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Mudanças climáticas agravam situação de refugiados e deslocados, aponta ONU

Relatório da ONU destaca vulnerabilidade de refugiados frente aos efeitos do clima, alertando para a falta de recursos e apoio para adaptação

Dos 120 milhões de refugiados, 75% vivem em regiões altamente vulneráveis às mudanças climáticas (AFP/AFP)

Dos 120 milhões de refugiados, 75% vivem em regiões altamente vulneráveis às mudanças climáticas (AFP/AFP)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 15 de novembro de 2024 às 10h00.

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As mudanças climáticas estão intensificando os desafios enfrentados por milhões de pessoas deslocadas por conflitos e perseguições. A informação é do novo relatório da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), que destaca que a falta de financiamento climático adequado impede adaptações essenciais para garantir a sobrevivência dessas pessoas.

O documento, feito em colaboração com 13 organizações e instituições de pesquisa lideradas por pessoas refugiadas, aponta que as questões climáticas impactam pessoas já em vulnerabilidade socioeconômica para situações ainda mais graves.

De acordo com o relatório, intitulado “Sem escapatória: na linha de frente das mudanças climáticas, conflito e deslocamento forçado”, mais de 120 milhões de pessoas estão deslocadas em todo o mundo .

Desse total, 75% vivem em regiões altamente vulneráveis às mudanças climáticas. Metade dos refugiados enfrenta não só conflitos, mas também eventos climáticos extremos, como acontece na Etiópia, Haiti, Mianmar, Somália, Sudão e Síria.

A projeção é de que, até 2040, o número de países expostos a extremos climáticos aumente de 3 para 65, grande parte deles com significativa população de refugiados. Para 2050, a maior parte dos campos e abrigos de refugiados deve enfrentar o dobro de dias de calor extremo por ano , uma pressão a mais sobre esses locais que já possuem recursos limitados.

Desafios da crise climática

O relatório também detalha como os desastres climáticos agravam o deslocamento forçado. No Sudão, os conflitos internos levaram milhões de pessoas a fugir, incluindo 700 mil que buscaram refúgio no Chade. O país, que já enfrenta o impacto climático há décadas, encontra agora dificuldades para sustentar os novos refugiados.

Outro caso é o dos refugiados de Mianmar no Bangladesh, onde as inundações e ciclones frequentemente afetam as novas comunidades. Atualmente, 72% dos refugiados do Sudeste Asiático estão em Bangladesh, enfrentando riscos naturais extremos.

Grace Dorong, ex-refugiada e ativista climática do Sudão do Sul, expressa preocupação sobre a situação: “Espero que as vozes neste relatório ajudem os tomadores de decisão a entender que, se não forem abordados, o deslocamento forçado e os efeitos multiplicadores das mudanças climáticas piorarão”, diz. “Mas, se nos ouvirem, podemos fazer parte da solução também”.

Financiamento inadequado

O relatório destaca a discrepância no acesso ao financiamento climático: países altamente vulneráveis e devastados por conflitos recebem apenas cerca de US$ 2 per capita em financiamento climático anual , enquanto estados não frágeis obtêm até US$ 161. Além disso, em estados frágeis, a maior parte dos recursos é concentrada nas capitais, deixando outras áreas sem o suporte necessário para enfrentar os efeitos climáticos.

O relatório do ACNUR foi apresentado na COP29, em Baku, onde a ONU reforçou o pedido por um aumento urgente no financiamento climático para apoiar pessoas em situação de deslocamento forçado e as comunidades de acolhimento, muitas vezes deixadas de fora das principais políticas globais de investimento e suporte climático.

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