Emmy e Sundance: documentário brasileiro sobre luta indígena é sucesso de crítica lá fora
Com a ativista Txai Suruí, “O Território” compartilha detalhes sobre a luta do povo Uru-eu-wau-wau contra grilagem, garimpo ilegal e desmatamento de terras amazônicas em Rondônia
Repórter de ESG
Publicado em 12 de janeiro de 2024 às 08h49.
Última atualização em 12 de janeiro de 2024 às 11h23.
No último domingo, 7, o documentário “O Território” (do inglês, The Territory) conquistou o prêmio na categoria de “Mérito Excepcional em Filmagem de Documentário” no evento paralelo à premiação oficial do Emmy , em Los Angeles. Na oportunidade, estavam presentes membros da produção e elenco do documentário, como os ativistas indígenas Txai Suruí e Bitaté Uru-eu-wau-wau, ao lado da ativista ambiental Neidinha Bandeira.
Dirigido por Alex Pritz, o longa de pouco mais de uma hora compartilha detalhes sobre essa trama do meio ambiente: a luta do povo indígena Uru-eu-wau-wau contra as invasões e apropriações das suas terras, seja por processo de grilagem, garimpo ilegal, desmatamento e queimadas da Floresta Amazônica em Rondônia.
Com uma equipe de produção executiva extensa, o documentário conta com Oscar Darren Aronofsky, Sigrid Dyekjær, Will N. Miller, o brasileiro Gabriel Uchida e Lizzie Gillett – além da própria Txai Suruí.
Mesmo com toda a sensibilidade trabalhada pela cenografia, de Pritz e Tangãi Uru-eu-wau-wau, a trilha sonora de Katya Mihailova dá o tom necessário de profundidade à produção.
De acordo com o longa, o governo brasileiro contatou o povo Uru-eu-wau-wau em 1980, de uma população de milhares, só restam cerca de 200 indígenas Jupaú – como se autodenominam – e hoje o território está cercado por fazendas. O longa ainda recebeu Prêmio do Público e Prêmio Especial do Júri do Festival Sundance de Cinema. Confira clique na noite do evento:
Assim, o telespectador é convidado para adentrar no coração da floresta Amazônica e acompanhar a história de perto. Navegando pelos rios da região, Neidinha Bandeira resume a problemática da narrativa por meio de palavras cantadas de Geraldo Azevedo, Vital Farias e Xangai: “Mas o Dragão continua na floresta a devorar e quem habita essa mata para onde vai se mudar? Se a floresta, meu amigo, tivesse pés para andar. Eu garanto, meu amigo, com perigo, não tinha ficado lá”.
Então, além de acompanhar o dia a dia dos dois lados da trama, o documentário mostra como os Uru-eu-wau-wau estão organizando uma espécie de patrulha de vigilância para que suas terras não sejam invadidas e utilizadas indevidamente. E parte do documentário foi gravado pelos próprios Uru-eu-wau-wau, durante as restrições de circulação por conta da pandemia de Covid-19.
“Proteger os Uru-eu-wau-wau é, sem sombra de dúvida, conseguir salvar a Amazônia. A terra Uru-eu-wau-wau é como se fosse uma barreira. Se tu desmata o Uru-eu-wau-wau, vai atingir o que resta de floresta”, afirma Neidinha Bandeira no documentário.
Veja o trailer do documentário: