Equidade Racial é fundamental em empresas com base ESG (FG Trade/Getty Images)
Marina Filippe
Publicado em 21 de junho de 2022 às 10h00.
No Brasil, cerca de 56% da população se autodeclara preta ou parda. Mas esse percentual não se repete, por exemplo, na liderança das empresas. Contudo, acontecimentos que vão da morte de George Floyd nos Estados Unidos até o aumento da desigualdade no Brasil, parecem acender um alerta nas empresas sobre a necessidade da real inclusão racial.
Receba gratuitamente a newsletter da EXAME sobre ESG. Inscreva-se aqui
Sobre o tema, Fabianna Strozzi, diretora de gestão de pessoas, educação e cultura da Aegea, Ana Bavon, CEO da Consultoria B4People Cultura Inclusiva, Preto Zezé, Presidente na CUFA, a Central Única de Favelas e Guibson Trindade, Gerente Executivo do Pacto da Equidade Racial conversaram no Exame ESG Summit 2022.
Para Preto Zezé, é preciso enxergar que as favelas formam lideranças negras, que são a maioria nesses territórios. “Elas precisam ser protagonistas dos processos, e com uma agenda pública de enfrentamento das desigualdades”.
Em busca de promover essa consciencia, foi criado o Pacto da Equidade Racial, que tem o objetivo de promover ações antirracistas por meio das empresas no País. Para isto, foi criado também um índice. "Estamos convidando as empresas a aderirem esse mecanismo gratuito para medir a participação de pretos e pardos", diz Trindade.
Segundo ele, o índice olha para cargos em nível de entrada, gerência e diretoria. "Esses recortes posicionam a empresa no desenvolvimento de estratégias porque a ideia é estimular para além das posições iniciais. E ação afirmativa vai além da contratação, é oportunidade e qualificação", afirma.
Um exemplo de organização que já aborda a equidade racial é a Aegea Saneamentos. O trabalho se dá com o programa Respeito dá o Tom, iniciado em 2017, que tem um canal de denúncia antirracismo, trabalhos de educação sobre diversidade racial e mais.
Na companhia, 62% dos funcionários se declaram pretos e pardos. “Temos ações de desenvolvimento, processo de atração e seleção, sabemos que estamos no caminho. E, recentemente, assinamos um compromisso com metas de negros em posição de liderança”, diz Strozzi.
Para Ana Bavon, a mudança dos executivos passa por recontar a história da formação do país. "É preciso entender como nos tornamos o Brasil do mito da democracia racial e como o quanto o racismo compõe o tecido social. Depois dessa abordagem, é possível entender que as pessoas, de modo geral, não são contra as ações afirmativas, mas elas não entendem como isso opera do ponto de vista sistêmico na instituição", diz.
Para o avanço, segundo Preto Zezé, as empresas começam a observar que é preciso sair da ideia de carência e ir para a ideia de potência. "Analisando o caso da CUFA a gente avançou 10 anos em dois anos de pandemia, estamos com mais de 40.000 pessoas na rua e arrecadamos 870 milhões de reais e isso construiu uma logística, inteligência e competências que vão muito além da ação emergencial”, diz.
Leia também
Parada LGBTI+: o que as empresas patrocinadoras fazem pela comunidade