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Japão enfrenta crise demográfica e escassez de mão de obra com recorde de população idosa

Esse grupo representa 36,25 milhões de pessoas no país, reforçando a preocupação com a escassez de trabalhadores e as consequências econômicas

População japonesa tem envelhecido e alcançou 30% do total (AFP)

População japonesa tem envelhecido e alcançou 30% do total (AFP)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 18 de setembro de 2024 às 08h09.

Última atualização em 18 de setembro de 2024 às 09h33.

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O Japão vive uma crise demográfica marcada pelo aumento contínuo da população idosa e pela escassez de trabalhadores. Dados divulgados recentemente pelo governo mostram que a população com 65 anos ou mais atingiu 36,25 milhões, representando 29,3% da população total do país. Esse percentual é o mais alto do mundo, conforme informações do Ministério de Assuntos Internos e Comunicações do Japão.

De acordo com a rede CNBC, com o envelhecimento acelerado da população e a queda nas taxas de natalidade, o país enfrenta desafios que afetam diretamente sua economia e mercado de trabalho.

Envelhecimento da força de trabalho

A escassez de trabalhadores tem sido uma realidade crescente no Japão. Uma pesquisa recente da Teikoku Databank revelou que 51% das empresas japonesas enfrentam dificuldades para preencher vagas de emprego em tempo integral. A situação é agravada pelo fato de que o número de trabalhadores idosos, embora em crescimento nos últimos anos, tende a diminuir à medida que mais pessoas se aposentam.

Em 2023, o número de trabalhadores com 65 anos ou mais atingiu um recorde de 9,14 milhões, representando o 20º ano consecutivo de aumento, segundo dados do governo. No entanto, Feldman alerta que essa força de trabalho idosa está prestes a se aposentar, e não há uma geração mais jovem numerosa o suficiente para substituí-los.

Projeções preocupantes

Com base nas tendências demográficas atuais, estima-se que, até 2040, a proporção de idosos na população japonesa chegue a 34,8%. Além disso, a força de trabalho total, que era de cerca de 69,3 milhões em 2023, pode cair para 49,1 milhões em 2050, segundo projeções da Morgan Stanley. Essa queda significativa representa um desafio colossal para a economia japonesa.

Em resposta a esses números alarmantes, o governo do Japão, liderado pelo primeiro-ministro Fumio Kishida, tem adotado uma série de políticas para incentivar o aumento da taxa de natalidade. Entre as medidas estão o aumento dos subsídios para criação de filhos e a ampliação das creches no país. Governos locais também têm promovido aplicativos de encontros para incentivar casamentos e a formação de famílias.

No entanto, essas iniciativas são vistas como soluções de longo prazo e não resolvem a crise imediata da escassez de mão de obra. Diante disso, o Japão tem se aberto progressivamente à imigração. Em 2024, o número de trabalhadores estrangeiros no país alcançou a marca de 2 milhões, com a meta de adicionar mais 800 mil nos próximos cinco anos.

Ainda que a imigração tenha sido um caminho adotado, especialistas acreditam que essa estratégia precisa ser intensificada. Feldman afirma que, para compensar as perdas demográficas, o Japão precisaria adicionar milhões de trabalhadores estrangeiros em um ritmo acelerado. Entretanto, ele considera improvável que isso ocorra em grande escala, o que coloca o país diante da necessidade de aumentar a produtividade dos trabalhadores que permanecerem.

Esse aumento de produtividade passa, necessariamente, por investimentos em tecnologia e inovação. Ferramentas como a inteligência artificial (IA) e a automação são vistas como soluções promissoras para ajudar a enfrentar a crise demográfica. Segundo Carlos Casanova, economista sênior da UBP, embora a IA seja frequentemente citada como parte da solução, sua implementação até agora não foi suficiente para mitigar os impactos da crise no Japão.

Casanova sugere que o país deve adotar uma abordagem mais ampla, que inclua mudanças sociais e estruturais, como o aumento da participação feminina no mercado de trabalho. Ele destaca que, em uma sociedade cada vez mais orientada para o consumo, é crucial ter uma força de trabalho robusta, que gere e gaste dinheiro, a fim de sustentar o crescimento econômico.

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