Ciências Marinhas e principal autora do estudo, publicado na revista Communications Earth and Environment.
Longe de aumentar, o número de semanas anuais em que uma embarcação pode navegar com segurança por essa passagem caiu entre 2007 e 2021. Embora a camada diminua, ogelomais antigo e mais espesso se desloca cada vez mais para o sul, criando gargalos.
Nada fácil
Esses pedaços de gelo representam um risco maior para as embarcações do que as formações mais recentes, que são mais finas, explica o estudo. Além disso, a falta de infraestrutura, a sua distância, a elevação do fundo do mar e seus estreitos labirínticos continuam deixando a travessia perigosa.
Em 1845, a expedição lendária do britânico John Franklin terminou com a perda total de suas duas embarcações. Em 1906, o norueguês Roald Amundsen tornou-se o primeiro europeu a concluir a travessia.
Desde então, embora reduzido, o número de embarcações que se aventuram pela passagem aumentou, passando de 112 em 2013 para 160 em 2019, segundo a organização Conselho do Ártico. Cargueiros, barcos de pesca, barcos de corrida e até um transatlântico com mil passageiros concluíram a travessia.
Um estudo de 2021 previu que a Passagem do Noroeste seria navegável durante parte do ano se as temperaturas globais superassem em 2°C os níveis pré-industriais. Mas isso está longe de ser uma realidade.
O gelo mais antigo e espesso que se acumula na passagem estará presente "por muitos anos", estimou Alison Cook. "Está mais para uma a dvertência ", acrescentou, já que o número de viagens através do Ártico canadense quadruplicou desde 1990 em seu conjunto.