O Parque Nacional de Anavilhanas, no Rio Negro: redução do desmatamento não compensa alta registrada nos últimos quatro anos (Leandro Fonseca/Exame)
Rodrigo Caetano
Publicado em 30 de novembro de 2022 às 17h09.
Última atualização em 30 de novembro de 2022 às 17h16.
Após quatro anos consecutivos de altas, o desmatamento na Amazônia em 2022 apresentou uma redução de 11,27% em relação ao ano anterior. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a estimativa da taxa de desmatamento no período de agosto de 2021 a julho de 2022 registrada pelo sistema Prodes foi de 11.235 km2, mostrando uma queda expressiva comparada aos 13.038 km2 registrados no ano anterior.
A área desmatada nos estados do Pará, Amazonas, Mato Grosso e Rondônia corresponde a 87% do total. O Pará apresentou redução de 21% de desmatamento em relação ao período anterior, embora o estado siga respondendo pela maior porcentagem de destruição da floresta, fato que tem sido observado desde 2006.
Por outro lado, o sul do Amazonas tem chamado atenção pelo aumento nas atividades de desmatamento. Em 2022 a área desmatada no estado foi 13% maior que a registrada em 2021.
Conheça mais sobre a dinâmica de desmatamento na Amazônia
Os resultados apresentados na estimativa da taxa de desmatamento do Prodes são referentes à análise das áreas prioritárias para verificação, selecionadas a partir de critérios que envolvem os avisos do sistema Deter/Inpe, as áreas desmatadas no ano anterior e a lista dos municípios prioritários para fiscalização.
A taxa consolidada do desmatamento, considerando toda a área, deverá ser apresentada somente no primeiro semestre de 2023. No entanto, historicamente há pouca divergência entre a estimativa e a taxa consolidada do Prodes, já que a ocorrência de desmatamento fora das regiões consideradas prioritárias é muito pequena.
Dado oficial sobre as áreas desmatadas da Amazônia brasileira, amplamente validado pela comunidade científica, o Prodes calcula as taxas de desmatamento anualmente desde 1988. O monitoramento é realizado em toda a área de floresta dentro da Amazônia Legal. Sua metodologia é desenvolvida de forma a manter a compatibilidade entre os diferentes anos de sua série, a fim de possibilitar o acompanhamento e a evolução do desmatamento.
O mapeamento é realizado de forma incremental ao longo dos anos, ou seja, a cada ano é identificado o desmatamento e calculada a taxa de crescimento para o período. Essa área é incorporada ao desmatamento, não sendo posteriormente monitorada pelo Prodes, o que implica dizer que não são contabilizadas na taxa anual as áreas que já tenham sofrido desmatamento em anos anteriores.
O Prodes tem permitido acompanhar e analisar a evolução da área de floresta na Amazônia Legal brasileira. De 1988 a 2020 foram subtraídos 457.474 quilômetros quadrados de floresta, o equivalente a quase duas vezes a área do estado de São Paulo. No entanto, há uma grande variação nas taxas ao longo dos anos, influenciada por um conjunto de fatores socioeconômicos, políticos e ambientais.