ESG

Patrocínio:

espro_fa64bd

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Menos de 3% das cidades brasileiras estão próximas da universalização do saneamento

Ranking da ABES revela que Brasil patina rumo à meta de 2033: estado de São Paulo lidera com melhor desempenho, enquanto região Norte não tem nenhum município no topo

O estado de São Paulo concentra a esmagadora maioria dos municípios mais bem colocados acima de 100 mil habitantes (Leandro Fonseca/Exame)

O estado de São Paulo concentra a esmagadora maioria dos municípios mais bem colocados acima de 100 mil habitantes (Leandro Fonseca/Exame)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 11h30.

Última atualização em 18 de dezembro de 2025 às 11h36.

Com a meta de universalizar o saneamento até 2033, o Brasil ainda patina para garantir o acesso à água potável, coleta e tratamento de esgoto.

É o que revela o ranking ABES ao analisar 2.483 cidades e revelar que apenas 2,54% (63) estão no caminho rumo à universalização e 270 ainda estão dando os "primeiros passos".  

O levantamento, baseado em informações do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA) de 2023, liga outro alerta: a distribuição geográfica revela profundas desigualdades. Do total de 63, apenas 4 não estão no Sudeste e nenhuma está na região Norte. 

Universalizar o saneamento significa garantir que toda a população tenha acesso aos serviços essenciais: abastecimento de água potável, coleta e tratamento de esgoto, e manejo adequado de resíduos sólidos.  O ranking avalia o quão próximos os municípios estão dessas metas, considerando cinco indicadores que medem a cobertura dos serviços.

A maioria absoluta dos municípios avaliados (74,22%) está na faixa intermediária (1.843) e outros 307  (12,36%) aparecem em "compromisso", enquanto 270 (10,87%) permanecem em "primeiros passos".

Um dado preocupa: 3.087 municípios (55,42% do total de cidades brasileiras) sequer conseguiram fornecer os cinco indicadores necessários para entrar no ranking, ficando de fora da avaliação.

Além disso, a presença de Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) está diretamente relacionada ao desempenho: 84,13% dos municípios em "rumo à universalização" possuem o plano, contra apenas 55,19% dos que estão em "primeiros passos".

Mudanças climáticas e impactos na saúde

A universalização ganha ainda mais relevância diante das mudanças climáticas. Eventos extremos como tempestades e chuvas intensas sobrecarregam sistemas de drenagem e tratamento de esgoto, provocando alagamentos e contaminação de fontes de água potável.

Por outro lado, secas dificultam o abastecimento e reduzem a disponibilidade hídrica, especialmente em áreas periféricas.

Um dos pontos de atenção é a correlação direta entre infraestrutura de saneamento e saúde pública.

Nos municípios acima de 100 mil habitantes, a taxa média de internações por doenças feco-orais é o triplo em munícipios que estão dando os primeiros passos. Entre os menores, a diferença é ainda mais dramática: de 57,01 internações por 100 mil habitantes nos mais avançados para 166,62 nos menos desenvolvidos.

"Saneamento é gestão, planejamento e continuidade. Onde o serviço avança, a consequência aparece na vida real. Menos internações, menos sofrimento e menos pressão sobre o SUS", destacou Marcel Costa Sanches, presidente nacional da ABES.

O tratamento de esgoto continua sendo o maior entrave para a universalização. Entre municípios de pequeno e médio porte na faixa "Empenho", o tratamento apresenta média de apenas 37,17%. Nos municípios de grande porte dessa mesma categoria, o índice é de 41,20%.

Segundo especialistas, municípios com melhor saneamento não apenas protegem a saúde da população como também estarão mais preparados para enfrentar os desafios climáticos.

São Paulo domina o ranking e Curitiba se destaca entre capitais 

O destaque nacional é o estado de São Paulo, que concentra a esmagadora maioria dos municípios mais bem colocados. Entre as 20 cidades acima de 100 mil habitantes na categoria máxima, 14 são paulistas.

Presidente Prudente lidera o ranking nacional com pontuação de 500,00 pontos.

O domínio paulista é ainda mais expressivo entre municípios menores: dos 43 municípios até 100 mil habitantes que atingiram a categoria máxima, 42 são de São Paulo.

A única exceção é Oliveira (MG). Leme e Paranapuã, ambas paulistas, lideram essa categoria com pontuação máxima.

Curitiba é a única capital brasileira na categoria máxima, com 496,15 pontos, enquanto São Paulo aparece em terceiro lugar (469,77 pontos), na faixa "Compromisso com a universalização". Porto Velho ocupa o extremo oposto, permanecendo em "Primeiros passos".

As 10 cidades acima de 100 mil habitantes com melhor desempenho

  1. Presidente Prudente (SP) – 500,00
  2. Santa Bárbara d'Oeste (SP) – 498,01
  3. Curitiba (PR) – 496,15
  4. Catanduva (SP) – 495,67
  5. Niterói (RJ) – 495,60
  6. Piracicaba (SP) – 495,48
  7. Assis (SP) – 495,07
  8. Pinhais (PR) – 494,81
  9. Araçatuba (SP) – 494,72
  10. Rio Claro (SP) – 494,37

De até 100 mil habitantes...

  1. Leme (SP) – 500,00
  2. Paranapuã (SP) – 500,00
  3. Jales (SP) – 499,80
  4. Gastão Vidigal (SP) – 499,08
  5. Embaúba (SP) – 499,02
  6. Santópolis do Aguapeí (SP) – 499,01
  7. São Joaquim da Barra (SP) – 498,21
  8. Cardoso (SP) – 497,70
  9. Alvinlândia (SP) – 496,74
  10. Guariba (SP) – 496,66
Acompanhe tudo sobre:ESGSustentabilidadeClimaMudanças climáticasSaneamentoSaúde

Mais de ESG

NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS: Como a Lojas Renner quer tornar a moda mais sustentável?

Biotech da Amazônia lança chocolates com povos indígenas e homenageia Sebastião Salgado

Experian aposta em 'efeito dominó' para descarbonizar cadeia; entenda

Cidades-esponja: modelo chinês pode ser solução para chuvas extremas no Brasil?