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Lagos da Amazônia perdem até 18% da área pela seca extrema em outubro

Estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) aponta que ao fim de 2023 o nível da água chegou a cair 80% na comparação com média do período de secas

Com a estiagem severa, até quem tinha água na porta de casa sofre com a baixa dos rios (Michael Dantas/Getty Images)

Com a estiagem severa, até quem tinha água na porta de casa sofre com a baixa dos rios (Michael Dantas/Getty Images)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 13 de novembro de 2024 às 15h51.

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O cenário de seca na Amazônia vem se agravando. Em outubro, os lagos com mais de 10 hectares viviam uma diminuição de cerca de 18% na comparação com o mesmo período de 2023. Em setembro, a extensão das águas abertas da Amazônia Central era de 51.775 km², enquanto o mesmo mês do último ano contabilizou 57.624 km² -- uma redução de quase 6 mil km² de áreas úmidas.

As informações são de um estudo publicado nesta quarta-feira, 13, conduzido por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), o Instituto de Pesquisas para o Desenvolvimento da França (IRD) e a Universidade Tecnológica do Uruguai.

Os especialistas avaliaram mais 1.500 imagens de 2017 a 2024 e observaram como a cobertura da água tem um efeito também na vegetação e atividades do bioma.

O Rio Negro, maior rio em extensão da bacia amazônica, foi um dos mais impactados. O corpo d’água atingiu o menor nível em 120 anos.

De acordo com Daniel Maciel, autor do estudo, a estiagem pode ser explicada por diversos fatores, como o aumento do desmatamento, dos incêndios florestais e do aumento da temperatura, que prolongam as secas. “Em alguns lagos, o calor superou os 40 graus Celsius”, conta.

Seca na Amazônia

O pior período observado foi entre novembro e dezembro de 2023, quando a cobertura da água nos lagos analisados teve uma redução de até 80% na comparação com a média do período de secas.

Entre os principais problemas causados pela redução do nível da água está o impacto negativo na subsistência dos moradores da região Amazônia, ou seja, mais de 30 milhões de pessoas. “A estiagem severa resulta em uma diminuição no acesso a alimentos, educação, remédios, transporte e água potável”, explica Maciel.

O impacto na biodiversidade é outra consequência, como a morte de peixes, que são a principal fonte de proteína animal em muitas comunidades. Os cultivos na agricultura familiar, como a mandioca, também podem sofrer efeitos negativos.

Em novembro, a seca extrema afeta grande parte da Bacia Amazônia, segundo o pesquisador Ayan Fleischmann, do Instituto Mamirauá. O caso tem exigido ações humanitárias, como a distribuição de kits emergenciais de tratamento de água para melhorar o acesso à água potável. Para ele, o trabalho não para aí. “É fundamental que se invista em medidas preventivas, como acesso permanente à água potável e a melhoria dos serviços de saúde”, explica.

Maciel complementa que o controle, redução e punição do desmatamento são ações necessárias para a redução dos danos causados pela queda no nível da água. “Estratégias de longo prazo, como combate a incêndios florestais, monitoramento do desmatamento ilegal e acompanhamento em tempo real dos biomas são algumas das ações importantes para combater as mudanças climáticas”, explica.

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