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Impacto: segundo a pesquisadora, as geleiras não podem se regenerar por causa do aumento da temperatura (AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 18 de setembro de 2024 às 07h30.
Última atualização em 27 de setembro de 2024 às 17h14.
Perto de uma cabana de madeira nas altas montanhas do Quirguistão, Gulbara Omorova caminha ao longo de uma pilha de pedras cinzentas. “Isso costumava ser uma geleira, mas ela desapareceu completamente”, diz a cientista.
A uma altitude de 4.000 metros, a pesquisadora de 35 anos está cercada pelos picos gigantes da cadeia de montanhas Tian Shan, que também se estende pela China, Cazaquistão e Uzbequistão.
A área abriga milhares de geleiras que derretem em um ritmo alarmante na Ásia Central, expostas a inúmeros eventos climáticos extremos.
Nesta região árida, a milhares de quilômetros do mar, as massas de gelo são reservas de água essenciais para a segurança alimentar da população, pois alimentam os rios nos meses sem chuvas.
“Há oito ou dez anos, era possível ver a geleira com neve”, disse ela à AFP. “Mas nos últimos três ou quatro anos, ela desapareceu completamente. Não há neve, não há geleira”, diz ela.
Equipada com instrumentos de medição, Omorova se ajoelha à beira de uma torrente de água derretida. “As geleiras não podem se regenerar por causa do aumento da temperatura”, explica ela.
Gulbara Omorova aponta para a geleira Adygene, que encolhe “cerca de 16 centímetros” a cada ano. “Isso representa 900 metros desde a década de 1960”, diz ele.
A outrora majestosa geleira é uma das milhares na área que estão desaparecendo lentamente. Entre 14% e 30% das geleiras de Tian Shan e Pamir, as duas principais cadeias de montanhas da Ásia Central, derreteram nos últimos 60 anos, de acordo com o Eurasian Development Bank.
E Omorova adverte que a situação só está piorando. “O degelo é muito mais intenso do que nos anos anteriores”, diz ela.
Profissões como a dele são cada vez mais importantes em face do aquecimento global. Mas no Quirguistão, uma das repúblicas mais pobres da antiga União Soviética, os recursos são escassos.
“Não temos instrumentos de medição e não há dinheiro suficiente para transportá-los até nossa estação de observação, onde nem sequer há eletricidade”, explica a cientista, que espera que o governo do Quirguistão elabore uma lei para proteger esses gigantes de gelo.