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O estado de São Paulo concentra a esmagadora maioria dos municípios mais bem colocados acima de 100 mil habitantes (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de ESG
Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 11h30.
Última atualização em 18 de dezembro de 2025 às 11h36.
Com a meta de universalizar o saneamento até 2033, o Brasil ainda patina para garantir o acesso à água potável, coleta e tratamento de esgoto.
É o que revela o ranking ABES ao analisar 2.483 cidades e revelar que apenas 2,54% (63) estão no caminho rumo à universalização e 270 ainda estão dando os "primeiros passos".
O levantamento, baseado em informações do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA) de 2023, liga outro alerta: a distribuição geográfica revela profundas desigualdades. Do total de 63, apenas 4 não estão no Sudeste e nenhuma está na região Norte.
Universalizar o saneamento significa garantir que toda a população tenha acesso aos serviços essenciais: abastecimento de água potável, coleta e tratamento de esgoto, e manejo adequado de resíduos sólidos. O ranking avalia o quão próximos os municípios estão dessas metas, considerando cinco indicadores que medem a cobertura dos serviços.
A maioria absoluta dos municípios avaliados (74,22%) está na faixa intermediária (1.843) e outros 307 (12,36%) aparecem em "compromisso", enquanto 270 (10,87%) permanecem em "primeiros passos".
Um dado preocupa: 3.087 municípios (55,42% do total de cidades brasileiras) sequer conseguiram fornecer os cinco indicadores necessários para entrar no ranking, ficando de fora da avaliação.
Além disso, a presença de Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) está diretamente relacionada ao desempenho: 84,13% dos municípios em "rumo à universalização" possuem o plano, contra apenas 55,19% dos que estão em "primeiros passos".
A universalização ganha ainda mais relevância diante das mudanças climáticas. Eventos extremos como tempestades e chuvas intensas sobrecarregam sistemas de drenagem e tratamento de esgoto, provocando alagamentos e contaminação de fontes de água potável.
Por outro lado, secas dificultam o abastecimento e reduzem a disponibilidade hídrica, especialmente em áreas periféricas.
Um dos pontos de atenção é a correlação direta entre infraestrutura de saneamento e saúde pública.Nos municípios acima de 100 mil habitantes, a taxa média de internações por doenças feco-orais é o triplo em munícipios que estão dando os primeiros passos. Entre os menores, a diferença é ainda mais dramática: de 57,01 internações por 100 mil habitantes nos mais avançados para 166,62 nos menos desenvolvidos.
"Saneamento é gestão, planejamento e continuidade. Onde o serviço avança, a consequência aparece na vida real. Menos internações, menos sofrimento e menos pressão sobre o SUS", destacou Marcel Costa Sanches, presidente nacional da ABES.
O tratamento de esgoto continua sendo o maior entrave para a universalização. Entre municípios de pequeno e médio porte na faixa "Empenho", o tratamento apresenta média de apenas 37,17%. Nos municípios de grande porte dessa mesma categoria, o índice é de 41,20%.
Segundo especialistas, municípios com melhor saneamento não apenas protegem a saúde da população como também estarão mais preparados para enfrentar os desafios climáticos.
O destaque nacional é o estado de São Paulo, que concentra a esmagadora maioria dos municípios mais bem colocados. Entre as 20 cidades acima de 100 mil habitantes na categoria máxima, 14 são paulistas.
Presidente Prudente lidera o ranking nacional com pontuação de 500,00 pontos.
O domínio paulista é ainda mais expressivo entre municípios menores: dos 43 municípios até 100 mil habitantes que atingiram a categoria máxima, 42 são de São Paulo.
A única exceção é Oliveira (MG). Leme e Paranapuã, ambas paulistas, lideram essa categoria com pontuação máxima.
Já Curitiba é a única capital brasileira na categoria máxima, com 496,15 pontos, enquanto São Paulo aparece em terceiro lugar (469,77 pontos), na faixa "Compromisso com a universalização". Porto Velho ocupa o extremo oposto, permanecendo em "Primeiros passos".