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Governo lança programa para que empresas e pessoas adotem partes da Amazônia

Novo programa federal permite a “adoção” de áreas de preservação em troca de patrocínio; Carrefour é o primeiro interessado

Batizado de Adote 1 Parque, novo programa do Governo Federal permite que pessoas e empresas "adotem" parte da floresta para preservação (Amazônia Real/Divulgação)
MC

Maria Clara Dias

Publicado em 9 de fevereiro de 2021 às 16h14.

Última atualização em 9 de fevereiro de 2021 às 20h43.

O governo federal lançou hoje, 9, o “Adote 1 Parque”, programa criado para atrair recursos para a conservação da Amazônia Legal - área que corresponde a mais da metade do território brasileiro. A partir do programa, empresas, fundos de investimentos e pessoas físicas poderão destinar diferentes quantias para preservar parques ecológicos da região em troca de patrocínio.

A iniciativa, que foi assinada hoje pelo presidente Jair Bolsonaro após um atraso de seis meses, prevê que empresas repassem recursos financeiros para criar medidas e garantir a proteção e fiscalização ambiental com ações de monitoramento, prevenção e combate a incêndios e ao desmatamento das chamadas Unidades de Conservação (UC).

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Em troca do investimento, as empresas serão consideradas “parceiras da Amazônia” e poderão usar do termo como patrocínio em ações de publicidade para a marca durante um ano, podendo ter a parceria renovada por mais quatro anos. O valor para os interessados em adotar parte do bioma será de 10 euros por hectare. No caso das empresas nacionais, o valor será de 50 reais por hectare, segundo o Ministério do Meio Ambiente.

As UCs correspondem a 132 florestas que juntas somam 63 milhões de hectares, ou 15% da Amazônia, segundo o Ministério do Meio Ambiente. As unidades são administradas pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), que também será responsável por repassar os recursos corporativos ao BNDES, que ficará a cargo da aplicação de valor aos projetos de prevenção e recuperação do bioma. Segundo o Ministério, o programa tem o potencial de atrair 650 milhões de euros por ano.

O programa também é uma uma aposta de Bolsonaro para melhorar a imagem do Brasil e suas políticas ambientais mundo afora. O contexto serpa desafiador: o desmatamento na região em 2020 foi de 11.088 km2, segundo estimativas do programa de monitoramento por satélite do desmatamento na Amazônia Legal (Prodes).

O papel do setor privado na conservação da Amazônia já havia sido uma questão levantada pelo vice-presidente Hamilton Mourão durante sua participação no Fórum Econômico Mundial. Na ocasião, Mourão disse que o Brasil só seria capaz de salvar a floresta com ajuda internacional e apoio das empresas. Mourão também aproveitou a oportunidade para criticar o descompasso entre o interesse internacional na preservação da Amazônia e o recebimento de recursos financeiros e técnicos para ações concretas de proteção do bioma que, segundo ele, estão precários.

Pontapé brasileiro

A rede de supermercados Carrefour anunciou o investimento de 4 milhões de reais por ano em uma área de 75 mil hectares da Amazônia, tornando-se assim a primeira signatária no novo programa federal de preservação ambiental.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, outras cinco empresas devem aderir nos próximos dias ao programa. Juntas, as seis empresas podem destinar 14 milhões de reais para os esforços de proteção da Amazônia - valor equivalente a todo orçamento do governo para a proteção do bioma. O montante reforça a narrativa de que empresas podem tornar a proteção do maior bioma do mundo em algo muito mais material.

EXAME começará a acompanhar dados mensais de desmatamento

A EXAME irá trazer todos os meses informações sobre o desmatamento na Amazônia, comunicando de forma clara, a partir de fontes oficiais, a situação mensal, para que essa dinâmica possa ser acompanhada mais de perto pela sociedade. Mostraremos a evolução da área desmatada, a localização dos principais focos de desmatamento e quais as principais atividades econômicas nas regiões mais desmatadas.

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