Engajar os Jovens é essencial para transformar a educação pública
Parcerias entre jovens e empresas são fundamentais para superar os desafios da educação pública no Brasil, escreve João Pedro Romani Fornícola, da ONG Jovens Pela Educação
Opinião
Publicado em 13 de setembro de 2024 às 08h39.
Última atualização em 13 de setembro de 2024 às 08h40.
Não é segredo para ninguém que a educação pública no Brasil enfrenta desafios estruturais, financeiros e de qualidade que afetam milhões de jovens. O governo, sozinho, muitas vezes não consegue atender todas as necessidades do setor, gerando um déficit educacional alarmante. Segundo o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), o Brasil ocupa as piores colocações entre os países da América do Sul e Central, refletindo a crise no sistema educacional.
Dos 48,5 milhões de estudantes no Brasil, 83,6% estão matriculados na rede pública de ensino, mas os resultados educacionais são preocupantes: apenas 9,1% dos alunos concluem o ensino básico com o conhecimento adequado em matemática e 29,1% com o nível adequado em língua portuguesa. Além disso, 29% da população brasileira de 15 a 64 anos são analfabetos funcionais, o que indica grandes dificuldades para ler e interpretar textos simples. O investimento por aluno na educação básica também é baixo, representando apenas 41% da média dos países da OCDE, evidenciando a carência de recursos no sistema.
O Papel da Sociedade Civil na Educação Pública
Para enfrentar essa realidade, a sociedade civil tem se mostrado uma força mobilizadora, capaz de conectar a iniciativa privada às demandas urgentes da educação pública. O modelo norte-americano de parcerias entre empresas e escolas é um exemplo claro de como a união entre sociedade civil e setor privado pode gerar impacto positivo no sistema educacional.
Nos Estados Unidos, iniciativas lideradas por cidadãos e organizações sociais têm engajado empresas em projetos de educação, seja por meio de doações, programas de mentoria ou investimento em infraestrutura escolar. Esse modelo demonstra que o envolvimento da iniciativa privada vai além de caridade: ele cria um ciclo de investimento no futuro do país, capacitando alunos e melhorando as condições das escolas.
Jovens Pela Educação: Mobilizando para a Transformação
Acredito profundamente no dever de impactar nossa sociedade e no poder transformacional que temos como cidadãos. Por esse motivo, há 3 anos, iniciei o projeto Jovens Pela Educação, ONG que busca transformar a vida de crianças e adolescentes em situações vulneráveis através da educação. Desde 2021, já captamos cerca de R$1,4 milhões, firmamos mais de 12 parcerias com empresas e projetos, e impactamos até o momento 18 mil crianças e adolescentes.
Iniciativas da ONG Jovens Pela Educação
Como fazemos isso? Temos nos dedicado a envolver a iniciativa privada em ações concretas, como a reforma da biblioteca da Escola Estadual Reinaldo Ribeiro, realizada por meio de doações de empresários e organização de eventos de fundraising. Além disso, também buscamos outros meios:
- Adotamos Escolas Públicas: Investimentos em projetos pedagógicos, como a reforma de bibliotecas, para impactar milhares de alunos e beneficiar toda a comunidade escolar.
- Programa de Bolsas: Apadrinhamento de crianças e adolescentes de baixa renda, com deficiências físicas ou necessidades especiais, para garantir educação de qualidade e transformar suas vidas.
- Projetos de contraturno em comunidades: Implementação de aulas de reforço escolar, alfabetização e educação financeira em comunidades de baixa renda, melhorando a qualidade da educação básica.
- Aulas e Palestras: Realização de aulas e palestras em escolas públicas, trazendo experiências inspiradoras para os alunos através de empreendedores e líderes sociais.
Essas iniciativas são exemplos de como nós, jovens, podemos nos mobilizar para engajar empresas e indivíduos na construção de uma educação pública de qualidade. Nosso papel é fundamental para mostrar à sociedade e à iniciativa privada que investir na educação não é apenas um ato de responsabilidade social, mas também uma oportunidade de contribuir para o desenvolvimento sustentável do país.
O Futuro da Educação Depende da Mobilização Coletiva
O engajamento de jovens e de toda sociedade civil é o ponto de partida para atrair a atenção de empresas e empresários dispostos a contribuir. Ao estabelecer parcerias, promover diálogos e mostrar o impacto real que o investimento em educação pode gerar, podemos convencer o setor privado a se envolver mais ativamente. A força da sociedade civil está em sua capacidade de articular e criar uma ponte entre as necessidades das escolas públicas e os recursos disponíveis nas mãos de empresas e doadores.
Portanto, o futuro da educação pública no Brasil depende não só de políticas governamentais, mas também da mobilização de jovens e de toda a sociedade civil para engajar a iniciativa privada. Juntos, podemos construir um sistema educacional mais justo, inclusivo e preparado para enfrentar os desafios do século XXI.
João Pedro Romani Fornícola é estudante, fundador e presidente da ONG Jovens Pela Educação.