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Indígenas LGBTQIA+: o grupo é o que mais sofre violência no país, onde 14,7% dizem ter sido fisicamente agredidos por agentes de segurança (Valter Campanato/Agência Brasil)
Repórter de ESG
Publicado em 19 de abril de 2023 às 10h11.
No Dia dos Povos Indígenas, que é comemorado em 19 de abril, é importante discutir sobre a violência vivida por esse grupo. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra da População LGBTQIA+, realizada pela organização não-governamental TODXS, os indígenas LGBTQIA+ são os que mais sofrem violência no Brasil. Segundo a pesquisa, 14,7% dizem ter sido fisicamente agredidos por agentes da força de segurança do País. As agressões aos indígenas LGBTQIA+ superam as de pessoas LGBTQIA+ amarelas (12,9%), pardas (8,1%), pretas (6,7%) e pessoas brancas (5,7%). A pesquisa ouviu mais de 15.000 pessoas.
A pesquisa ainda perguntou se as pessoas entrevistadas já haviam sofrido discriminação pela orientação sexual e o número de LGBTQIA+ indígenas superou os demais percentuais, com 79,5%, enquanto 69% dos entrevistados que se identificaram como amarelos relataram a discriminação, 71% eram brancos, 70% pardos e 74,6% entre pessoas pretas.
“Olhar para este grupo, no caso as pessoas LGBTQIA+, e colocar recortes de raça nos permite ver que a opressão e as violências contra ele são maiores. É extremamente importante a TODXS trazer não só dados das pessoas LGBTQIA+ no Brasil, mas também trazer esses dados com seus devidos recortes, para que a gente saiba, dentro da comunidade LGBTQIA+, quais são os sub-grupos que mais necessitam de suporte social, político e da comunidade como um todo”, explica o co-diretor executivo da TODXS, Gabriel Romão.
O contexto se agrava nas escolas, onde a discriminação afeta mais indígenas LGBTQIA+, onde 7,69% disseram se sentir constantemente discriminados, enquanto 5,38% afirmaram se sentir muito discriminados pelos professores, tutores ou coordenadores no Ensino Fundamental. Levando em consideração a população branca LGBTQIA+, para efeitos comparativos, 4,25% se sentem constantemente discriminados, enquanto 4,96% respoderam se sentir muito discriminados.
A pesquisa questionou os entrevistados se, para resolver problemas pessoais ou da comunidade, pediram ajuda ou cooperação a autoridades locais, como membros dos Poderes Executivos ou Legislativos. Entre as respostas positivas, a maioria é de indígenas LGBTQIA+ com 9%. Já em segundo lugar aparecem pessoas LGBTQIA+ pardas, com 7,7%
A pesquisa ainda afirma que as pessoas indígenas LGBTQIA+ são os segundos entre aqueles que mais assistem a reuniões de partidos políticos ao menos duas vezes no ano (12,1%). Atrás somente de pessoas LGBTQIA+ pretas, com 13%.
“É extremamente importante termos representatividade nas articulações políticas para que seja possível uma mudança estrutural, real e de direitos para a população LGBTQIA+ toda. Hoje, a gente vê algumas pessoas da nossa comunidade nos representando, mas ainda é necessário ter outros recortes de raça, regional, e de idades dentro das representações políticas. Ainda se vê uma grande representação branca e do Sudeste dentro dos espaços políticos, por exemplo. Para que as políticas públicas sejam direcionadas adequadamente, precisamos das vozes de quem mais precisa dessas políticas”, conclui Romão.
O Dia dos Povos Indígenas, comemorado no dia 19 de abril, foi criado pelo presidente Getúlio Vargas por uma lei de 1943 (decreto-lei nº 5.540) durante o Estado Novo. Antigamente, a data era conhecida como Dia do Índio, mas o nome foi alterado por uma lei sancionada em 2022.
Segundo o Censo Demográfico de 2022 realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o primeiro desde o censo de 2010, foram registrados quase 900 mil indígenas no país.
O contingente só comprova a relevância do grupo de pessoas, historicamente marginalizado pela socidadade. Por esse motivo, o Dia dos Povos Indígenas é importante para relembrar a importância histórica deste grupo – além de valorizar a cultura indígena.
A sigla LGBTQIA+ diz respeito às orientações sexuais e indentidades de gênero fora do parâmetro hétero e cisgênero. A sigla faz referência a lésbicas, gays, bissexuais e transexuais e travestis, pansexuais, intersexo e outros grupos minoritários. No Brasil, a LGBTfobia, ou seja, a ofensa e discriminação de pessoas da comunidade LGBTQIA+ é considerada crime desde 2019.