(Germano Lüders/Exame)
Bloomberg
Publicado em 19 de maio de 2021 às 16h24.
Última atualização em 20 de maio de 2021 às 09h01.
Kati Pohjanpalo, da Bloomberg
A maior fabricante mundial de diesel renovável aposta em um novo mercado para o combustível de aviação de baixo carbono em meio à lenta retomada dos voos.
A Neste acredita que o combustível de aviação sustentável, SAF na sigla em inglês, atrairá empresas que desejam reduzir as emissões de carbono. A Neste também espera que o preço mais alto do combustível não seja um obstáculo, já que as viagens aéreas pós-pandemia são retomadas com maior consciência sobre a mudança climática.
“As pessoas vão começar a voar de novo, mas depois querem voar de uma forma mais sustentável”, disse o CEO Peter Vanacker em entrevista. “Assim como fizemos com o diesel renovável, estamos criando esse mercado.”
A empresa finlandesa está investindo cerca de 230 milhões de dólares para equipar sua refinaria de energias renováveis de Rotterdam para produzir combustível de aviação mais sustentável. Combinado com uma expansão em sua unidade em Singapura, a Neste será capaz de produzir 1,5 milhão de toneladas de SAF por ano até o final de 2023, ante apenas 100.000 toneladas agora. Isso se compara a 300 milhões de toneladas de combustíveis fósseis usados na aviação anualmente antes da pandemia.
A Neste produz biodiesel há mais de uma década em sua usina de Porvoo, com seu primeiro investimento em tecnologia renovável já em 2005. Depois de um período sem dar lucro, o produto ultrapassou os derivados de petróleo tradicionais como impulsionador do lucro da Neste em 2018.
O combustível de aviação sustentável é feito de resíduos, como óleo de cozinha usado e gordura animal. Reduz as emissões de carbono em até 80% em comparação com o querosene comum com base no ciclo de vida. Antes de deixar a refinaria, o SAF é misturado com combustível fóssil, até um máximo de 50%. A Neste diz que um carregamento normal contém cerca de 35% a 40% de combustível renovável.
A Neste também busca vender o combustível diretamente para empresas de modo que possam receber os benefícios climáticos quando funcionários fizerem viagens de negócios a bordo de sua operadora terceirizada, e diz que os prêmios pagos pelos consumidores para viajar em um voo “verde” criarão mais incentivos para que companhias aéreas usem o SAF.
“Há um claro reconhecimento de que a indústria da aviação terá de descarbonizar”, disse Vanacker, da Neste. “A discussão está realmente caminhando para usar o produto físico em vez de plantar árvores, porque o consumidor quer o produto físico.”
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