Haddad cita dívida com povos originários e herança colonial ao lançar plano ecológico na COP28
"É um modelo ambicioso, porém realista, para a reinvenção do Brasil. Da quase centena de iniciativas que vamos lançar até a COP 30, em Belém do Pará, muitas já estão em implementação", disse Fernando Haddad, ministro da Fazenda,na COP28, em Dubai
Publicado em 1 de dezembro de 2023 às 12h08.
De Dubai*
Fernando Haddad não gosta de ler discursos. Na COP28, confessando a contradição, tirou um maço de folhas dobradas do bolso e não improvisou uma vez sequer. “Esse aqui merece porque ficou muito bom”, confessou o ministro da Fazenda.
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Dá para entender o motivo de não improvisar. Haddad buscou explicar o desalento socioambiental brasileiro relacionando cada etapa do processo de colonização a uma mazela específica, do racismo ao desmatamento, com ênfase à dívida histórica que, segundo ele, o país tem com os povos originários.
E emendou com o tema principal do evento da noite, realizado no pavilhão B7 da COP, batizado de Action Arena Al Hur. "O Plano de Transformação Ecológica é um reencontro do Brasil consigo mesmo. É o Estado brasileiro, a serviço da sociedade, mobilizando o que há de melhor em nós para superar uma pesada herança colonial de exclusão social, destruição ambiental, e subordinação internacional", afirmou o ministro.
O ministro da fazenda do Brasil, foi o porta-voz do lançamento do Plano de Transformação Ecológica do país durante a COP28, nesta sexta-feira. Em uma das ações, com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), uma plataforma visa mobilizar investimentos e coberturas de até US$ 3,4 bilhões.
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A plataforma terá três dimensões: swaps totais, linhas de créditos para liquidez de investimentos em moeda estrangeira em caso de eventos de desvalorização cambial e mecanismos de cobertura de “riscos de cauda” para desvalorizações extremas. A plataforma estará disponível para investimentos de adaptação e mitigação ambiental, como reflorestamento, infraestrutura resiliente a tempestade em cidades, transição energética, hidrogênio verde ou agricultura de baixo carbono.
Antes de Haddad, a Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, reforçou que o plano de transformação ecológica está baseado em vários eixos, sendo um deles é coordenar um ciclo que aposte na bioeconomia e na infraestrutura de desenvolvimento sustentável.
“Temos uma força tarefa para o enfrentamento da mudança climática de forma justa, e trabalhando fortemente para se deixar um legado, inclusive dentro do G20. Estamos dizendo não só o que é novo, mas também o que vamos descontinuar: aquilo que leva a perda da biodiversidade e o aquecimento do planeta, sobretudo na transformação dos modelos insustentáveis de desenvolvimento do mundo”.
Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) afirmou que o banco tem focado em investimentos para ações que contribuem com o enfrentamento da crise climática. "Nós financiamos 30% de tudo que vai para a agricultura do país. Assim, queremos introduzir o compromisso da agricultura de baixo carbono no financiamento agrícola, com taxas de juros menores para quem tem o compromisso com essa agenda, assim como com o hidrogênio verde, o etanol de segunda geração e outras ações mais sustentáveis".
O BNDES participou também de um anúncio realizado ontem na COP28. Em parceria com ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, cinco editais do programa Mais Inovação Brasil serão lançados para investimentos de quase R$ 21 bilhões em áreas voltadas ao desenvolvimento da economia sustentável brasileira.