Apoio:
Parceiro institucional:
Os recentes furacões Helena e Milton causaram prejuízos estimados em US$ 50 bilhões, cada. (Chandan Khanna/AFP)
Colunista
Publicado em 6 de novembro de 2024 às 14h00.
A presença cada vez mais contínua e destrutiva de furacões no planeta acontece devido a um fator: o tão temido aquecimento global, que intensifica a evaporação nos oceanos e transfere mais calor para a atmosfera. Algumas pesquisas indicam que furacões mais fortes, especialmente os de categoria 3 ou superior, seriam três vezes mais frequentes agora do que há 100 anos.
As tempestades também se intensificam mais rapidamente, dificultando a previsão de seus impactos. Ao mesmo tempo, a velocidade de deslocamento dos furacões vem diminuindo, o que faz com que provoquem mais danos.
Os recentes furacões Helena e Milton causaram prejuízos estimados em US$ 50 bilhões, cada. E as tempestades têm absorvido mais vapor d’água e calor, com ventos fortes e chuvas recordes, provocando enchentes.
Locais usualmente impactados por furacões tendem a ter menor ocupação territorial e atividade econômica. No entanto, os furacões “turbinados” pelo aquecimento global podem chegar mais longe, atingindo áreas densamente ocupadas, com atividade econômica pujante. É fácil ver que seu poder destrutivo e os prejuízos decorrentes podem crescer exponencialmente.
Uma das infraestruturas mais afetadas pelos furacões são as redes de energia elétrica. É por isso que o Departamento de Energia dos EUA (DOE) anunciou investimento de US$ 2 bilhões em 38 projetos de transmissão de energia, que visam proteger a rede elétrica contra eventos climáticos extremos para reduzir os prejuízos para as comunidades. Essa decisão ocorreu logo após a devastação causada pelos furacões Milton e Helena no sudeste dos EUA, em outubro. O programa de apoio recebeu propostas que excederam em sete vezes o valor disponível para financiamento, destacando a necessidade urgente desses investimentos.
As violentas rajadas de vento em São Paulo, que alcançaram 107 km/h no dia 11 de outubro, provocando interrupção no fornecimento de energia elétrica, assim como as devastadoras enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, sugerem que o Brasil também deva reforçar suas redes de energia elétrica. Isto deve ocorrer caso fique claro que os critérios de planejamento, construção e operação de redes usados do passado tenham se tornado inadequados e necessitem de revisão.
Mas isso deve ser feito com calma e equilíbrio, pois investimentos em excesso vão salgar a conta de luz do consumidor, enquanto investimentos insuficientes podem se manifestar, talvez crescentemente, em interrupções de fornecimento com prejuízos ainda maiores. Este tipo de “tradeoff” deve ser feito a partir de avaliações realizadas por especialistas a partir de uma visão técnica e econômico-regulatória, que deve ser a base das decisões que eventualmente venham a ser tomadas.